Caracterização morfológica e avaliação de cultivares de bananeira resistentes a Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet) no Sudoeste Goiano.[1]

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ARAÚJO NETO, J. P., 3 SANTOS, S. C.2, FREITAS, H. G. 4, SANTOS, D. A. 5, PEIXOTO, C. N.6, MENEGUCI, J. L. P.7

 

Resumo - O trabalho teve por objetivos realizar a introdução e avaliação de novas cultivares de bananeira resistentes a Sigatoka Negra, nas condições da região de Jataí-GO, sudoeste de Goiás, tipicamente produtora de banana do Subgrupo Terra. O experimento está sendo conduzido em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias do Campus Avançado de Jataí, da Universidade Federal de Goiás. Foram avaliados as cultivares Caipira, Thap Maeo, FHIA-01, FHIA-21 e FHIA-18, resistentes a Sigatoka Negra, e a Red Yad (subgrupo Terra), que não é resistente. O experimento foi montado num delineamento experimental em Blocos Casualizados, com seis tratamentos (cultivares) e seis blocos. Nas condições do experimento foi possível chegar as seguintes conclusões: a) as características climáticas da região do Sudoeste Goiano influenciaram no ciclo produtivo das cultivares; b) as bananeiras tipo Terra apresentaram os maiores ciclos produtivos; c) as cultivares FHIA-01, FHIA-18 foram as mais produtivas para as nossas condições; d) quanto à persistência das folhas no ato da colheita, destacaram-se a FHIA-01, FHIA-18 e Thap Maeo; e) quanto à aceitação pelos consumidores, destacam-se a Thap Maeo e FHIA-18 e a FHIA-21; f) os dados gerados neste experimento servirão de base para futuros trabalhos e fornecerão informações aos produtores da região que terão provavelmente que enfrentar a entrada da doença, que recentemente foi constatada em mais quatro Estados da Federação.

Palavras-chave: banana, cultivares resistentes, Sigatoka Negra

INTRODUÇÃO

            A Sigatoka Negra que recentemente entrou no Brasil, tem disseminado rapidamente para os outros Estados, estando hoje relatada nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá e recentemente em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, causando perdas na bananicultura destes Estados. Em Goiás ainda não foi relatada a ocorrência da doença, no entanto, a sua localização geográfica e divisa com os Estados onde foi constatada a doença, coloca-o em uma área de risco, principalmente na divisa e nas rodovias que constituem a rota de transporte de produtos agrícolas provenientes de regiões onde a doença já ocorre. O objetivo deste trabalho foi realizar a introdução e avaliação de novas cultivares resistentes a Sigatoka Negra nas condições ambientais de Jataí-GO.

MATERIAL E MÉTODOS

            O experimento está sendo conduzido em área experimental no Centro de Ciências Agrárias do Campus Avançado de Jataí, da UFG, localizada no município de Jataí-GO. O experimento foi montado em dezembro de 2001, num delineamento experimental em Blocos Casualizados, com seis tratamentos (cultivares): Caipira, Thap Maeo, FHIA-01, FHIA-21, FHIA-18 e Red Yad.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que a cultivar FHIA-18 floresceu aos 244 dias após o plantio, destacando-se das demais em precocidade, seguida respectivamente da Caipira (274 dias), Thap Maeo (329 dias), FHIA-01 (340 dias), Red Yad (340 dias) e FHIA-21 (368 dias), mas em relação ao período de florescimento a colheita, a cultivar FHIA-18 apresentou um maior número de dias (150 dias) até atingir o ponto de colheita, seguida respectivamente da FHIA-21 (120 dias), Red Yad (120 dias), Caipira (119 dias), FHIA-01 (102 dias) e Thap Maeo (96 dias), assemelhando-se aos valores observados por Andrade et al. (2002) no Piauí. Quanto ao período de plantio a colheita, as cultivares FHIA-18 e Caipira produziram em média aos 393 dias, apresentando uma maior precocidade em relação às demais cultivares. Andrade e colaboradores (2002) também observaram maior precocidade para as mesmas cultivares. Como era esperado a FHIA-21 e a Red Yad, que são bananeiras tipo Terra, apresentaram os maiores ciclos (488 e 460 dias, respectivamente). Os dados do presente trabalho diferiram dos obtidos por Silva et al. (2000) na região do município de Cruz das Almas (BA), que apresenta a altitude média de 220 m. Em relação ao florescimento, os autores observaram os seguintes valores: FHIA-18 (289 dias), Caipira (228 dias), FHIA-01 (289 dias) e Thap Maeo (280 dias), mostrando a diferença em termos de precocidade em uma região de clima mais quente.

