USO DA TECNOLOGIA MCT EM PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

Luiz Álvaro de Oliveira Júnior, luaojr@yahoo.com.br

Carlos Alberto Lauro Vargas, cvargas@eec.ufg.br

Escola de Engenharia Civil - UFG

RESUMO

A Metodologia MCT (Miniatura Compactada Tropical) foi desenvolvida por Nogami e Villibor para suprir as deficiências das classificações tradicionais, como os Sistemas de Classificação Unificada (SUCS) e o Rodoviário (HRB), baseadas nos limites de consistência e granulometria, incapazes de caracterizar os solos tropicais satisfatoriamente e por ter-se constatado o bom desempenho dos solos finos lateríticos e de solo agregado com grande porcentagem de finos como bases de pavimentos, apesar de serem considerados inapropriados para este uso pelos sistemas tradicionais. Dessa metodologia surgiu a classificação MCT, específica para solos finos tropicais, baseada em propriedades mecânicas e hidráulicas (que os sistemas tradicionais não consideram), de corpos de prova de tamanho reduzido, obtidas através de ensaios em laboratório. Na região de Goiânia, apesar da grande quantidade de solos finos disponíveis, a metodologia MCT é pouco conhecida e conseqüentemente não é aplicada. Para verificar as diferenças entre as metodologias aplicadas nos solos coletados em Goiânia, foram comparados os resultados das classificações MCT, SUCS e HRB, buscando mostrar os primeiros resultados obtidos e estabelecer, para aplicação dos resultados, uma correlação visual entre os resultados obtidos dos ensaios e das técnicas expeditas de identificação de solos, considerando a cor dos solos analisados.

PALAVRAS CHAVE

Solos Tropicais, Classificação MCT, Solos Lateríticos, Mini MCV.

INTRODUÇÃO

Segundo Nogami e Villibor (1995), a Metodologia MCT utiliza corpos de prova em tamanho reduzido constituídos de solos tropicais compactados, daí a designação MCT (Miniatura, Compactado, Tropical). Surgiu como uma necessidade diante das limitações dos sistemas tradicionais (por exemplo os sistemas SUCS e TRB), baseadas nos índices de consistência e granulometria.

A partir dessa metodologia, foi criado um sistema de classificação baseado na determinação de algumas propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos obtidas através de ensaios. Assim, esta classificação é apropriada apenas para solos finos, ou seja, solos que passaram pela peneira de 2 mm (nº 10) ou que apresentaram uma porcentagem desprezível retida nessa peneira, ou ainda que sua influência, nessas propriedades do solo, possa ser avaliada para que os resultados obtidos possam ser corrigidos.

Visando avaliar a metodologia MCT, foram feitas as comparações dos sistemas de classificação unificada (SUCS) e Rodoviária (TRB) com o sistema de classificação MCT, mostrando dessa forma, o real potencial dos solos tropicais para fins de pavimentação.

Tal estudo se justifica pelo fato de que a aplicação da Metodologia MCT no dimensionamento de pavimentos flexíveis favorece a diminuição da espessura das camadas, o que é interessante do ponto de vista econômico, bem como do ponto de vista estrutural, pois desta forma se aproveita melhor o potencial dos solos tropicais para a pavimentação; (Oliveira Jr. e Vargas, 2003; Oliveira Jr. et al, 2003).

METODOLOGIA

Inicialmente foi estudada a Metodologia MCT e classificação MCT. Após a revisão bibliográfica, foram coletadas amostras em locais de obras de pavimentação na cidade de Goiânia, com o auxílio do DERMU – Departamento de Estradas de Rodagem do Município de Goiânia, órgão da prefeitura municipal responsável pelas obras de pavimentação. As amostras coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Solos do Centro Tecnológico de Engenharia de Furnas, onde foram submetidas a ensaios de Caracterização (seguindo as normas brasileiras), Compactação Mini MCV e Perda de Massa por Imersão em água, estes dois últimos comentados anteriormente neste trabalho. Com base nos resultados destes ensaios, os solos foram comparados para avaliação das divergências dos sistemas de classificação (MCT, SUCS e TRB).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram os seguintes: pela classificação MCT, foram obtidos solos LG’ (amostras 01, 02, 03, 05 e 07), solo NS’ (amostra 04), solo LA’ (amostra 06), solo NG’ (amostra 08) e solos NA’ (amostras 09, 10 e 11); de acordo com o sistema unificado de classificação (SUCS) foram obtidos os seguintes resultados: solos ML (amostras 01, 02, 03, 05, 06, 08 e 09), solo SM (amostra 04) e solos CL (amostras 07, 10 e 11) e de acordo com o sistema TRB foram obtidos os seguintes resultados: solos A-7-6 (amostras 01, 02, 03, 08, 09, 10 e 11) e solos A-6 (amostras 04, 05, 06 e 07).

Analisando os resultados obtidos pelo sistema TRB em relação à classificação MCT, pode-se observar que há problemas na identificação do caráter laterítico dos solos e de sua natureza (se são argilas, siltes, solos argilosos, siltosos ou misturas destes), pois tanto solos de comportamento laterítico quanto solos de caráter não laterítico foram classificados como solos do tipo A-7-6 pelo sistema TRB, o mesmo acontece com solos A-6, para os quais a distinção entre solos lateríticos e não lateríticos, assim como a natureza do solo, também não é bem definida.

Pelo sistema SUCS, nota-se que a natureza dos solos também não é definida de maneira adequada, pois os siltes de baixa compressibilidade foram classificados como argilas e areias tanto de caráter laterítico quanto de caráter não laterítico.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados podemos chegar às seguintes conclusões:

  1. Pode-se notar, pela grande variabilidade dos resultados, que os sistemas SUCS e TRB são inadequados para solos tropicais lateríticos;
  2. Os solos 01, 02, 03, 05, 06, 07 e 09 apresentaram coloração avermelhada, pois possuem argilo-minerais envolvidos por óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio; sendo considerados lateríticos;
  3. Já os solos das amostras 04, 08, 10 e 11 apresentaram coloração amarelada, pois não apresentam argilo-minerais envolvidos pelos óxidos e hidróxidos já mencionados, sendo considerados não lateríticos;
  4. Os solos das amostras 05 e 09 foram localizados na linha que separa os solos de comportamento laterítico e não laterítico. Nas situações em que isso ocorre, a norma DNER-CLA 259 (1996) recomenda considerar o solo laterítico se a curva de perda de massa por imersão, em função do Mini MCV, no intervalo de Mini MCV de 10 a 15, apresentar inclinação negativa ou se a curva Mini MCV em função da umidade de compactação apresentar diminuição da inclinação para Mini MCV crescentes.
  5. Com base no proposto em c e d, recomenda-se utilizar a cor do solo apenas para pré-classificações, pois sempre há a possibilidade de o solo estar na linha que separa os solos lateríticos dos solos não lateríticos, sendo necessário então, a aplicação da norma DNER-CLA 259 (1996) própria para estas situações.

 

FONTES DE FINANCIAMENTO

Esta pesquisa contou com o apoio financeiro do CNPq. Os ensaios foram realizados em no Laboratório de Solos do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas.

REFERENCIAS BIBIOGRÁFICAS

NOGAMI, J. S. & Villibor, D. F. Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos, São Paulo, Editora Vilibor , 1995, 213p.

OLIVEIRA JÚNIOR, L. A. & VARGAS, C. A. L. Análise comparativa dos métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis, Relatório Final de Iniciação Científica Goiânia, 2003, 35 p.

OLIVEIRA JÚNIOR, L. A. , PEREIRA, F. S & VARGAS, C. A. L. (2003). Estudo comparativo dos métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis e da contribuição da Metodologia MCT, in: I Simpósio de Geotecnia do Centro Oeste, Anais eletrônicos, Cuiabá, 1 CD-ROOM.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGENS. DNER-CLA 259/96: Classificação de solos tropicais para finalidades rodoviárias utilizando corpos-de-prova compactados em equipamentos miniatura, 1996, 6 p.