DEGRADABILIDADE DA MATERIA SECA  FIBRA EM DETEDRGENTE NEUTRO DE SILAGEM DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR

 

REIS, J. G.1;BORJAS, A. R.2 MELLO, S. Q. S.3; SOARES, T. V.4; ; FRANÇA, A. F. S.2; OLIVEIRA, R. P.5; BARBOSA, R. A.6

 

1-Acadêmico do curso de Méd. Vet/UFG- Campus II -Goiânia - CEP - 74.000-970, e-mail: josicrey@yahoo.com.br ,Bolsista PIBIC/CNPq

2-Professor titular Dep. Produção Animal EV/UFG, e-mail adreyesb@vet.ufg.br

3-Doutoranda em Ciência Animal da Escola de Veterinária/UFG Campus II - Goiânia - CEP-74.000-970

4-Prof. do Dep. Zootecnia/UCG

5-Mestrando em Zootecnia EV/UFG- Campus II -Goiânia-CEP-74.000-970

6-Acadêmico do curso de Zootecnia/UCG

 Unidade acadêmica :Escola de Veterinária

 

RESUMO

 

O experimento objetivou-se avaliar nove variedades de cana-de-açúcar: RB 72454; RB 835486; RB 845257; SP 813250; RB 855536; SP 835073; SP 801842; SP 801816; SP 791011, na forma de silagem. O corte e ensilagem do material foram realizados aos 15 meses após o plantio, utilizando como silos experimentais baldes plásticos, decorridos 45 dias procedeu-se a abertura dos mesmos. Utilizou-se à técnica do saco de náilon, nos os tempos: 0, 6, 12, 24, 72 e 96 h de incubação. As analises estatísticas foram feitas utilizando o delineamento em blocos ao acaso, com nove tratamentos e três repetições. A DP e a DE da MS, não diferiram estatisticamente (P>0,05) entre as silagens das variedades de cana-de-açúcar e seus valores tenderam de 45,93 a 53,60% e de 32,73 a 40,94%, respectivamente. Em relação à DP e DE do FDN, houve diferença significativa (P<0,05) entre as silagens, com maiores valores para RB 835486 e SP 791011, e menores para SP 813250 e SP 801816. Dentre as variedades de cana-de-açúcar avaliadas, a RB 835486 e a SP 791011 apresentaram os melhores potenciais de degradação para a MS e FDN. Logo, são as mais indicadas para serem utilizadas na alimentação dos ruminantes.

 

Palavras-chave

Degradação efetiva, forragem, frações

           

1 - INTRODUÇÃO

 

Atualmente a cana-de-açúcar, tem sua maior utilização para os bovinos na forma in natura, principalmente na seca, contudo a silagem de cana-de-açúcar tem sido pouco usual mas, pode ser recomendada quando se deseja aproveitar a cana em seu estádio de maior valor nutritivo (época seca) para o uso durante o ano todo .

                        A qualidade de qualquer alimento poderá ser obtida pela digestibilidade de alguns constituintes nutricionais. Nesta função destaca-se a técnica in situ, de onde pode extrair informações importantes, como a taxa e o potencial de degradação ruminal inerente a cada alimento.

            Este trabalho teve como objetivo avaliar nove variedades de cana-de-açúcar na forma de silagem, com o intuito de determinar qual delas apresenta melhor degradação da matéria seca (MS) e fibra em detergente neutro (FDN) de modo a auxiliar na escolha da mais indicada para atender a nutrição animal.

 

2 - MATERIAIS E METODOS

 

            O trabalho foi conduzido na Fazenda Modelo de Produção de Leite da EV/UFG no município de Goiânia – GO. Avaliou-se nove variedades de cana-de-açúcar: RB 72454; RB 835486; RB 845257; SP 813250; RB 855536; SP 835073; SP 801842; SP 801816; SP 791011 na forma de silagem.

O corte e ensilagem do material foi realizado aos 15 após o plantio utilizando como silos experimentais baldes plásticos com capacidade de 4 kg.  Decorridos 45 dias procedeu-se a abertura dos silos, retirando-se uma amostra de 500g, para fins de avaliação das silagens, deste material tomou-se uma sub-amostra que foi moída em peneira de 5 mm para a determinação da degradabilidade.

            Para a avaliação da degradabilidade “in situ” foram utilizadas três vacas fistuladas no rúmen, alimentadas com cana-de-açúcar picada e ração concentrada com 20% de PB.

            Pesou-se 4,0 g da amostra que foi colocada em sacos de náilon e encubadas no rúmen nos tempos de: 0, 6, 12, 24, 72 e 96 h. Após os tempos os sacos foram retirados e colocados em baldes com água fria, objetivando cessar a atividade microbiana, sendo depois encaminhado ao laboratório. Posteriormente, os sacos foram secos em estufa de circulação de ar forçada a 50 ºC por 72 h e pesados. Todo material residual foi moído com  peneira de 1mm, para analises de MS e FDN.

            As degradabilidades potenciais da MS e FDN das variedades de cana-de-açúcar, foram calculadas utilizando-se o modelo matemático proposto por MEHREZ & ORSKOV (1977), descrito como: DP= a + b (1- e-c.t), onde DP= degradabilidade potencial(%) da fração do tempo; t = tempo de incubação (h); a = fração solúvel em água (%); b = fração insolúvel potencialmente degradável (%); c = taxa fracional constante de degradação da fração b. Uma vez calculadas as frações a, b e c, foram aplicadas à equação proposta por ORSKOV & McDONALD (1979): DE = a + ((b x c)/c + k)), se DE a degradabilidade ruminal efetiva do componente analisado e k a taxa de passagem ruminal do alimento a 5%/h.

