Avaliação
do crescimento e produção de cultivares de
cafeeiros irrigados nas condições do cerrado
de Goiás[1]
BORGES, L. B.[2],
OLIVEIRA, L. F. C.[3], Wehr, T. R[4]
Resumo: Com o
objetivo de se avaliar o crescimento e a produção de cultivares de café
submetidos à irrigação visando a identificação de genótipos mais adequados para
o Estado de Goiás, foi instalado um experimento em delineamento em blocos ao
acaso. As plantas de café foram irrigadas por gotejamento, empregando a
evaporação do tanque Classe A no manejo das irrigações. Para o período das avaliações compreendidas no período de junho de 2003
a junho de 2004, verificou-se que, as cultivares de porte alto e baixo que
apresentaram maiores produtividades foram respectivamente a Icatú (IAC 2944-6)
e Tupi (IAC 1669-33). Com relação ao desenvolvimento vegetativo, verificou-se
que as cultivares de porte baixo não diferem estatisticamente entre si, exceto
a Tupi (IAC 1669-33) e a Obatã (IAC 1669-20).
Palavras-chave:
irrigação, café, produção
Introdução: O Brasil
é o maior produtor mundial de café, seguido pela Colômbia, México e Indonésia.
Com isto a cultura do café apresenta elevada importância na agricultura e
economia brasileira, fato que leva à realização de pesquisas em diversos
setores principalmente as que visam a maiores produtividades sem esquecer a
qualidade final do produto (CHAGAS et al., 1996). Segundo SANTOS et al. (1998)
a cafeicultura no Brasil desenvolveu-se inicialmente nas regiões em que não
ocorre deficiência hídrica. Devido à expansão da cafeicultura, hoje se produz
café de excelente qualidade utilizando a irrigação em regiões anteriormente
consideradas marginais, com períodos extensos de deficiência hídrica, como é
caso do cerrado brasileiro que compreende diversos estados do país tais como: Minas
Gerais, Goiás, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso, etc. Porém, a época
correta e a freqüência das aplicações de água via irrigação ainda não estão bem
estabelecidas, e poucos agricultores fazem um manejo da irrigação baseando-se em métodos técnicos. Com o objetivo de avaliar os
principais cultivares de café disponíveis para cultivo, o presente projeto visa
selecionar os genótipos mais adequados para o Estado de Goiás.
Material
e Métodos: Em uma área de 0,40 ha,
foi implantado um experimento em blocos casualizados, cultivado com cafeeiros
de portes alto e baixo, espaçados de 0,8 x 2,5 m. Os tratamentos foram
constituídos por 21 cultivares de cafeeiros, sendo 10 cultivares de porte baixo
e 11 de porte alto, com quatro repetições. A área foi irrigada utilizando
gotejadores espaçados de 30 cm, com vazão média de 1,11 L.h-1 e
uniformidade de distribuição de 92,4%. O avanço horizontal do bulbo de
umedecimento avaliado abaixo do ponto
de emissão da linha lateral foi de 42,8 cm, o que permitiu a obtenção da
porcentagem da área molhada de 34,2%. No manejo da irrigação, adotou-se um
turno de rega de três dias e a lâmina de irrigação calculada tomando-se como
base nas leituras acumuladas no período entre as irrigações da evaporação do
tanque Classe A. Na determinação do tempo das irrigações levou-se em
consideração o número de emissores por planta, a vazão média dos emissores e a
porcentagem da área molhada. Os caracteres vegetativos avaliados foram: altura
da planta de cafeeiro medida da superfície do solo ao meristema apical;
diâmetro do caule medido a 10 cm do solo e número de ramos plagiotrópicos. A
produção foi avaliada pelo peso dos grãos de café em coco, seco em terreiro até
uma umidade média de 12,0%. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de
variância e teste de média.
Resultados e Discussões: De um modo geral, para as cultivares de café de porte baixo e alto os parâmetros de crescimento avaliados diferiram entre si em nível de 5% de significância para as cultivares Tupi (IAC 1669-33) e Obatã (IAC 1669-20), para os grupos de porte baixo, e Mundo novo (IAC 388-17-1), Mundo novo (CP 388-17), Icatú (IAC 2944-6), Icatú (IAC 2944), Bourbom (IAC 4740), Bourbom (CJ 18) e Acaiá (CP 474-19), para os grupos de porte alto, para as avaliações realizadas nos meses de junho e setembro de 2003, e junho de 2004 (Quadro 1 e 2). A mesma tendência se verificou na produção (Quadro 3) para o grupo de porte baixo, sendo a cultivar mais produtivas a Catuaí (IAC H 2077-2-5-99). Portanto, a mesma tendência não se verificou para o grupo de porte alto, sendo as cultivares mais produtivas a Icatú (IAC 2945), Icatú (IAC 4045) e a Bourbom (CJ 18) para as condições do cerrado goiano. As cultivares de café de porte baixo foram, na média, mais produtivos que os de porte alto na colheita de 2003. Entretanto, a mesma tendência não se verificou na colheita de 2004, sendo que as cultivares de porte alto foram, na média, mais produtivas que as cultivares de porte baixo. Isso pode ser explicado com as irregularidades de produção dos cafeeiros, sendo que possuem anos de maior e menor produção consecutivos.
