DETERMINAÇÃO DE ÂNIONS DE INTERESSE ANALÍTICO
UTILIZANDO PIGMENTOS NATURAIS DE QUARESMEIRA (Tibouchina granulosa) E FLAMBOYANT (Delonix regia)
PAES,J.1 e SOARES, M.H.F.B.2
paesju@hotmail.com marlon@quimica.ufg.br
Palavras
Chave: Pigmentos naturais, aspartame
,sulfito, vinho.
As
cores dos vários tecidos vegetais devem-se à reflexão de comprimentos de ondas
característicos de cada pigmento natural, que lhe confere a característica de
cor específica e podem ser comuns à varias espécies. O que se denomina cor é o
resultado da interação do nosso sistema visual (globo ocular, sistema neurotransmissor
e cérebro), com a radiação eletromagnética que denominamos luz visível, ou
seja, é a capacidade deste sistema visual de distinguir diferentes comprimentos
de onda (ALKEMA E SEAGER, 1982).
Entre as três principais características dos alimentos, ou seja, a cor,
o sabor e a textura, a cor se apresenta como atributo sensorial mais marcante.
É através da cor que os consumidores são diariamente estimulados para o consumo
e na industria de alimentos,a cor é um parâmetro importante no controle de qualidade
(SOARES, 2001)
De forma similar as antocianinas são definidas por TIMBERLAKE e BRIDLE
(1969) como derivados de sais flavínicos, solúveis em água, os quais são
responsáveis pelas cores atrativas . A estrutura genérica para uma antocianina
natural é apresentada na figura 1.1 abaixo:
FIGURA 1–
Estrutura genérica para uma antocianidina natural.
As antocianinas são pigmentos naturais bastante conhecidos pois
determinam a coloração característica de uma grande variedade de vegetais,
incluindo aqueles usados na alimentação humana. Estes pigmentos têm sido
consumidos pelo homem por incontáveis gerações sem causar aparentemente
qualquer efeito sobre a saúde. Apesar disso, seu uso como aditivo natural está
ainda bastante restrito em função de limitação, como a disponibilidade de
matéria-prima produtora de pigmentos na quantidade e na qualidade requerida, a
dificuldade na sua purificação, o poder corante reduzido quando comparado aos
produtos sintéticos e, principalmente, a baixa estabilidade apresentada pelas
antocianinas.(ALKEMA E SEAGER, 1982).
Entre os analitos que podem reagir com as antocianinas, destaca-se o
sulfito e o aspartame, ambos aditivos comumente utilizados na indústria
alimentícia.
O sulfito usado como conservante em vinhos
se apresenta na forma livre e como um aduto com álcool, em meio alcalino o
aduto se rompe, sendo possível determinar o sulfito total (SILVA, 1999).
2. MATERIAL E MÉTODO:
Os extratos foram obtidos através de rota evaporação a partir de 300 g de pétalas imersas em etanol por 48 horas. O líquido viscoso obtido foi utilizado para preparar as soluções de extrato utilizadas durante o processo. Foi realizado um estudo de pH para determinar o pH de maior absorção e finalmente foram realizados testes de interação dos extratos com aspartame e sulfito. Posteriormente foram realizadas tentativas de determinação de sulfito em vinho branco.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1, apresenta a coloração das soluções
com antocianinas em seus respectivos valores de pH.
pH |
Cor observada |
2,0 |
Rosa |
3,0 |
Rosa claro |
4,0 |
Rosa quase translúcido |
5,0 |
Rosa quase translúcido |
6,0 |
Roxo |
7,0 |
Roxo claro |
8,0 |
Levemente cinzento |
9,0 |
Verde escuro |
10,0 |
Verde escuro |
11,9 |
Amarelo |
A
seguir, apresenta-se o gráfico com os espectros de absorção para cada pH.
FIGURA 2 - Espectros de Absorção para o extrato
bruto de quaresmeira (0,5 g L-1)
em faixa de pH de 2,0 até 11,9.
Observa-se na figura 2 que em
valores de pH 2,0, 9,0 e 10,0, os espectros de absorção, além de serem mais
definidos, apresentam maior absorção de luz. Em faixa ácida de pH, o pico de
absorção é encontrado em 522 nm e em faixa básica de pH, o valor de comprimento
de onda é de 610 nm.
As interações das antocianinas com
aspartame e sulfito são apresentadas na figura 3, a seguir.
1
2
FIGURA 3 -
Espectros de Absorção para a interação entre o extrato bruto de flamboyant com
aspartame (1) e sulfito (2).
Os
resultados mostram que há uma reação entre a antocianina presente no extrato de
flamboyant e o sulfito adicionado, pois há uma perda de cor quando há a
interação entre ambos em pH ácido. Resultados semelhantes foram obtidos para a
interação entre sulfito e quaresmeira, conforme relatado por SOARES (2001). No
caso do aspartame, pode-se considerar o fato da utilização de corantes naturais
em alimentos que tenham este produto, pois não houve alteração da solução nem
dos espectros de absorção que indiquem interação entre aspartame e sulfito.
4. CONCLUSÃO:
Tais
resultados, demonstram que a possibilidade da utilização de pigmentos naturais
obtidos de flores como substituintes de corantes artificiais em alimentos que
constem de aditivos sulfito, pode ser comprometida. Por outro lado, fica clara
a possibilidade de se utilizar extratos brutos de flores que contenham antocianinas,
como possíveis compostos a serem utilizados na determinação de íons, devido a
variação de cor e de absorção em cada pH estudado.
A determinação de sulfito em vinho é de grande valia para o estudo na
área da engenharia de alimentos, no entanto, faz-se necessário uma série de
testes entre a antocianina e o sulfito em diferentes tempos de estoque da
solução do pigmento natural. Além disso, pode-se ainda testar aspectos de
estabilização do corante com a adição de sulfito.
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
·
ALKEMA,J. e SEAGER,S.L.;” The chemical of pigments of plants.”
J.Chem Educ,59:183,1982.
·
SILVA,R.L.G.N.P.; Estudos Analíticos com Base em Oxidações
induzidas por Enxofre(IV).
Programa de Pós-graduação em Quimica, UFSCar,1999. Tese de Doutorado.
·
SOARES,M.H.F.B. Obtenção
e aplicação didática de pigmentos de origem vegetal; Equilíbrio químico e
analise instrumental. São Carlos-S.P.2001.
·
TIMBERLAKE;C.F. e BRIDLE,P.;”
Anthocyanins.” IN: The Flavonoids-
Part I; Metabolism. San
Francisco,Freeman, Cooper & Cia,1969.