DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO E PRODUÇÃO DE MANGABA (Hancornia speciosa Gomes), SOB AS CONDIÇÕES DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO

SOUZA, L. A. C.; SILVA, S. M. C.; NASCIMENTO, J. L.  

 

Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG - souza.l.a.c@bol.com.br

 

Palavras-chave: mangaba, Hancornia speciosa, adubação e irrigação

 

INTRODUÇÃO

O recente interesse pela cultura da mangaba no Brasil, mais particularmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, cresceu substancialmente, quer seja pelos agentes diretamente envolvidos nos diferentes segmentos da sua cadeia produtiva, quer seja pelos setores responsáveis pelo desenvolvimento e difusão de novas tecnologias agrícolas e de processamento da polpa. Apesar desse interesse, a mangaba continua a ser uma cultura essencialmente extrativista, ocupando mão-de-obra não qualificada, caracterizando a sua importância também do ponto de vista social e econômico para as populações da zona rural e, salvo algumas raras exceções, não existem, ainda, pomares organizados ou implantados com a finalidade de exploração racional para a produção de frutos (Espíndola & Ferreira, 2003; Lederman & Bezerra, 2003).

 

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na coleção ex situ da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da  Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, GO, a 16º 36' de latitude Sul, 49º 17' de longitude Oeste e 730 m de altitude, clima Aw-úmido, com verão quente e chuvoso, temperaturas mensais acima de 18 ºC e inverno de quatro a seis meses, em plantas adultas, na maioria, já em produção de frutos.

A irrigação foi realizada através de microaspersores, determinando-se a  quantidade de água aplicada, por meio de leituras realizadas diariamente em quatro baterias de tensiômetro. As adubações corretivas foram realizadas com base nos resultados da análise de solo, de acordo com a Comissão de Fertilidade de Solos de Goiás (1988).

Os dados foram coletados de setembro de 2003 a julho de 2004, determinando-se o diâmetro do caule a dez centímetros do solo, a altura das plantas, a área de projeção da copa e a produção por planta, pela contagem do número de frutos viáveis. O delineamento experimental usado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (I0-testemunha (sem irrigação); IF-irrigação pós florescimento; IT-irrigação durante o ano todo; e ITA-irrigação o ano todo + adubação) e quatro repetições, sendo cada planta correspondente a uma parcela.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a variável número de frutos por planta não houve diferença estatística entre os tratamentos. As maiores produções de frutos ocorreram nas plantas que receberam irrigação durante o ano todo + adubação (ITA). A menor média do número de frutos foi observada no tratamento irrigação o ano todo (IT). O número médio de frutos por planta, em cada tratamento, foi de 74 (I0), 99 (IF), 70 (IT) e 210 (ITA). Nascimento et al. (2003) observaram, na mesma área, na safra 2002/2003, que houve diferença estatística para produção de frutos, sendo a menor média nas plantas que não receberam irrigação (17,75 frutos/planta) e a maior nas irrigadas o ano todo + adubação (183,25 frutos/planta).  


O crescimento vegetativo das mangabeiras, nos diferentes tratamentos, pode estar relacionado não apenas ao fator água, mas também aos fatores ambientais, como fotoperíodo e temperatura (Figuras 1, 2 e 3). Não houve efeito dos tratamentos sobre a altura média das plantas, diâmetro do caule e área de projeção da copa. Observou-se que no mês de setembro, provavelmente, os aumentos da temperatura e do fotoperíodo, associados à precipitação pluviométrica, favoreceram o crescimento vegetativo das plantas de  mangaba. No período de maio a julho, com a redução da temperatura e do fotoperíodo, as plantas apresentaram redução no ritmo de crescimento nos diferentes tratamentos, exceto as plantas dos tratamentos IT e ITA, que apresentaram um pequeno crescimento.

 


As plantas dos tratamentos ITA e IT apresentaram as maiores alturas médias (Figura 1).  Enquanto as plantas dos tratamentos IF e I0 apresentaram alturas médias inferiores a 5 m. O período de maior crescimento em altura para os

diferentes tratamentos estão compreendidos entre os meses de setembro de 2003 a março de 2004.

 


Para a variável diâmetro do caule observou-se que o maior crescimento ocorreu entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004 (Figura 2). Sendo que as maiores médias foram para as plantas dos tratamentos ITA e I0. Verificou-se que a área de projeção da copa apresentou crescimento superior nos meses de outubro de 2003 à fevereiro de 2004, ressaltando que as plantas do tratamento ITA tiveram melhor resposta, provavelmente devido à adubação (Figura 3). 

 

CONCLUSÕES

1.Não houve efeito significativo para a altura das plantas, no diâmetro caule e na área de projeção da copa para todos os tratamentos testados.

2.Apesar de não ter sido possível evidenciar a resposta da produção de frutos da mangabeira quanto ao fator irrigação, não se pode concluir, com base nos dados analisados, que o número de frutos por planta dessa espécie não se beneficie com a prática da irrigação.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ESPÍNDOLA, A. C. M.; FERREIRA, E. G. Aspectos nutricionais e adubação da mangabeira. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracaju. Resumos...Aracaju: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.

 

LEDERMAN, I. E.; BEZERRA, J. E. F. Situação atual e perspectivas da cultura da mangaba no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracaju. Resumos...Aracaju: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.

 

NASCIMENTO, J. L.; MAGALHÃES, L. A. F.; SILVA, S. M. C.; CAMPOS, L. A. Desenvolvimento vegetativo e produção da mangaba (Hancornia speciosa Gomes), sob condição de irrigação e adubação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracaju. Resumos...Aracaju: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.