Conclusões: Para o período das avaliações compreendidas no período de
junho de 2003 a junho de 2004, verificou-se que as cultivares de porte alto e
baixo que apresentaram maiores produtividades para as condições do cerrado
goiano, submetidas à irrigação, foram: Icatú (IAC 2944-6) e Tupi (IAC 1669-33),
respectivamente. Com relação ao desenvolvimento vegetativo, verificou-se que as
cultivares de porte baixo não diferem estatisticamente entre si, exceto a Tupi
(IAC 1669-33) e a Obatã (IAC 1669-20). Entretanto, o mesmo não se verificou
entre as cultivares de porte alto, mostrando-se bastante desuniformes.
Referências Bibliográficas
CHAGAS, S. J. R., CARVALHO, V.
D., COSTA, L. Caracterização química e qualitativa de cafés de laguns
municípios de três regiões de Minas Gerais. Pesquisa Agropecuária Brasileira.
Brasília, EMBRAPA, v.31, n.8, p.555-561, 1996.
SANTOS, C. M., TEODORO, R.
E. F., MENDONÇA, F. C., CAETENO, A. R., DOMINGUES, E.
P., BRONZI, S.
Diagnóstico da cafeicultura irrigada no cerrado. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 1,
1998. Anais...Araguari: Associação dos Cafeicultores de Araguari,
1998.p. 120-144.
Quadro 1. Parâmetros de crescimento para as
cultivares de porte baixo
Cultivar
|
10º
Avaliação (Jun/2003) |
11º
Avaliação (Set/2003) |
12º
Avaliação (Jun/2004) |
||||||||||
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
||
Catuaí (IAC H 2077-2-5-99) |
159 a |
46 a |
85 a |
192 a |
170 a |
48 a |
93 a |
198 a |
201a |
53ab |
107ab |
204a |
|
Catuaí (IAC H2077-2-5-81) |
162 a |
45 a |
86 a |
184 a |
174 a |
47 a |
95 a |
189 a |
205a |
51ab |
109a |
195a |
|
Catuaí
(IAC81) |
150 ab |
42 a |
81 a |
173 a |
162 ab |
45 a |
90 a |
179 a |
193a |
51ab |
105ab |
187a |
|
Catuaí (IAC
62) |
159 a |
44 a |
86 a |
187 a |
172 a |
47 a |
95 a |
193 a |
202a |
51ab |
109a |
199a |
|
Catuaí (IAC
100) |
153 ab |
44 a |
85 a |
187 a |
164 a |
47 a |
93 a |
193 a |
195a |
52ab |
108ab |
198a |
|
Catuaí (IAC
H 2077-2-5-62) |
157 a |
46 a |
87 a |
188 a |
166 a |
48 a |
95 a |
195 a |
197a |
52ab |
109a |
202a |
|
Tupi
(IAC 1669-33) |
141 b |
41 a |
73 b |
178 ab |
153 b |
44 a |
82 a |
183 a |
177a |
49b |
91ab |
194a |
|
Obatã (IAC 1669-20) |
154 ab |
47 a |
75 ab |
176 ab |
165 a |
49 a |
83 a |
182 a |
193a |
57a |
96b |
191a |
|
Catuaí (IAC
4395) |
155 a |
45 a |
85 a |
180 a |
166 a |
47 a |
94 a |
185 a |
196a |
52ab |
109a |
190a |
|
IAPAR 59 |
149 a |
44 a |
80 a |
163 b |
160 ab |
46 a |
90 a |
169 b |
186a |
51ab |
103a |
181a |
|
Médias |
154 |
44 |
82 |
181 |
165 |
47 |
91 |
187 |
195 |
52 |
104 |
194 |
Quadro 2. Parâmetros de crescimento para as
cultivares de porte alto
|
Cultivar
|
10º
Avaliação (Jun/2003) |
11º
Avaliação (Set/2003) |
12º
Avaliação (Jun/2004) |
||||||||||||||
|
||||||||||||||||||
|
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
