TÍTULO: Avaliação da suculência e maciez da carne de rã (Rana catesbeiana) acondicionada sob refrigeração

SOARES, G. C[1].; SOUZA, L. P. J1.; MORAES, J. C.1.; TORRES, M.C.L2.

ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

E-mail: lpsjunior@hotmail.com e celialopes@agro.ufg.br

PALAVRAS-CHAVE: Carne de rã, suculência, maciez, refrigeração.

 

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características sensoriais de maciez e suculência de carne de rã acondicionada e armazenada à temperatura de refrigeração, nos períodos de 0, 15 e 30 dias de estocagem. Após 30 dias de estocagem, as características sensoriais da carne de rã permaneceram próximas às características iniciais. Acompanhou-se o processo de abate da rã, no abatedouro Ranajax, localizado no município de Hidrolândia/GO, observando-se as condições de higiene. Setenta carcaças foram acondicionadas em caixas de isopor com gelo e transportadas para o laboratório do Setor de Engenharia de Alimentos da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos/UFG. Procedeu-se a pesagem de cada carcaça e acondicionamento em sacos laminados (Polietileno de baixa densidade – PEBD/Nylon/PEBD) contando com aproximadamente 700 gramas de amostra em cada saco, e armazenadas à temperatura de refrigeração (2 ± 1ºC).

 

INTRODUÇÃO

A carne de rã é comercializada no Brasil na forma de carcaças inteiras ou de coxas congeladas. O rendimento médio (entre sexos) da carcaça é de aproximadamente 52,0% e das pernas (coxas) de 27,4% em relação ao peso vivo, dependente ainda da idade, do sexo e da faixa de peso do animal (LIMA, 1994).

Ao longo do tempo, a indústria de alimentos tem sofrido constantes mudanças para se adaptar às crescentes exigências dos consumidores. A demanda por produtos minimamente processados, sensorialmente similares aos alimentos in natura, tem imposto novos requerimentos às embalagens, que devem assegurar uma vida-de-prateleira adequada aos produtos.( AZEREDO et al, 2000).

A conservação de alimentos utilizando o uso de métodos físicos é conhecida desde longa data. O frio (refrigeração e congelamento) foi um dos primeiros a ser utilizado para prolongar a vida de prateleira de praticamente qualquer tipo de alimento e ainda é muito usado, principalmente, na conservação de carnes e seus derivados. Esses métodos de conservação têm por objetivos inibir o crescimento de microorganismos deteriorantes presentes no alimento e, inibir o crescimento e/ ou eliminar microorganismos patogênicos, de risco à Saúde Pública, aumentando assim o período pelo qual o alimento pode ser estocado. Contudo, algumas dessas técnicas podem alterar a aparência, o odor e o sabor do produto (XAVIER & BERAQUET, 1993).

A análise sensorial é um campo muito importante na indústria de alimentos, pois contribui direta ou indiretamente para inúmeras atividades, como desenvolvimento de novos produtos, controle de qualidade, reformulação e redução de custos de produtos, relações entre condições de processo, ingredientes, aspectos analíticos e sensoriais. No teste sensorial é muito importante a padronização das amostras. Muitas vezes o atributo que se pretende avaliar é influenciado por outros fatores, como a quantidade de amostra e a cor do produto (PAL et al, 1985.).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características sensoriais de maciez e suculência da carne de rã acondicionada e armazenada à temperatura de refrigeração (2 ± 1 °C), nos períodos de 0, 15 e 30 dias de estocagem.

MATERIAIS E MÉTODOS

As amostras foram cedidas pelo proprietário do abatedouro Ranajax, localizado no município de Hidrolândia/GO.No dia da coleta das amostras de rã foi acompanhado o processo de abate observando-se as condições higiênicas de abate.

No mesmo dia do abate, procedeu-se a pesagem de cada carcaça e  realizou o acondicionamento à vácuo em sacos laminados (Polietileno de baixa densidade – PEBD/Nylon/PEBD) contando com aproximadamente 700 gramas de amostra em cada saco. As amostras foram armazenadas à temperatura de refrigeração (2ºC ± 1ºC), para determinação da qualidade sensorial de maciez e suculência, nos tempos de 15 e 30 dias de estocagem. A análise sensorial para o tempo considerado “0” de estocagem foi determinado 1 dia após o abate.

Preparo das carcaças para avaliação sensorial da maciez e suculência

As carcaças foram retiradas da refrigeração, pesadas individualmente e assadas em grelhas (elétrica) por aproximadamente 20 minutos, até a temperatura interna alcançar 75°C (MEILGAARD et al., 1990). Foram resfriadas e pesadas novamente para verificar a perda de água durante o processo de cozimento. A seguir foram retiradas as coxas e servidas aos provadores, em cabines individuais, para procederem a análise sensorial.