Na região de Jataí-GO as temperaturas mínimas nos anos de 2002 e 2003, a partir do mês de abril diminuíram bastante, voltando a subir a partir do mês de outubro. Esta característica aliada à altitude de 670 m podem ter contribuído para o aumento do ciclo. Segundo Silva et al. (2000), o ciclo produtivo pode sofrer influência das condições climáticas, ampliando-o ou reduzindo-o. O ciclo apresenta uma fundamental importância no melhoramento genético da bananeira, pois é um caráter que expressa a precocidade. A redução do número de dias necessários para a emissão do cacho representa a antecipação do retorno do investimento aplicado. Para os valores de peso de cacho, as cultivares FHIA-01, FHIA-21 e Red Yad apresentaram os maiores valores no primeiro ciclo, diferindo das demais, com cachos em média de 15 kg. A Caipira apresentou o menor valor de peso de cacho (5,07 e 9,80 Kg no 1o e 2o ciclo). No 2o ciclo o destaque foi para as cultivares FHIA-01 e FHIA-18 que diferiram das demais. Nas médias obtidas por Silva et al. (2000), apenas o híbrido FHIA-01, no primeiro ciclo, apresentou desempenho inferior (12,8 Kg), enquanto os demais genótipos exibiram rendimentos superiores (FHIA-18: 14,7 Kg e Caipira: 14,6 Kg). Segundo Carvalho et al. (2002), o híbrido FHIA-18 apresentou-se promissor para o cultivo no Piauí. Para o número de pencas, a Thap Maeo apresentou o maior valor (9,67 kg), destacando-se das demais no primeiro ciclo e igualando-se a FHIA-01 e FHIA-18 no segundo ciclo. A Caipira e a FHIA-21 apresentaram em média três pencas a menos que a Thap Maeo. Moura et al. (2002) observaram para as cultivares FHIA-01 e FHIA-18 valores médios de 7,1 e 5,7 pencas/cacho, respectivamente. O número de pencas e frutos são importantes no melhoramento genético da bananeira, pois influenciam diretamente no tamanho e no peso do cacho, que expressam a produtividade de um genótipo (Silva et al., 2000).