alt |
Diam |
galhos |
D. Copa |
||||||
Mundo
novo (IAC 388-17-1) |
196 a |
50 ab |
74 b |
198 a |
214 ab |
52 a |
84 b |
207 a |
251ab |
55bcd |
96c |
215ab |
||||||
Mundo
novo (CP 388-17) |
186 b |
46 b |
76 ab |
175 b |
203 b |
48 b |
86 ab |
188 b |
248ab |
53d |
102abc |
203abc |
||||||
Mundo
novo (MP 376-4) |
205 a |
51 a |
86 a |
185 a |
222 a |
53 a |
97 a |
193 a |
255ab |
57abcd |
109ab |
203abc |
||||||
Icatú (IAC 2945) |
212 a |
54 a |
82 a |
184 a |
230 a |
56 a |
92 a |
194 a |
262a |
61abc |
105abc |
205abc |
||||||
Icatú (IAC 4043) |
211 a |
52 a |
87 a |
192 a |
228 a |
55 a |
97 a |
202 a |
261ab |
62ab |
113a |
216ab |
||||||
Icatú (IAC 4045) |
213 a |
57 a |
84 a |
204 a |
229 a |
59 a |
94 a |
213 a |
265a |
63a |
107abc |
221a |
||||||
Icatú (IAC 2944-6) |
194 ab |
47 b |
80 a |
185 a |
211 ab |
50 a |
92 a |
195 a |
239b |
54bcd |
103abc |
205abc |
||||||
Icatú (IAC 2944) |
201 a |
49 a |
83 a |
182 a |
217 a |
51 a |
92 a |
190 b |
259ab |
55bcd |
105abc |
199bc |
||||||
Bourbom (IAC 4740) |
192 b |
46 b |
77 ab |
181 a |
217 a |
49 ab |
87 ab |
191 b |
253ab |
53d |
101abc |
200bc |
||||||
Bourbom (CJ 18) |
203 a |
47 b |
74 b |
180 ab |
220 a |
50 a |
85 b |
189 b |
250ab |
54bcd |
97bc |
199bc |
||||||
Acaiá (CP 474-19) |
208 a |
49 ab |
80 a |
172 b |
226 a |
52 a |
91 a |
182 b |
256ab |
56abcd |
103abc |
195c |
||||||
Médias |
202 |
50 |
80 |
185 |
220 |
52 |
91 |
195 |
254 |
57 |
104 |
206 |
||||||
Quadro 3. Produção média de café
em coco das cultivares de porte alto e baixo em sacas/ha
Cultivar |
Safra 2003 |
Safra 2004 |
Cultivar |
Safra 2003 |
Safra 2004 |
Mundo
novo (IAC 388-17-1) |
48,8 ab |
127,7b |
Catuaí (IAC H 2077-2-5-99) |
95,1 a |
133,2ab |
Mundo
novo (CP 388-17) |
43,3 b |
201,9ab |
Catuaí (IAC H2077-2-5-81) |
87,5 ab |
84,1b |
Mundo
novo (MP 376-4) |
49,7 a |
142,4b |
Catuaí
(IAC81) |
74,5 bc |
144,4ab
|
Icatú (IAC 2945) |
62,8 a |
186,1ab |
Catuaí (IAC
62) |
75,2 bc |
186,9ab
|
Icatú (IAC 4043) |
41,7 b |
163,8b |
Catuaí (IAC
100) |
76,9 b |
182,2ab |
Icatú (IAC 4045) |
58,7 a |
205,6ab |
Catuaí (IAC
H 2077-2-5-62) |
73,3
bc |
126,5ab |
Icatú (IAC 2944-6) |
15,2 d |
402,2a |
Tupi
(IAC 1669-33) |
40,4
d |
262,7a |
Icatú (IAC 2944) |
40,0 b |
220,5ab |
Obatã (IAC 1669-20) |
78,8 b |
105,4b |
Bourbom (IAC 4740) |
36,6 bc |
176,8b |
Catuaí (IAC
4395) |
53,7 d |
98b
|
Bourbom (CJ 18) |
50,5 a |
218,3ab |
IAPAR 59 |
71,0 c |
150,1ab |
Acaiá (CP 474-19) |
30,9c |
145,6b |
Médias |
71 |
147,3 |
Médias |
43,5 |
199,2 |
[1] Projeto de
pesquisa financiado pela EMBRAPA/Café
[2]Graduando em Agronomia, Bolsista PIBIC/CANPq, e.mail:
lucasberbor@bol.com.br
[3]Professor
da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de
Goiás e.mail: lfco@agro.ufg.br
[4]Mestrando
em Agronomia, Bolsista CAPES, tiago.w@bol.com.br