Avaliação sensorial da maciez e suculência

A avaliação dos atributos sensoriais de maciez e suculência foi avaliada em escala estruturada de 9 pontos, variando de extremamente dura (1 ponto) a extremamente macia (9 pontos) para o atributo maciez e extremamente seca(1 ponto) a extremamente suculenta (9 pontos) para o atributo de suculência.

            A equipe sensorial composta por 24 provadores, não treinados, foi mantida constante nas três avaliações. As determinações dos atributos maciez e suculência foram realizadas nos períodos de 0, 15 e 30 dias de estocagem sob refrigeração.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variação de peso médio das carcaças após o abate foi de 122,47 gramas com desvio padrão de 19,5 gramas. Mesmo encontrando carcaças bem abaixo e acima do peso médio, observa-se pelo valor do desvio padrão uma padronização nos pesos das carcaças. MOURA e RAMOS (2004) citam que a média para abate é de 180 – 200 gramas por animal e LIMA (1994) menciona que o rendimento médio (entre sexos) da carcaça é de aproximadamente 52,0% e das pernas (coxas) de 27,4% em relação ao peso vivo, dependente ainda da idade, do sexo e da faixa de peso do animal.

A perda média de peso ocorrida durante o cozimento das carcaças, devido ao exsudado e água evaporada, foi de 45,45% para a carne embalada sem vácuo. Observa-se uma redução de aproximadamente 13% de peso, após o cozimento.

As médias das pontuações obtidas nas avaliações dos atributos de maciez e de suculência foram iguais às obtidas neste experimento para os tempos 0 e 15 dias e maiores para 30 dias, correspondendo a moderadamente macia e ligeiramente suculenta, para os atributos de maciez e de suculência, respectivamente. Esta melhoria na maciez e suculência da carne pode ser devido a influência dos provadores durante a avaliação sensorial. Segundo CHAVES & SPROESSER (2002), os testes afetivos medem atitudes subjetivas como aceitação ou preferência de produtos, de forma individual ou em relação a outros.

            Segundo PARDI (2001), as características de cor, textura, consistência, suculência e maciez da carne cozida dependem, em parte, da capacidade de retenção de água.

CONCLUSÃO

Em relação à conservação da carne acondicionada e embalada sob refrigeração a 2 ± 1 °C, conclui-se que a carne permaneceu com suas características sensoriais próximas às iniciais após 30 dias de estocagem em relação a suculência e uma melhora quanto a maciez.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEREDO, H. M. C.; FARIA, J. A. F.; AZEREDO, A. M. C. Embalagens ativas para alimentos, Ciências e Tecnologia de Alimentos, v.20, n. 3, Campinas, set/ dez. 2000.

CHAVES, JBP & SPROESSER, RL. Práticas de Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas. Viçosa: Ed. UFV, 2002. 82P.

LIMA, S. L., FIGUEREDO, M. R. & MOURA, O. M., Diagnóstico da Ranicultura: Problemas, Propostas de Soluções e Pesquisas Prioritárias. ABETRA, Acad. Bras. Estudos Técnicos em Ranicultura; Viçosa, 1994, 170p.

MEILGAARD, M.; CIVILLE, G.V.; CARR, B.T.et al. Sensory evalaution techniques. Boca Raton: CRC Press,1990. 281p.

MOURA & RAMOS. Ranicultura UFV. Desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa, 2000. Disponível em: < http:// www.ugv.br/ran/abat.htm >. Acesso em: 15 jul. 2004.

PAL, D.; SACHDEVA, S.; SINGH, S. Methods for determination of sensory quality of foods: A critical appraisal. Journal Food Science, v.32, n. 5, p. 357- 367, 1985.

PARDI, M. C; SANTOS, I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI, H. S. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne. Goiânia: UFG, vol. 1, 2 ed., 2001.

SEBRANEK, J. G. Meat is dynamic – factors in controlled atmosphere packs. The National Provisioner, Chicago, 10 (5): 10-16, 1986.

XAVIER, C. de V. A. & BERAQUET, N. J. Vida-de-prateleira da carne de frango refrigerada – Alternativas tecnológicas l – Atmosfera modificada. Bol. SBCTA, 27 (1): 41-47, jan/jun. 1993.

FONTE FINANCIAMENTO: abatedouro Ranajax.



[1] Alunos de graduação do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás.

2 Professora do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás.