USO DE PRODUTO À BASE DE ALGAS MARINHAS NO
CONTROLE DA PAPILOMATOSE BOVINA (Área Temática: Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Pública)
LIMA, L. A.1; ASSIS, L. N.1; MARIN, G. G.2; CAMPOS, E. F.2; ASSIS. B. M.2; SOUZA, W. L.3; MOREIRA,
C. N.4; BRAGA, C. A.S. B.5.
Universidade Federal de Goiás - Campus Avançado de Jataí – Centro de Ciências
Agrárias e Biológicas (UFG/CAJ/CCAB) carlaafonso@bol.com.br
1 – Biólogas estagiárias do Laboratório de Microbiologia da
UFG/CAJ/CCAB; 2 – Alunos do Curso de
Medicina Veterinária da UFG/CAJ/CCAB; 3 – Médico Veterinário da COMIGO –
Jataí.; 4- Professora Doutoranda de Clínica Médica Animal da UFG/CAJ/CCAB; 5–
Professora Doutora de Microbiologia Veterinária da UFG/CAJ/CCAB.
Palavras-chave:
papilomatose, bovino, algas marinhas.
A papilomatose é uma doença infecto-contagiosa, causada por
um DNA-vírus, da família Papovaviridae, do gênero Papilomaloma vírus (CORRÊA
& CORRÊA, 1992) e consiste em tumores epiteliais que formam projeções
digitiformes microscópicas ou macroscópicas (ROBBINS et al., 2001). Os
papilomas cutâneos ou verrugas acometem bovinos, cavalos, caprinos e ovinos,
com menos de dois anos, sendo observado massas protusas, firmes, de coloração
branca ou brônzea, com superfície seca e cornificada e dimensões que variam
desde 1mm até 500mm (SMITH, 1994). Algumas lesões são cinzentas e mais planas,
possuindo fixação cutânea de base larga ou pedunculada. Quanto à localização,
aparecem mais comumente na cabeça, pescoço, tronco, membros, úbere e pênis (REBHUN
et al., 2000). As lesões que aparecem na pele têm importância econômica, pois
reduzem a qualidade do couro ou o inutilizam por completo. Nos casos mais
intensos, os animais apresentam cegueira, atraso no desenvolvimento e menor
ganho de peso, ocorrendo também descarte prematuro de fêmeas devido a
papilomatose incurável nos tetos (BEER, 1988). Existem vários tipos de
tratamentos, como os de fundo religioso (crenças e simpatias),
quimico-corrosivo, empirico-cientifico e imunoterapicos. Nenhum deles é
especifico e constante nos resultados, justificando assim a existência de
tantos outros (CORRÊA & CORRÊA, 1992, SILVA et al., 2002), como a
utilização de algas marinhas.
A utilização da alga Lithothamnium calcareum na alimentação
de bovinos vem sendo utilizada há algum tempo. Acredita-se que o composto
orgânico obtido com a trituração desta alga seja capaz de suprir deficiências
minerais ocorridas principalmente no gado de leite (DIAS, 2000). Sabe-se que principalmente em gado
leiteiro, as maiores necessidades minerais são em cálcio, fósforo e magnésio.
Esses minerais constituem ¾ das necessidades essenciais do rebanho. Deficiência
de tais elementos se traduz primeiramente em falta de apetite, a qual pode se
agravar, podendo se instalar quadro de anorexia. Quando há este sintoma
observa-se um processo de deficiência energética e logo após uma deficiência
protéica (PEIXOTO et al., 1995).
A nutrição como ferramenta para modular o sistema imune,
produzindo um estado ideal de imunidade, tem se tornado um fato real não apenas
em estados patológicos imunossupressores, como também para a manutenção dos
saudáveis (MENEZES &
BERTOLA, 2001), já que nas infecções virais o sistema imune é peça chave
no seu controle.
Objetivo
O objetivo deste trabalho foi o de utilizar um produto à
base de algas marinhas (Lithothamnium
calcareum)[1] no
tratamento de animais jovens portadores de papilomatose bovina.
O experimento foi realizado em uma fazenda no município de Jatai-
GO onde foram utilizados 12 bovinos, da raça Girholando, ambos os sexos, com
idade variando de seis a oito meses, e peso de 100 a 180kg. Antes de iniciar o
tratamento os animais foram devidamente contidos em bretes e pesados. As lesões
foram avaliadas de acordo com aspecto, intensidade, localização e forma. Após
avaliação, foi administrado, diariamente, 50g/animal de algas marinhas1,
durante 150 dias, sendo adicionadas ao concentrado ou a cana verde triturada.
A demora na recuperação do último animal, que necessitou de
150 dias de tratamento, provavelmente se deveu à gravidade do quadro em que se
encontrava, o qual apresentava dificuldade até mesmo de se alimentar no cocho,
pois a região da barbela se encontrava gravemente acometida.
Ao contrário de muitos tratamentos existentes na literatura
(CORRÊA & CORRÊA, 1992, SILVA et al., 2002), o resultado obtido, com 100%
de recuperação dos animais, provavelmente se deveu a correção de qualquer
deficiência mineral existente no rebanho com a administração das algas marinhas
na alimentação, como sugere DIAS (2000), o que permitiu a atuação satisfatória
do sistema imune dos animais no combate ao agente viral. A deficiência mineral
pode levar a uma deficiência protéica, como relata PEIXOTO et al., (1995), o
que irá prejudicar a resposta imunológica do organismo, constituída basicamente
de proteína (TIZARD, 1998), tornando
o indivíduo altamente susceptível a infecções virais, como o da papilomatose
bovina.
Acredita-se, portanto, que
é necessário se ter um estado nutricional ideal para que se obtenha uma
imunidade adequada,
como salienta MENEZES &
BERTOLA (2001), principalmente frente a infecções virais, onde a atuação do
sistema imune é de fundamental importância.
O produto à base de
algas marinhas utilizado neste trabalha foi 100% eficaz na recuperação de
animais portadores de papilomatose bovina.
Referências Bibliográficas
BEER,J; Doenças
infecciosas em animais domésticos. São Paulo: Roca, 1988,380p.
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MEDSI, 1992. 843p.
DIAS, G.T.M. Granulados bioclásticos – algas calcárias. Revista brasileira
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2000, p. 308-318.
MENEZES, H.; BERTOLA, E. A interrelação
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Acesso em: 17/09/2004.
PEIXOTO,A.M.;MOURA,J.C.;FARIA,V.P.; Nutrição de bovinos, conceitos básicos e aplicados. 5. ed.
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27-31, 2002.
SMITH, B.P. Tratado
de medicina interna de grandes animais. São Paulo: MANOLE, 1994. 1738p.
vol. 2.
TIZARD,I.R. Imunologia
veterinária, uma introdução. 5. ed. São Paulo: ROCA, 1998. 545p.
Órgão de Fomento
Este trabalho foi financiado pela PW Distribuidora, Mineiros
– GO.