Prevalência de Staphylococcus Meticilina
Resistentes em
Acadêmicos de Medicina
Moreira, T.A.C.; Cardoso, J.L.; Benício,
C.G.; Valadão, L.M.A.;
Reis, C.; Pimenta, F.C.
Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública - UFG
e-mail: thiagoanderson@hotmail.com
Palavras-chave: Portador – Estudante - Staphylococcus
RESUMO
O objetivo do projeto foi isolar, contar e caracterizar fenotipicamente Staphylococcus sp na saliva de
acadêmicos de medicina da 1ª a 6ª série da FM-UFG. Foram identificados os
estafilococos produtores de beta-lactamase e resistentes a oxacilina. Para
tanto foram coletadas 109 amostras de saliva, sendo 20 destas de cada série do
curso (1ª a 5ª) e 9 da 6ª série. As amostras foram semeadas em ágar Naito e as
colônias características contadas e posteriormente submetidas à caracterização
fenotípica. Os estafilococos foram isolados de 103 (94,5%) amostras com uma
contagem variando de 1,3x10³ a 3,2x10³ ufc/mL e média de 2,3x10³ ufc/mL.
Desses, 83 foram identificados, com os seguintes resultados: 62,65% foram
considerados Staphylococcus aureus e
os demais Estafilococos Coagulase Negativos (ECN), 49,39% eram produtores de
lecitinase, 68,87% de beta-lactamase e 51,72% produtores de ambas. Verificou-se
que 3 amostras eram resistentes a Oxacilina pelo método do Ágar Triagem
Oxacilina. O perfil de resistência foi o seguinte: amoxicilina-100%, amoxicilina com ácido clavulânico-9,63%,
oxacilina-12,04%, ciprofloxacina-2,4%, vancomicina-0%. Em todas as séries as
contagens de Staphylococcus sp foram
elevadas evidenciando a condição de portador destes acadêmicos. A ocorrência Staphylococcus aureus foi superior à ocorrência de Estafilococos
Coagulase Negativos (ECN). A
ocorrência de estafilococos produtores de lecitinase e beta-lactamase
demonstrou um nível considerável de virulência e resistência em microrganismos
isolados de acadêmicos de Medicina.
INTRODUÇÃO
Um importante gênero da microbiota
que está comumente associado a doenças é o Staphylococcus. (Cardoso et al.,1989).
Dentro do grupo de cepas resistentes
à terapia antimicrobiana encontram-se os estafilococos meticilina resistentes
(MRS). Dois mecanismos mediam a resistência aos beta-lactâmicos: a produção de
beta-lactamase, uma enzima com alta afinidade pelo anel beta-lactâmico capaz de
promover sua hidrólise e inativação e a produção de proteínas de ligação da
penicilina alteradas com afinidade diminuída pelos beta-lactâmicos. (Neumann et
al.,1991; Neu et al., 1992; Hiramatsu et al.,1997).
Naves et al.,1998 relata que no ambiente hospitalar o
principal modo de propagação de MRS é de um paciente para outro por meio das
mãos dos profissionais da equipe hospitalar. O que nos remete a condição de
portador desses profissionais e potencIais fontes de infecção
A equipe médica de um
hospital-escola, como o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
(HC-UFG), é composta por uma equipe multiprofissional: médicos,
fisioterapeutas, biomédicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem,
nutricionistas, assistentes sociais; e por estudantes de todas essas áreas. Esses
estudantes, em especial os estudantes de Medicina, vão, gradativamente, durante
os seis anos de curso, aumentando o tempo de permanência no hospital e aos
poucos entrando em contanto com os pacientes atendidos nessa instituição. A
tríade permanência no hospital, o contato com os pacientes e a não adoção de
técnicas adequadas de biossegurança podem ocasionar a colonização desses
estudantes, colocando-os na condição de portador. A implementação de um regime de higiene rigoroso, a triagem de
rotina de todos os pacientes e membros da equipe, o isolamento dos pacientes
com MRSA, a descolonização com anti-sépticos e o uso correto de equipamentos de
proteção individual durante o contato com pacientes colonizados foram capazes
de diminuir a freqüência de infecções após um surto de infecções causadas por
MRSA. (Westphal et al., 1997).
Dentro desse contexto o objetivo
desse projeto foi isolar e contar Staphylococcus sp na saliva de
acadêmicos de medicina da 1ª a 6ª série da Faculdade de Medicina da UFG/GO.
Caracterizar fenotipicamente os estafilococos isolados e determinar a
suscetibilidade desses frente a amoxicilina, amoxicilina com ácido clavulânico,
ciprofloxacina, oxacilina e vancomicina. Além disso, Identificar estafilococos produtores de beta-lactamase e
resistentes a oxacilina.
Material e
Métodos
Foram coletadas 109 amostras de
saliva, sendo 20 destas de cada série do curso (1ª a 5ª) e 9 da 6ª série. As
amostras foram semeadas em ágar Naito e as colônias características contadas
para determinação das ufc/mL. Foram realizadas provas para a identificação dos
estafilococos: fermentação do manitol, produção de catalase, de coagulase, de
lecitinase, prova da penicinilase, ágar triagem oxacilina e teste de difusão em
disco para determinação da suscetibilidade frente aos antimicrobianos.
