ESPACIALIZAÇÃO DE
DADOS DE PRECIPITAÇÃO E AVALIAÇÃO DE INTERPOLADORES PARA PROJETOS DE DRENAGEM
AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOÍAS E DISTRITO FEDERAL
REIS, M.H.1; GRIEBELER, N.
P.2; SARMENTO, P. H. L.3; OLIVEIRA, L. F. C.2;
OLIVEIRA, J.M.3.
1Bolsista PIBIC, grad. Agronomia/UFG,
magno@agro.grad.ufg.br; 2Prof.
Dep. Eng. Rural, EA/UFG, nori@agro.ufg.br
e lfco@agro.ufg.br ; 3 grad. Agronomia/UFG,
sarmentodv@pop.com.br e nina.janaina@pop.com.br .
RESUMO
O conhecimento da precipitação tem grande importância
para a realização de projetos na área agrícola. Tendo em vista que a
disponibilidade de dados de precipitação é restrita a poucas localidades, nas
quais existam estações climatológicas, torna-se necessária a estimativa dos
valores esperados para as demais localidades. Diante disso, realizou-se, com
base em dados de 122 estações climatológicas, a espacialização dos dados de
precipitação requeridos para projetos de drenagem no Estado de Goiás e no Distrito
Federal utilizando os métodos de interpolação do Inverso da Potência da
Distância (IPD), com expoentes 2, 3, 4 e 5, e Kriging (KG) linear, esférico e
exponencial. Foi verificada a distribuição espacial dos valores de precipitação
interpolados e a acuracidade dos interpoladores e variantes utilizadas. Ambos
os métodos e variantes utilizados mostraram-se
adequados para a realização da espacialização, no entanto, foram observadas
diferenças expressivas entre os mesmos, que chegaram a mais de 21%. A menor
diferença absoluta observada entre os valores gerados foi obtida entre as
variantes do método de KG, no entanto em relação aos valores esperados de
precipitação, o método do IPD mostrou-se melhor, entretanto, não foi observado
um expoente que tenha se adequado melhor à todas as situações.
Palavras-chave: interpolação, precipitação, SIG,
drenagem agrícola.
INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre a distribuição e o comportamento
das precipitações é de fundamental importância para o desenvolvimento de
projetos hidroagrícolas. A
disponibilidade de informações sobre precipitações para a região Centro-Oeste
do Brasil ainda mostra-se bem deficiente, sendo a pequena quantidade de estudos
e a malha restrita de estações pluviométricas as principais causas. A
utilização de técnicas de espacialização, disponíveis nos softwares de Sistemas
de Informações Geográficas (SIG’s), facilita a verificação da forma como estas
precipitações se distribuem no espaço. Para dados climáticos, os métodos mais
utilizados são o Inverso da Potência da Distância (IPD) e Kriging (KG). Não
existem, até o momento, evidências de que um método seja o melhor para diversas
condições, com isto é importante determinar o melhor método para cada
circunstância (Lennon e Tunner, 1995). Com base nestes aspectos, o presente
projeto teve por objetivo espacializar dados de precipitação para projetos de drenagem no Estado de Goiás (GO)
e no Distrito Federal (DF), verificar a variabilidade espacial das
precipitações e analisar a acuracidade dos interpoladores utilizados na
espacialização.
MATERIAL
E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido
no laboratório de Geoprocessamento da Escola de Agronomia e Engenharia de
Alimentos da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG). Para a realização do
trabalho foram utilizadas séries históricas de 122 estações climatológicas, com
as quais foi gerada a base de dados de precipitação para GO e DF. As chuvas
críticas para projetos de drenagem foram determinadas utilizando a metodologia
apresentada por Pizarro (1985), sendo analisada a freqüência, para cada estação
pluviométrica, dos valores de precipitação igualados ou superados 5 vezes ao ano.
