Digestibilidade “In Vivo”
de Bezerros em Confinamento, Suplementados com Diferentes Fontes de Cromo
Ramos, R.C.; Oliveira, E.R.; Orsine, G.F.; Faria,
L.C.; Rezende, S.L.S.; Brandstetter, E.V.
Departamento
de Produção Animal – Escola de Veterinária
e-mail: rwjer@bol.com.br / reutero@bol.com.br
Palavras-chave: (Bovinos, Digestibilidade, Cromo, Mineralização)
1- Introdução
A
avaliação da digestibilidade é um dos parâmetros importantes para determinar o
valor nutritivo do alimento. Sendo assim, a verificação das variações deste
indicador com a adição de Cromo, em diversos níveis e fontes, à dieta do animal
é fundamental para o estabelecimento de deduções sobre a viabilidade deste mineral
e sua correta utilização na nutrição animal. Desta forma, através da realização
de experimento, respeitando as particularidades da região dos cerrados,
objetivou-se determinar a digestibilidade dos ingredientes da dieta, observando
a influência da adição do Cromo na mineralização dos bovinos, utilizando a
técnica “in vivo”.
2- Material e
Métodos
A fase experimental com os animais foi conduzida no Instituto Melon, localizado no município de Silvânia – Goiás e teve duração de 130 dias. Foram utilizados 39 bezerros com peso vivo inicial entre 180 a 230 kg e idade variando entre 10 e 11 meses. Os animais não foram submetidos a período de adaptação, em função de melhor demonstrarem as variáveis estudadas (estresse) nestas circunstâncias. Os animais se encontravam em regime de confinamento recebendo como volumoso feno de capim Tifton-85. Também recebiam diariamente 80 gramas de sal mineral com o tratamento determinado para cada animal. Assim, os tratamentos em estudo eram:
T 1: Controle (sem suplementação com cromo);
T 2: 0,1 mg/cab/dia de cromo na forma
de Sulfato Básico de Cr3;
T 3: 1,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Sulfato Básico de Cr3;
T 4: 2,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Sulfato Básico de Cr3;
T 5: 4,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Sulfato Básico de Cr3;
T 6: 0,1mg/cab/dia de cromo na forma de
Cromo Levedura (Co-FactorIII, Alltech);
T 7: 1,0mg/cab/dia de cromo na forma de
Cromo Levedura (Co-FactorIII, Alltech);
T 8: 2,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Levedura(Co-FactorIII, Alltech);
T 9: 4,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Levedura (Co-FactorIII, Alltech);
T 10: 0,1 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Metionina (Microplex, Zinpo) ;
T 11: 1,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Metionina (Microplex, Zinpo);
T 12: 2,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Metionina (Microplex, Zinpo);
T 13: 4,0 mg/cab/dia de cromo na forma
de Cromo Metionina (Microplex, Zinpo).
Para a
determinação do fluxo de matéria seca fecal, foi utilizado o óxido cromo em pó
(Cr2O3) como indicador externo, duas vezes ao dia, sendo
2,5 g pela manhã e 2,5 g à tarde (9 e 15hs), via oral, durante 10 dias de
adaptação aos tratamentos e 5 dias de coletas de amostras.
As coletas de
fezes foram realizadas duas vezes ao dia, diretamente do reto, e os horários
das coletas de fezes foi elaborado de forma tal a abranger o maior período
possível de excreção fecal durante um período de 24 horas, conforme metodologia
descrita por Zinn et al. (1994), com o seguinte esquema de coleta: 1º dia
(Coleta de fezes sem fornecimento de óxido de cromo para os animais) 9:00 e
14:00hs. Após período de adaptação: Dia 1 = 7:30 e 13:30hs; Dia 2 = 9:00 e
15:00hs; Dia 3 = 10:30 e 16:30hs; Dia 4 = 12:00 e 18:00hs. As amostras
coletadas foram acondicionadas individualmente em recipientes tipo “marmitex”,
identificadas, pesadas e pré-secadas em estufa com circulação forçada de ar, a
650 C, por 72 horas (Silva, 1998). Posteriormente à secagem, foram
pesadas novamente, moídas em moinho tipo Willey, com peneiras de malhas de 1mm
de diâmetro, acondicionadas em sacos plásticos e encaminhadas para abertura e
seguintes análises laboratoriais.
Para
preparação das amostras (abertura), utilizou-se utilizando Ácido Nítrico e
Hidrogênio Peróxido. As soluções obtidas após abertura foram utilizadas para a
determinação de cromo, segundo o método proposto por Williams e colaboradores
em 1962, e recomendado por Silva (1998), fazendo-se a leitura em
espectrofotômetro de absorção atômica. A análise estatística foi utilizando-se
o programa estatístico “Sistema de Análise de Variância de Dados Balanceados”
(SISVAR), de acordo com Ferreira (2000).
3- Resultados e
Discussão
Os valores
médios da concentração de cromo nas fezes e da excreção fecal dos tratamentos
experimentais são apresentados na Tabela 1.0.
TABELA 1.0 – Teores médios de
cromo em porcentagem (mg/kg) e excreção fecal (EF), em kgMS/dia, e respectivos
coeficientes de variação (CV%).
Tratamentos |
Variáveis |
|
Cr |
Excreção Fecal |
|
1 |
4,24 |
1223,96 |
2 |
4,72 |
2179,53 |
3 |
2,56 |
2307,59 |
4 |
3,47 |
2285,22 |
5 |
3,99 |
1405,57 |
6 |
2,91 |
1963,19 |
7 |
4,70 |
2292,56 |
8 |
3,50 |
1848,56 |
9 |
4,04 |
1651,98 |
10 |
2,44 |
2426,96 |
11 |
2,73 |
2522,03 |
12 |
2,58 |
2549,48 |
13 |
2,94 |
2329,57 |
CV(%) |
42,37 |
37,93 |
* Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de Scott-Knott.
Não houve diferenças (P>0,05) na concentração de cromo nas fezes e na excreção fecal entre os tratamentos. O indicativo de dispersão (CV) demonstrado na Tabela 1.0 está acima dos encontrados por Zeoula et al. (1992) e Detmann (1999), desta forma, coeficientes de variação altos impossibilitou a detecção de diferenças entre os tratamentos. De acordo com Zinn et al. (1994), o emprego de duas aplicações diárias, conforme realizado no presente estudo, leva à redução da amplitude total de variação em torno da média, tornando o perfil de excreção mais estável e próximo do “steady state” desejado (Owens & Hanson, 1992). Em função do baixo consumo dos suplementos oferecidos no cocho (apenas sal mineralizado), a participação do consumo da forragem representou aproximadamente 99,5% do consumo total de nutrientes, mostrando que a forragem influenciou uniformemente aos valores encontrados, resultando numa concentração de cromo e excreção fecal semelhantes entre os tratamentos.
Os dados de
consumo médio de matéria seca total (CMST) nos tratamentos, em kg/animal/dia, e
a digestibilidade aparente são apresentados na Tabela 2.0.
TABELA
2.0 – Consumo médio de matéria seca total (CMST) em kg/animal/dia,
digestibilidade aparente e os respectivos coeficientes de variação (CV%).
Tratamentos |
Variáveis |
|
Consumo |
Digestibilidade Aparente |
|
1 |
3,30ª |
62,94 |
2 |
4,94b |
55,70 |
3 |
4,78b |
51,05 |
4 |
4,92b |
51,39 |
5 |
5,24b |
73,16 |
6 |
4,85b |
59,99 |
7 |
5,00b |
55,21 |
8 |
4,89b |
62,29 |
9 |
3,93ª |
57,59 |
10 |
5,19b |
52,11 |
11 |
5,49b |
54,53 |
12 |
5,41b |
52,95 |
13 |
3,91ª |
50,04 |
CV(%) |
12,54 |
30,27 |
* Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de Scott-Knott.
O consumo diário total de MS, expresso
em kg, mostrado na Tabela 2.0, indica que houve diferença (P<0,05) entre os
tratamentos e para a digestibilidade aparente in vivo não apresentou diferença (P>0,05) entre eles. Este menor
consumo de MS, em função do maior nível de cromo na forma de Levedura e de
Metionina, pode ter ocorrido em virtude deste elevado nível desequilibrar a flora
ruminal, sem prejudicar, no entanto, a digestibilidade aparente. Aos demais
tratamentos nota-se que, independente da fonte e do nível, foi expressivo o
consumo de MS e quando associado às outras variáveis para o cálculo da
digestibilidade essa diferença foi diluída.
Os dados de
digestibilidade encontrados neste experimento se assemelham aos de Garcell e
Poppe (1989) que observaram valores de 50 a 62,0% da digestibilidade da MS.
Entretanto, os valores altos encontrados acima de 65,0% possivelmente estejam
relacionados com a concentração de cromo presente nas fezes, podendo
superestimar o valor da digestibilidade.
Os resultados observados vão de encontro aos relatos de melhor
desempenho proporcionado pelos cultivares Tifton
devido a uma maior
qualidade nutricional, expressa pela alta digestibilidade em estudos por
Rodrigues et al. (1998). Como a proporção do Tifton 85
representou com cerca de 99,5% do material consumido, percebe-se que as fontes
e os níveis de cromo não foram capazes de interferir no comportamento
metabólico a ponto de expressar algum diferencial de resposta na
digestibilidade in vivo.
4- Conclusões
Os coeficientes de
digestibilidade aparente da matéria seca não foram influenciados pelas fontes e
níveis de cromo.
5- Referências
Bibliográficas
DETMANN, E.
Cromo e constituintes da forragem como indicadores, consumo e parâmetros
ruminais em novilhos mestiços, suplementados, durante o período da águas. 1999.
103p. Tese (Doutorado em Zootecnia)
- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
FERREIRA, D.F.
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São Carlos. Anais...São Carlos:
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in Cuba, Arch. Anim. Nutr. v.39, p.203-209,1989.
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P.H.M.; RODRIGUES, R.R.; FERNANDES, J.I.M. et al. Digestibilidade aparente com
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SILVA,
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ZEOULA, L.M. et al. Utilização de cinza insolúvel em ácido, óxido crômico e
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Ø Órgãos Financiadores: CNPq, Iniciativa Privada (Empresa:
Agrocria Industria e Comércio Ltda.)