Para as características relacionadas ao engaço não houve diferença estatística significativa entre as cultivares FHIA-01 e FHIA-21 que apresentaram as maiores médias, diferindo das demais quanto ao comprimento, diâmetro e peso do engaço, no primeiro ciclo. Moura et al. (2002) em Itambé-PE, observaram que a FHIA-01 teve o mesmo comportamento quanto às características supra citadas, quando comparada a FHIA-03, que é uma banana para cocção. No segundo ciclo, para o comprimento do engaço não houve diferença significativa entre FHIA-01, FHIA-18, FHIA-21 e Thap Maeo, que diferiram da Caipira e Red Yad. Para o diâmetro e peso do engaço destacaram-se FHIA-01 e FHIA-18 com as maiores médias. Com relação às avaliações da segunda penca, o diâmetro do fruto da segunda penca foi maior para as cultivares FHIA-01 e FHIA-21 que não diferiram entre si, mas diferiram estatisticamente dos valores das demais cultivares no primeiro ciclo. Já no segundo ciclo o destaque foi para FHIA-01, FHIA-18 e FHIA-21. Para comprimento do fruto da 2a penca destacaram-se as cultivares FHIA-21 e Red Yad com as maiores médias, superando as demais cultivares. Para o peso do fruto do 2a penca as cultivares FHIA-21 e Red Yad se destacaram no primeiro ciclo, mas no segundo sobressaíram as cultivares FHIA-01, FHIA-18 e Red Yad. Na característica número de frutos da 2a penca, a Caipira apresentou a maior média (17,95), diferindo estatisticamente das demais. No segundo ciclo a Caipira e Thap Maeo apresentaram as maiores médias, diferenciando-se estatisticamente das outras cultivares. Para as características de desenvolvimento, no diâmetro do pseudocaule na floração não houve diferença estatística significativa entre FHIA-01 (19,80), FHIA-18 (18,52) e FHIA-21 (18,99), que apresentaram as maiores médias, diferindo da cultivar caipira. Para o número de folhas na floração, a FHIA-01 apresentou a maior média (13,68), mas não diferiu estatisticamente da FHIA-18 (12,70) e Thap Maeo (12,71). A Caipira apresentou o menor número de folhas na floração. Na colheita não houve diferença significativa entre FHIA-01, FHIA-18, Caipira e Thap Maeo na avaliação do número de folhas, sendo que a FHAI-21 apresentou a menor média (7,49). No segundo ciclo não houve diferença estatística significativa entre FHIA-01, FHIA-18, Caipira, Thap Maeo e Red Yad. Os valores médios foram bem inferiores quando comparados ao primeiro ciclo. A perda de folhas pode ter sido influenciada pela ação do vento na área do experimento, que é característica da região.

Para os dados de altura da planta na floração, as cultivares FHIA-21 e Thap Maeo apresentaram as maiores médias, diferindo das demais cultivares. Embora a altura da planta só se estabilize no terceiro ano (Alves, 1999).

CONCLUSÕES

            Com base nos resultados obtidos nas condições em que foi conduzido o experimento, pode-se concluir que: as características climáticas da região do Sudoeste Goiano influenciaram no ciclo produtivo das cultivares; as bananeiras tipo Terra apresentaram os maiores ciclos produtivos; as cultivares FHIA-01, FHIA-18 foram as mais produtivas para as nossas condições; quanto à persistência das folhas no ato da colheita, destacaram-se a FHIA-01, FHIA-18 e Thap Maeo; quanto à aceitação pelos consumidores, destacam-se a Thap Maeo e FHIA-18 e a FHIA-21; os dados gerados neste experimento servirão de base para futuros trabalhos e fornecerão informações aos produtores da região que terão provavelmente que enfrentar a entrada da doença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, E. J. et al. Exigencias climáticas. In: ALVES, E. J. A cultura da banana. Aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1999. p.35-46.

ANDRADE, G. M. et al. Avaliação de Genótipos de Bananeira no Estado do Piauí. 1. Comportamento Vegetativo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17, 2001, Belém. Anais... Belém: SBF, 2002.

CARVALHO, J. R. P. et al. Avaliação de Genótipos de Bananeira no Estado do Piauí. 2. Comportamento Produtivo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17, 2001, Belém. Anais... Belém: SBF, 2002.

MOURA, R. J. M. et al. Avaliação de Cultivares e Híbridos de Bananeira na Zona da Mata Norte de Pernambuco (1o Ciclo). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17, 2001, Belém. Anais... Belém: SBF, 2002.

SILVA, S. O et al. Caracterização morfológica e avaliação de cultivares e híbridos de bananeira. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.2, 2000.



[1] Projeto: Prevenção da Sigatoka Negra no Estado de Goiás (cadastro n. 0308000098); 2 Coordenadorda do projeto/Universidade Federal de Goiás/CAJ/CCA – Rod. BR 364, Km192, Setor Parque Industrial, 1800 – Jataí-GO. E-mail: scscorrea@yahoo.com.br. 3 bolsista PIBIC – Curso de Agronomia/CAJ/CCA/UFG, E-mail: jpipij@ibest.com.br ; 4 bolsista Prefeitura Municipal Jataí/CAJ/CCA/UFG; 5 AGÊNCIARURAL; 6 Delegacia Federal de Agricultura de Goiás, 7 EMBRAPA/SNT-Goiânia-GO.