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AVALIAÇÃO DO PERFIL BIOQUÍMICO SANGÜÍNEO E URINÁRIO E DA DIGESTIBILIDADE DE CÃES DA RAÇA DOGUE ALEMÃO SUBMETIDOS À SUPERALIMENTAÇÃO

 

Santos,V.F.² , CARNEIRO, S.C.M.C.¹, MIGUEL, M. P.², FERREIRA, R. P.³, BARINI, A. C.4, FIORAVANTI, M. C. S.5, STRIGHINI, J. H.5

1 Ms. Médica Veterinária do HV/UFG e doutoranda em Patologia, Clínica e Cirurgia da EV/UFG

2 Acadêmica de Graduação do curso de Medicina Veterinária da EV/UFG vivisant1@hotmail.com

3 Mestranda em Patologia, Clínica e Cirurgia da EV/UFG

4 Médica Veterinária

5 Professores da EV/UFG, henrique@vet.com.br

Unidade Acadêmica: Escola de Veterinária da UFG

 

RESUMO

A ausência de normas de regulamentação no padrão de qualidade das rações pode acarretar níveis inadequados de nutrientes para os cães, levando a sérios distúrbios metabólicos nesses animais. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o perfil bioquímico sanguíneo e urinário e a digestibilidade de 14 filhotes de cães da raça Dogue Alemão, submetidos à superalimentação. Os animais foram alimentados com ração super premium, agrupados em tratamento 1, que consumiu ração à vontade, e em tratamento 2, submetido a um consumo restrito. Ao final de 36 semanas de idade a média dos tratamentos 1 e 2 para bioquímica sanguínea foram, respectivamente, de 5,50 e 5,57 para a proteína sérica; 2,95 e 2,88 para a albumina; 102,41 e 99,49 para a glicose plasmática; 58,88 e 58,57 para os triglicérides séricos; 10,00 e 10,22 para o cálcio sérico; 5,70 e 5,48 para o fósforo sérico. Na bioquímica urinária os valores médios encontrados para os tratamentos 1 e 2 foram, respectivamente, 30,05 e 28,61 para a proteína; 131,30 e 132,65 para a creatinina; 10,51 e 10,38 para o cálcio; 127,91 e 107,04 para o fósforo. Os cães superalimentados apresentaram metabolismo diferente daqueles que recebem dieta em quantidades restritas.

Palavras-chave: filhote, Dogue Alemão, nutrição, bioquímica

 

INTRODUÇÃO

                   Estudos nutricionais envolvendo cães e gatos são ainda bastante escassos principalmente no que se refere a biodisponibilidade dos nutrientes nos alimentos utilizados a respeito das necessidades nutricionais para gestação, lactação e manutenção de adultos (MORRIS & ROGERS, 1994).Deve-se considerar as necessidades mínimas de nutrientes biodisponíveis, bem como a variabilidade na composição nutricional dos ingredientes (CARCIOFI, 2002). Ao se determinar a digestibilidade dos nutrientes de um alimento, pode-se ter maior segurança em relação ao que realmente estará sendo aproveitado pelo animal. (CASE et al., 1998). O consumo excessivo de certos nutrientes tem efeito negativo sobre a saúde dos cães.

                   O fundamento deste trabalho consiste na avaliação do metabolismo energético e da digestibilidade em filhotes de cães da raça Dogue Alemão submetidos à superalimentação.                                                         

MATERIAL E MÉTODOS

                     O experimento foi conduzido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Foram utilizados 14 cães da raça Dogue Alemão, com idades iniciais de 70 dias, machos e sadios, os quais foram distribuídos em dois tratamentos, com sete repetições cada, partindo-se de um delineamento inteiramente casualizado. Os animais foram alimentados com ração comercial seca extrusada (Ossobuco large size filhotes, super premium - Nutron Alimentos, Campinas, SP). O tratamento 1 recebeu ração à vontade e o tratamento 2 conforme as quantidades estabelecidas pelo fabricante. Os animais foram acompanhados entre a décima e a 36ª semana de idade.

As amostras de sangue e urina dos animais foram colhidas semanalmente. A metodologia utilizada para a realização de tais exames seguiu a descrição de BURTIS & ASHWOOD. A digestibilidade da ração foi estimada, a partir de um ensaio alimentar realizado com cada animal, ao final do experimento, no qual o volume total de fezes produzido foi colhido durante 72 horas, mesmo período em que a ração ingerida foi quantificada. As análises de variância foram determinadas pelo programa computacional de análises estatísticas (UFV/SAEG, 1997). Os testes de Cochran e Bartlett foram realizados para avaliar a homogeneidade entre as variâncias e o teste de Lilliefors para a verificação de normalidade (SAEG, 2003). O teste T foi utilizado para comparação entre as médias, (SAMPAIO, 1996).

RESULTADOS E DISSCUSSÃO

Ao final da 36° semana de idade, a média e o desvio padrão dos tratamentos 1 e 2 para bioquímica sangüínea  foram, respectivamente, de 5,50±0,70 e 5,57±0,72 para a proteína sérica; de 2,95±0,40 e 2,88±0,49 para a  albumina;  de 102,41±16,29 e 99,49±15,23 para a glicose plasmática; de  58,88±12,19 e 58,57±13,56 para o triglicérides séricos; de 10,00±0,93 e 10,22±1,16 para o cálcio sérico; de 5,70±1,34 e 5,48±1,38 para o fósforo sérico. A média e o desvio padrão para bioquímica urinária foram, respectivamente, de 30,05±14,25 e 28,61±10,67 para a proteína urinaria; de 131,30±47,58 e 132,65 ±49,54 para a creatinina urinária; de 10,51±6,46 e 10,38±1,37 para o cálcio urinário e de 127,91±55,50 e 107,04±52,18 para o fósforo urinário. O tratamento 1 obteve níveis de digestibilidade de matéria seca, de proteína bruta e de extrato etéreo de 46,3±10,8; 60,1±10,1 e 90,9±2,2, respectivamente, sendo, portanto, mais elevados quando comparados ao tratamento 2, que obteve 43,1±11,2; 54,4±17,7 e 89,6±4,0, respectivamente. Houve diferença significativa (p<0,05) entre os dois tratamentos para algumas dessas análises sanguíneas e urinárias, contudo, as análises de digestibilidade mostraram resultados similares.

CONCLUSÕES

Os cães superalimentados apresentaram metabolismo diferenciado em relação aos demais, o que pode ser atribuído ao consumo excessivo de nutrientes. Os coeficientes de digestibilidade aparente encontrados foram influenciados pelas condições ambientais experimentais aos quais os animais estavam submetidos e pela genética dos mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BURTIS,C.A., ASHWOOD,E.R. Fundamentos de química clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1998. 836p.

2. CARCIOFI, A. C. Proteína na Alimentação de Cães e Gatos. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, 2, 2002, Campinas. Anais..., Campinas: CBNA, 2002. 149 p.

3. CASE, L. P., CAREY, D. P., HIRAKAWA, D. A. Nutrição canina e felina: manual para profissionais. Madrid: Harcourt Brace, 1998. 424 p.

4. MORRIS, J. G.; ROGERS, Q. R. In: CARCIOFI, A. C. Proteína na Alimentação de Cães. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, 2, 2002, Campinas. Anais..., Campinas: CBNA, 2002. 149 p.

5. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia. UFMG Belo Horizonte, 1998, 221 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) SAEG - Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Viçosa: UFV, 2003. (CD-ROM, versão 7.0).