Resultados
e discussão
Os estafilococos foram isolados de
103 (94,5%) das amostras de saliva coletadas. O número de acadêmicos que
tiveram cultura positiva para Staphylococcus,
manteve-se pouco variável nas diferentes séries do curso, sendo: 18 no 3º Ano
(90%), 19 no 1º e no 5º Ano (95%) e 20 no 2º e no 4º Ano (100%). As nove
amostras semeadas do 6º Ano foram positivas para o microrganismo em questão.
As contagens de colônia variaram
entre 1,3x10³ a 3,2x10³ ufc/mL e média de 2,3x10³ ufc/mL. No primeiro ano a
média de ufc/mL foi de 1,4x10³, no segundo
de 1,2x10³, no terceiro de 3,2 x10³, no quarto de 1,8 x10³, no quinto de
2,9 x10³ e no último ano a média observada foi de 3,0 x10³.
Em relação à produção de lecitinase,
importante fator de virulência estafilocócica, 41 (49,39%) dos isolados foram
considerados positivos.
Em relação à produção de
beta-lactamase, enzima relacionada à resistência a múltiplos antimicrobianos,
58 (69,87%) estafilococos foram considerados positivos. Desses 30 (51,72%) também eram produtores de
lecitinase. Sendo que, no 1º Ano 100% das amostras testadas foram positivas
para produção de beta-lactamase e 76,92% produziam concomitantemente
lecitinase. No 2º Ano, 7 (46,66%) eram
produtores de beta-lactamase e não haviam produtores concomitantes de ambas
enzimas. Os produtores de
beta-lactamase no 3º Ano representaram uma amostra de 8 (47,05%), e os
produtores de lecitinase e de beta-lactamase representaram 23,52% (3). No 4º
Ano, 10 (76,92%) amostras produziram
beta-lactamase e 5 (38,46%) produziam também a lecitinase. Os resultados do 5º
foram os seguintes: 7 (70%) produziam beta-lactamase e 6 (60%) produziam as
duas enzimas. E no último ano do curso 13 (86,66%) foram considerados positivos
para a produção de beta-lactamase e 5 (33,33%) positivos para a produção de
beta-lactamase e lecitinase.
Ao se verificar a resistência
estafilocócica ao antimicrobiano oxacilina, pelo Ágar Triagem Oxacilina, verificou-se
que das 83 amostras, 3 apresentavam resistência. Uma amostra isolada no 1º Ano, que também foi considerada produtora de beta-lactamase. Outra isolada
do 3º Ano, que da mesma forma, também era produtora de beta-lactamase. E uma
amostra isolada do 5º ano que além de produzir beta-lactamase, era produtora
de lecitinase. A oxacilina é um
importante antimicrobiano utilizado em infecções causadas por estafilococos
produtores de beta-lactamase. Estafilococos resistentes a oxacilina se tornam
um desafio, uma vez que deixam poucas opções terapêuticas.
Os testes de difusão em disco que
verificaram a susceptibilidade aos antimicrobianos in vitro apresentaram os
seguintes resultados: 100% (83) de resistência a amoxicilina, 9,63% (8) de
resistência a amoxicilina com ácido clavulânico (sendo que 1 amostra isolada no
1º Ano e 7 no 3º Ano), 12,04% (10) de resistência a oxacilina (sendo 3 amostras
isoladas do 3º Ano, 4 amostras isoladas do 3º Ano e 1 amostra no 4º,
no 5º e outra no 6º Ano), em relação a ciprofloxacina encontrou-se uma
resistência de 2,4% (com 1 amostra isolada no 1º Ano e outra no 5º Ano). Não foi encontrada resistência a vancomicina
nas amostras testadas.
Conclusões
Considerando
os resultados obtidos pode-se concluir que:
1. Em todas as séries as contagens de Staphylococcus sp foram elevadas (mais
de 1.000 ufc/mL), evidenciando a condição de portador destes acadêmicos.
2. Foi observado um aumento gradativo das contagens nas últimas três
séries do curso em relação às anteriores que coincide com ao aumento do tempo de permanência no
hospital e contato com os pacientes.
3. A ocorrência Staphylococcus aureus foi superior à ocorrência de Estafilococos
Coagulase Negativos (ECN).
4. A ocorrência de estafilococos
produtores de lecitinase mostrou uma virulência dos microrganismos isolados de
acadêmicos de Medicina.
5. A ocorrência de estafilococos
produtores de beta-lactamase demonstrou um perfil de resistência dos isolados.
Referências Bibliográficas
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em pacientes hospitalizados
e profissionais de saúde vinculados ao hospital às clínicas de Goiânia/UFG-
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Hiramatsu
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Neumann MA, Sahm DF, Thornsberry C, McGowan Jr. NE
1991. New developments in
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Naves
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hospitalar. Rev. Soc. Bras. Med.
Trop 31: 65.
Fonte de Financiamento
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