Com as informações de precipitação, foi gerado um arquivo georreferenciado, o
qual foi utilizado para a realização das interpolações no software SURFER. Foram
utilizados os métodos do Inverso da Potência da Distância (IPD) com os expoentes
2, 3, 4 e 5 como variantes, e o método Kriging (KG) com as variantes Linear,
Esférico e Exponencial. Posteriormente, os arquivos interpolados foram
importados no software IDRISI, sendo criados os mapas de precipitação. Para
facilitar a visualização os mapas de precipitação foram reclassificados em
intervalos de 5 mm. Ainda neste software, foi realizada a subtração dos mapas
obtidos com os diferentes interpoladores e suas variantes. A variação dos
valores de precipitação foi observada por meio de comparação visual nos mapas
temáticos gerados, bem como, analisada por meio da comparação das diferenças
pontuais obtidas, por meio da subtração de imagens. Após analisar a
variabilidade dos dados gerados, realizou-se a verificação da acuracidade dos
interpoladores utilizando a metodologia proposta por Caruso e Quarta (1998).
Para a utilização desta metodologia, os valores de precipitação referentes às
estações de Goiânia, Catalão, Campos Belos e Iporá foram extraídas,
individualmente, sendo posteriormente realizada nova interpolação sem a
informação referente a localidade em análise. Posteriormente, os valores
gerados, utilizando os diferentes interpoladores e suas variantes, para cada
localidade, foram comparados com o valor real.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Na Figura 1 são apresentados
os mapas temáticos gerados pelo método do IPD com expoente 2 e 5, e pelo método
KG Linear e exponencial, os quais representam os valores de maior contraste
dentro de cada método utilizado. Nestas figuras observa-se que os valores de
maior precipitação concentram-se na região noroeste do estado de Goiás,
chegando a índices de 70 mm. Para ambos os métodos foi observada a mesma
tendência, no entanto, para IPD com expoente 5 estes valores mostram-se bem
mais expressivos. Estes valores deixam claro que a variação dos parâmetros de
entrada ou do método a ser utilizado interfere no resultado e, consequentemente,
irá interferir no custo e na eficiência de obras de drenagem que sejam
realizadas com base nestes métodos de interpolação. As diferenças pontuais observadas
foram menos acentuadas entre as variantes do método KG, no entanto, a
comparação entre KG e IPD mostraram diferenças da ordem de até 21%, diferença
esta que também foi observada entre os diferentes valores de expoentes para o
método IPD. Com relação à acuracidade dos interpoladores, as menores diferenças
entre o valor gerado e o valor real esperado para cada localidade foi obtido
com o uso do IPD, para todas as localidades utilizadas na comparação. Para a
localidade de Iporá as diferenças obtidas mostraram-se praticamente nulas. Para
as localidades de Goiânia, Catalão e Campos Belos, os expoentes da equação de
IPD que resultaram em menores diferenças foram respectivamente 2, 5 e 3. As
diferenças na acuracidade em relação aos diferentes expoentes para um mesmo
método está relacionada aos valores das estações próximas e que serão
utilizadas para a geração do valor pontual. Contudo, resultados observados
neste trabalho não permitem recomendar um ou outro interpolador, porém, indicam
caminhos que possam reduzir os erros cometidos.
(a) |
(b) |
(c) |
(d) |
Figura 1.
Mapas temáticos de precipitação gerados pelo interpolador Inverso da Potência
da Distância com expoente 2 (a); expoente 5 (b); Kriging linear (c) e Kriging
exponencial (d).
CONCLUSÕES
-
Ambos os interpoladores mostraram-se adequados para espacialização dos dados de
precipitação;
-
A utilização indiscriminada de um método para a interpolação pode provocar
aumento nos custos ou redução na eficiência de projetos hidroagrícolas;
-
O método do Inverso da Potência da Distância mostrou-se mais adequado;
-
São necessários estudos mais detalhados para a recomendação de métodos de
interpolação que sejam mais adequados às diferentes situações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARUSO, C. e QUARTA F.
Interpolation Methods Comparison. Computers Mathematical application. v. 35, p.
109-126, 1998.
LENNON, J. J., TURNER, J. R.
G. Predicting the spatial distribution of climate: temperature in Great
Britain. J. Anim. Ecol., n. 64, os.
670-392, 1995.
PIZARRO,
F. drenaje
agricola y recuperación de suelos salinos. Madrid: ediciones mundi-prensa, 1985. 542p.