REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS E RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA EM EDIFÍCIOS DA UFG

SOUSA, L.C. lusousa@pop.com.br; OLIVEIRA, L.H. luhe@eec.ufg.br

Escola de Engenharia Civil – Laboratório de Sistemas Prediais.

Palavras – chave: conservação da água; economia da água; uso racional da água.

 

1. INTRODUÇÃO

A água constitui um elemento essencial para a existência da vida no planeta Terra. No entanto, a água potável tem se tornado cada vez mais escassa devido a crescente demanda provocada pelo grande crescimento demográfico e da exploração indiscriminada do meio ambiente.

Para a redução dessa demanda e de suas perdas em edifícios, pode-se implementar medidas que incluem incentivos por meio de subsídios para aquisição de sistemas e componentes economizadores de água, campanhas educativas e ações tecnológicas através da substituição de sistemas e componentes convencionais por economizadores de água e de detecção de vazamentos.

Assim, tomando-se como base a metodologia desenvolvida por OLIVEIRA (1999) para a implantação do PURA em edifícios e conforme MOURA; OLIVEIRA (2002) na implantação do PURA – UFG os objetivos deste são a racionalização e redução do consumo de água e o controle de desperdícios no edifício da Faculdade de Enfermagem, Faculdade de Nutrição (FEN/FANUT) e no Restaurante Universitário I (RU – I) da Universidade Federal de Goiás.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise do tipo de sistema hidráulico, do consumo da água no edifício, das atividades nele desenvolvidas e dos hábitos de consumo dos usuários na realização de suas tarefas, tendo como base os procedimentos propostos por OLIVEIRA (1999).

Na etapa inicial definiram-se os edifícios a serem estudados: FEN/FANUT e RU – I, sendo realizado ainda, o levantamento do histórico do consumo de água através das contas de água referentes aos últimos doze meses, ou mais; quantificação dos agentes consumidores; diagnóstico preliminar das condições de operação dos sistemas relativos ao consumo de água; levantamento do edifício em estudo inclusive detecção de vazamentos.

Para coleta de dados foram consideradas as características físicas e funcionais do sistema hidráulico e das atividades desenvolvidas em cada edifício sendo que o sistema hidráulico foi subdividido em sistema hidráulico externo e interno. No hidráulico externo foram detectados os vazamentos visíveis sendo estimada as perdas de água em componentes de utilização, reservatórios e tubulações. São realizadas ainda, testes para a constatação, localização e estimativa de perdas por vazamentos não visíveis: teste do hidrômetro, teste dos reservatórios. Para o sistema hidráulico interno foram detectados os vazamentos visíveis e feitas estimativas de perdas de água em componentes de utilização como torneiras, bacias sanitárias, bebedouros etc. Foram realizados ainda, testes para a constatação e localização de vazamentos não visíveis em bacias sanitárias.

O impacto de redução do consumo de água foi estimado através da análise do indicador de consumo no período histórico (janeiro/2002 a junho/2004) diminuídas as perdas por vazamentos visíveis e não visíveis encontrados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As FEN/FANUT foram estudadas em conjunto devido ao fato dessas possuírem um único medidor e pelo fato das mesmas apresentarem atividades semelhantes perfazendo um total de agentes consumidores igual a 471 alunos. Para o RU – I foi considerado que o número de agentes consumidores seria de 600 refeições/dia. O consumo médio de água no período histórico na FEN/FANUT foi de 170,58 m³/mês e de 7,75 m³/dia. No RU – I foi de 475,20 m³/mês e 21,6 m³/dia. Para as duas tipologias de edifícios foram considerados somente os dias úteis. Com base nesses dados obteve-se um indicador de consumo (IC) de 16,4 L/aluno/dia para a FEN/FANUT e de 36 L/refeição/dia para o RU–I.

Foram detectados vazamentos visíveis principalmente em componentes de utilização, principalmente nas bacias sanitárias com válvula de descarga (FEN/FANUT) e nos panelões da cozinha do RU – I. Foram levantados vazamentos não visíveis no alimentador predial da FEN/FANUT, mas, no RU – I, não foi possível esta verificação devido ao fato do mesmo não possuir um hidrômetro individualizado.

Nesse sentido, foi apurado que a perda diária total levantada no sistema foi de 1.622,7 L/dia (20,9% do consumo diário de água) na FEN/FANUT e de 884 L/dia (4,1% do consumo diário de água) no RU – I.

Na FEN/FANUT foi observada a presença de destilador de água, digestor de proteína e de gorduras, mas vale ressaltar que os efluentes gerados por estes equipamentos não são considerados como perda, uma vez que a água foi utilizada para uma atividade fim. Para a água efluente desses equipamentos sugere-se um projeto de reúso.

Considerando-se que a correção dos vazamentos a ser realizada pelo CEGEF ainda não ocorreu, o valor de redução esperado, para o consumo e IC, após a correção de vazamentos são os seguintes: o consumo médio seria de 121,9 m³/mês (5,5 m³/dia), para FEN/FANUT, e de 455,7 m³/mês (20,7 m³/dia) para o RU – I; o IC de 11,7L/aluno/dia na FEN/FANUT e de 34,5 L/refeição/dia no RU – I. A figura 3.1 ilustra os valores dos indicadores de consumo de água no período histórico e os valores esperados após a correção dos vazamentos nas unidades acadêmicas estudadas.

Figura 3.1 – Indicadores de consumo no período histórico e o previsto após correção de vazamentos no RU – I e FEN/FANUT.

4. CONCLUSÕES

Os resultados da pesquisa realizada na FEN/FANUT e RU – I indicam que esses edifícios apresentam-se em condições razoáveis de operação, podendo ser melhoradas após correção de vazamentos e devida manutenção constante. Cabe ainda ressaltar que o valor do IC previsto para o RU – I, após a correção dos vazamentos ainda é muito alto considerando os indicadores obtidos por outras pesquisas na mesma tipologia de edifício. Isto implica na necessidade de implementação de outras ações como, por exemplo, as tecnológicas.

Sugere-se que sejam instaladas torneiras automáticas para lavagem de verduras e legumes no RU – I, bem como realizadas campanhas educativas para os funcionários desta unidade. Vale ressaltar que ainda se faz necessário um monitoramento constante das atividades dos funcionários para que estes não retornem aos antigos hábitos.

Os resultados dessa pesquisa ressaltam a importância dos serviços de manutenção preventiva e corretiva bem como da conscientização do usuário quando se deseja reduzir o consumo de água.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, L.H. Metodologia para implantação de programa de uso racional da água em edifícios. Tese (Doutorado). 344p. São Paulo, 1999. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

MOURA, T.A.M.; Oliveira, L.H. Redução de desperdícios e racionalização do uso da água nos edifícios da UFG, referente ao Projeto de pesquisa Implantação de programa de uso racional da água . Relatório Final de PIBIC. 31p. Goiânia, 2002. Laboratório de Sistemas Prediais, Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás.