Título:
Efeito da suplementação exógena em embriões de frangos de corte na fase pré-inicial.
Nome
dos autores:FIGUEIREDO, L. L. L.; LEANDRO, N. S. M.
Unidade
acadêmica: Escola de Veterinária/DPA
e-mail:
lizia2202@hotmail.com;mogyca@vet.ufg.com.br
RESUMO
O projeto foi elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade da suplementação exógena em embriões de frango de corte com aditivos inoculados em ovos embrionados com 17 dias de incubação. Foram avaliados quatro aditivos em quatro experimentos distintos com 300 ovos em cada, os quais foram inoculados com 0,3mL de uma solução estéril (água destilada e aditivo teste) e incubados em quatro incubadoras. No experimento 1, os ovos foram inoculados com prebiótico (MOS). O consumo de ração e o ganho de peso foram menores para as aves que receberam o prebiótico. No experimento 2, os ovos foram inoculados com uma mistura de bactérias liofilizadas com Lactobacilos plantarum, L. casei e Enterococcus faecium. Não houve diferença na capacidade de eclosão entre os grupos controle e probiótico, apresentando valores de 92,78% e 94,71% respectivamente. No experimento 3, os ovos foram inoculados com ácido butírico. O produto afetou o peso do proventrículo e moela e o peso e comprimento do intestino. No experimento 4, os ovos foram inoculados com 25(OH)D3. Os resultados indicam que a vitamina 25(OH)D3 estimulou o metabolismo dos embriões, reduzindo o tempo de incubação.
palavras
chave: suplementação; exógena; embriões; frangos
Em decorrência do rápido desenvolvimento adquirido pelas diversas linhagens de corte de crescimento rápido, observa-se redução de um dia para o abate com o mesmo peso vivo (HAVENSTEIN et al.,1994), assim, temos evidenciado a importância do bom manejo dos pintainhos, associado à nutrição, durante a primeira semana pós-eclosão. Atualmente este período corresponde à cerca de 17% do tempo total de vida de frangos de corte, porém representando, a cada dia, uma maior porção de sua vida útil, sendo exatamente neste período que se tem um maior crescimento relativo do pintainho (BJORNHAG, 1979).
Observa-se
então a necessidade de uma suplementação exógena de nutrientes antes deste
período de 24h, após a eclosão, para que não seja afetado, posteriormente, seu
desempenho, podendo a ave apresentar todo o seu potencial de crescimento.
Um dos
produtos que poderia ser usado com a finalidade de suplementar os pintainhos
antes do nascimento é um intermediário ativo da vitamina D3,
25-d-hidroxi-colicalciferol. O objetivo seria fornecer uma fonte exógena, uma
vitamina essencial para o crescimento ósseo, em uma forma intermediária de mais
rápida utilização que a vitamina D3, independente do aporte proveniente da
matriz.
Produtos
à base de microrganismos vivos são denominados de probióticos (GUILLOT, 2000) e
uma de suas funções seria a de melhorar o balanço microbiano do intestino. Assim, também
seria interessante se houve a possibilidade de se utilizar um ácido orgânico
que poderia facilitar a colonização de bactérias úteis.
Outro produto
que facilita a colonização e o estabelecimento de bactérias benéficas no TGI é
o prebiótico. Esse produto, oligossacarídeo de cadeia curta como o
mananoligossacarídeos (MOS) ou frutoligossacarídeo (FOS), é indigestível pelas
aves, mas é um alimento específico para as bactérias consideradas úteis
(NEWMAN, 1995 e ROBERFROID, 1998).
METODOLOGIA
Quatro experimentos foram propostos para avaliar o efeito na suplementação exógena, via ovo, de embriões no estágio D16-D17 de pinto de corte submetidos a jejum de 36 horas pós-eclosão sobre o desempenho produtivo (peso e ganho de peso) e as características morfométricas de órgãos e tecidos do aparato digestório depois de sete dias de criação e do osso (Exp.4). Os produtos testados foram: Exp.1) Prebiótico: mananoligossacarídeo(MOS); Exp.2) Probiótico; Exp.3) Ácido orgânico: ácido glutâmico; Exp.4) 25-D-hidroxi-colicalciferol.
Para o
experimento 1, os ovos foram inoculados via cavidade alantóide com 0,3 ml de
uma solução aquosa contendo 0,04g de um prebiótico (MOS) ou somente água
(placebo como controle).
No experimento
2, trezentos e cinqüenta ovos embrionados de 16 dias de incubação, foram
inoculados via cavidade alantóidea com 0,3 ml de uma solução aquosa contendo
0,0 (controle) ou 1,1x 106 UFC de uma mistura de bactérias
liofilizadas com Lactobacilos plantarum,
L. casei e Enterococcus faecium.
No experimento
3, os ovos foram inoculados via cavidade alantoidea, com 0,3 mL de uma solução
contendo 8 mg de butirato de sódio (Adimix TM Butyrate-C, Invenutri-AD),
constituindo-se no grupo butirato.
No experimento
4, os ovos foram inoculados individualmente via cavidade alantóide com 0,3 mL
de uma solução de água contendo 0.00, 0.05, 0.10 e 0,15 mg de Rovimix HY-Dâ 1,25% (Roche
Vitamina Brasil Ltda, São Paulo, Brasil). Essas doses corresponderam a 0.00;
0.625; 1.250 e 1.875 µg de 25(OH)D3 ou 0; 25; 50 e 75 UI de vitamina
D3, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo de
ração e o ganho de peso foram menores para as aves que receberam o prebiótico
(P<0.05), no entanto não houve interação significativa entre os períodos de
jejum e os inóculos. BALLOU (1970) afirma que
determinadas estruturas da parede celular da levedura saccharomyces do MOS são altamente antigênicas e estimulam a
resposta imune. Estes resultados concordam com os encontrados por GONZALES
(2000), que constatou menor desempenho em aves submetidas a 28 horas de jejum
após o alojamento.
Com relação ao experimento 2, não houve diferença na capacidade de eclosão entre os grupos controle e probiótico, apresentando valores de 92,78% e 94,71% respectivamente. Todos os neonatos eram viáveis e de boa qualidade não aparecendo nenhum caso de mau formação ou problemas de pernas e umbigo. Os pesos médios dos pintos recém nascidos foram semelhantes entre os dois tratamentos. As análises de desempenho e mortalidade aos dez dias de idade das aves revelaram que a inoculação do probiótico não afetou o consumo de ração, o ganho de peso e a mortalidade.
No experimento 3, o peso
médio dos ovos inoculados foi de 62,06±0,25. Do total de ovos inoculados com placebo (167) e
butirato (170), 94,61% e 91,76% eclodiram, respectivamente. Os percentuais de
eclosão e pesos ao nascimento foram similares entre os dois grupos
experimentais. A análise estatística dos dados de desempenho e mortalidade
revelou que não houve interação significativa (P>0,05) entre os fatores
estudados (inoculação e jejum). A suplementação in ovo de butirato não
influenciou (P>0,05) os resultados de desempenho e mortalidade.
No experimento 4, o peso médio dos
ovos um dia antes da suplementação in ovo
(dia 16) foi de 63.96±0,23g. A eclosão dos embriões medicados com 25(OH)D3
avançou 2 a 4 dias quando comparado ao grupo placebo. A taxa de eclosão
não foi afetada (P>0.05) pelo tratamento. A vitamina 25(OH)D3
afetou o peso dos pintinhos no momento do escape do ovo e 12 hs após a alocação nas baterias, mostrando uma
tendência linear e negativa (P<0,05). Desta forma, o peso dos pintinhos
decresceu proporcionalmente ao aumento dos níveis de 25(OH)D3. No
entanto, o produto não afetou a performance e a taxa de mortalidade nas aves de
10 dias de idade.
A inoculação de prebiótico em ovos embrionados prejudicou o desempenho de pintos de corte, no período pré-inicial.
Recomendam-se novos estudos efetuando desafios ambientais para testar a eficiência do probiótico como agente de exclusão competitiva contra patógenos.
A inoculação
do butirato não evitou o prejuízo de desempenho determinado pelo jejum do
nenonato.
A vitamina
25(OH)D3 estimulou o metabolismo dos embriões, reduzindo o tempo de
eclosão sem afetar a taxa de eclosão, a qualidade do neonato ou a performance
dos pintos de 10 dias.
BIBLIOGRAFIA
BALLOU,
C.E.1970. J. Biol.Chem.245:1197-1203.
BJORNHAG, G. Growth in newly hatched birds. Swedish Journal of Agricultural Rees., v.9, p.121-125, 1979.
GONZALES, E., LEANDRO,
N.S.M., VAROLI JR., J.C., TAKITA, T.S., LODDI, M.M. O tempo de jejum do neonato
e a restrição alimentar quantitativa influenciando a produtividade de frangos
de corte na idade de abate. In:
CONFERÊNCIA APINCO' 2000 DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2000, Campinas. Revista
Brasileira de Ciência Avícola, Suplemento 2, Campinas: FACTA.
GUILLOT, J.F. The pros and cons
of probiotics - Make probiotics work for poultry. World’s Poultry Science Journal, v.16, n.7, p.18-21, 2000.
HAVENSTEIN, G.B., FERKET, P.R., SCHEIDELER, S.E et al. Growth, livability and feed conversion of 1957 vs 1991
broilers when fed “typical” 1957 and 1991 broiler diets. Poultry Science, v.73, n.12, p.1785-1794, 1994.
NEWMAN, K. Manann
oligosaccharides: Immune modulator or rumen efficiency potentiator. In:
MINNESOTA NUTRION CONFERENCE ALLTECH TECH. SYMPOSIUM, 56, 1995,
Minnesota. Anais... Minnesota:
University of Minnesota, 1995. p.37-42.
ROBERFROID, M.B.
Prebiotics and synbiotics: concepts and nutritional properties. British
Journal of Nutrition, v.80, suppl.2, p.S197-S202, 1998.