            As analises estatísticas foram feitas utilizando o delineamento em blocos ao acaso, com nove tratamentos e três repetições, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

 

3– RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

            Resultados da fração solúvel (a), potencialmente degradável (b), taxa de degradação da fração b (c), degradação potencial (DP) e degradação efetiva (DE) estimada para a taxa de passagem de 5%/h da matéria seca (MS) e (FDN) para as silagens de variedades de cana-de-açúcar encontram-se na Tabela 1 e  2.

           

Tabela 1 – Fração solúvel (a), potencialmente degradável (b), taxa de   degradação da fração b (c), degradação potencial (DP) e  degradação efetiva (DE) da matéria seca (MS) da silagem das variedades de cana-de-açúcar.

Variedade

a (%)

 b (%)

c (%h)

R2

DP (%)

DE( %)

RB 72454

21,96BC

 30,27A

 4,35A

0,98

      48,27A

     35,92 A

RB 835486

23,56ABC

31,84A

3,71A

0,98

  51,03A

 37,74A

RB 845257

19,60 C

31,91A

   3,69A

0,97

  45,93A

 33,05A

SP 813250

21,28C

29,51A

 3,25A

0,99

  44,25A

 32,73A

RB 855536

21,87BC

31,31A

 3,30A

0,99

  47,65A

 35,27A

SP 835073

21,87BC

32,75A

    3,39A

0,98

  47,97A

 34,98A

SP 801842

22,79ABC

28,79A

 3,35A

0,98

  47,97A

 35,81A

SP 801816

26,83A

26,71A

 3,30A

0,99

  47,80A

 37,33A

SP 791011

26,42AB

30,27A

   4,46A

0,99

  53,60A

 40,94A

Médias seguidas de letras diferentes nas colunas, diferem entre si (P<0,05), pelo Teste de Tukey

                                                                                                         

            A DP e DE não apresentou diferença estatística (P>0,05) entre as silagens das variedades de cana-de-açúcar, sendo que os valores da DP tenderam de 45,93 a 53,60%, e DE de 32,73 a 40,94%. Segundo MARTINS et al. (1999) avaliando a DE das silagens de milho e sorgo e obtiveram resultados de 54,80 e 55,00%, respectivamente. Estes autores relatam ainda que fatores como teor de MS da silagem, tipo de fermentação e conteúdo de carboidratos solúveis podem contribuir para diferentes taxas de degradação ruminal.

 

Tabela 2– Fração solúvel (a), potencialmente degradável (b), taxa de degradação da fração b (c) e degradação efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) das silagens de cana-de-açúcar.

Variedade

a (%)

b (%)

c (%h)

R2

DP (%)

   DE(%)

RB 72454

    1,54A

37,15BCD

 4,71A

0,98

    34,26AB

   19,19 AB

RB 835486

 2,22A 

40,77A

 5,23A

0,98

38,01A

22,00A

RB 845257

 1,55A

38,84ABCD

   3,43A

0,98

32,21AB

17,00AB

SP 813250

      0,63A

36,41CD

 2,46A

0,99

29,61B

15,27B

RB 855536

 1,32A

39,68ABC

 3,40A

0,99

33,12AB

17,31AB

SP 835073

1,12A

41,24A

    3,62A

0,98

34,95AB

18,34AB

SP 801842

 0,70A 

35,50D

 4,86A

0,97

31,90AB

17,69AB

SP 801816

 0,70A

37,23BCD

 3,35A

0,99

30,30B

15,62B

SP 791011

1,91A 

40,42AB

   4,66A

0,98

 37,45A

   21,11A

Médias seguidas de letras diferentes nas colunas, diferem entre si (P<0,05), pelo Teste de Tukey

                        Em relação à DP e DE do FDN, houve diferença significativa (P<0,05) entre as silagens, com maiores valores para RB 835486 e SP 791011, e menores para SP 813250 e SP 801816, para ambas degradações.

                        Valores semelhantes para a DE da FDN foram obtidos por SOUSA (2001) estudando génotipos de sorgo ensilados, CMSXS 180 (18,67 %) e BR 700 (21,44 %).

 

4 – CONCLUSÕES

 

                        Dentre as variedades de cana-de-açúcar avaliadas para ensilagem, a RB 835486 e a SP 791011 apresentaram os melhores potencial de degradação para a MS e FDN. Logo, as mais indicadas para serem utilizadas na alimentação dos ruminantes.

                       

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

1.      MARTINS, A. S.; ZEULA, L. Degradabilidade ruminal In Situ da matéria seca e proteína bruta das silagens de milho e sorgo e de alguns alimentos concentrados . Revista Sociedade Brasileira de zootecnia. v.28 n.5, 1999, p.1109-1117.

2.     MEHEREZ, A. Z.; ORSKOV, E. R. A study of the artificial fiber bag technique for determining the digestibility of feeds in the rumen. Jornal Agricultural Science, Cambridge. v. 88, n. 3 p. 645-650, 1977.

  1. ORSKOV, E. R.; McDONALD,I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubatin measurementes weighed according torate of passage. Journal Agricultural Science, v. 92, p. 499-503, 1979.

4.      SOUSA, B.M. Degradabilidade “in situ” dos componentes nutricionais das silagens de três genótipos de sorgo (CMSX180,CMSXS227 e BR 700). 2001. 73p dissertação (Mestrado)- Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais.