Biologia de Maecolaspis sp. e Megaceslis
sp. em condições de laboratório
Campus Avançado de Jataí, Curso de Agronomia
Estudou-se
a abundância,desenvolvimento e biologia de Maecolaspis
sp e Megascelis sp. em condições
de laboratório. Verificou-se que para as condições de Jataí, Megascelis sp. é predominante sobre Maecolaspis sp. As populações de larvas
no solo são baixas quando comparadas com a população de adultos. Plântulas de
soja mostraram-se inadequadas para o desenvolvimento de Maecolaspis sp., no entanto os insetos completam o ciclo quando
alimentados sobre este hospedeiro. A dieta artificial empregada foi inadequada
para o desenvolvimento de Maecolaspis sp,
visto que nenhuma larva completou seu ciclo. O tempo médio para que Maecolaspis sp. complete seu ciclo foi
de 32,8 dias.
Palavras-chave: soja, inseto, praga de solo
Insetos da Família Chrysomelidae, comumente referidos
como “vaquinhas” e “cascudinhos”, principalmente dos gêneros Cerotoma, Diabrotica,
Megascelis e Maecolaspis ocorrem freqüentemente em lavouras de feijão e soja. Os
adultos alimentam-se de folhas, flores e vagens das plantas hospedeiras. As
larvas podem atacar as sementes em germinação, plantas recém emergidas e as
raízes de plantas em desenvolvimento, além de nódulos das leguminosas (HEINECK,
1993).
No Brasil, a literatura sobre o hábito alimentar de
insetos do gênero Megascelis e Maecolaspis é escassa. Sabe-se que são
insetos que atacam a parte aérea das planta, mas nos Estados Unidos há
registros de que, em altas densidades populacionais estes insetos alimentam-se
de raízes e nódulos de soja (DIETZ et al., 1976). Nos locais onde estas altas
populações ocorrem, aparecem manhas em reboleiras, semelhantes às encontradas
em áreas com nematóide.
No Brasil, a literatura sobre hospedeiros desta
espécie é relativamente escassa. Insetos deste gênero foram encontrados
atacando citros (C. pallipes), eucalipto (C. quadrimaculata),
espiguetas de trigo (C. tarsata), goiabeira, jabuticabeira e outras
mirtáceas (C. tetrastica), soja e trigo (C. tibialis), enquanto
espécies do gênero Maecolaspis foram relatadas atacando berinjela,
citros e algumas solanáceas (M flavipes), tubérculos de batatinha
(larva) e outras solanáceas (M. occidentalis), videira, algodoeiro e
batata doce (M. trivialis). LOURENÇÃO et al. (1997) e HOFFMANN-CAMPO
et al. (2000), relatam a ocorrência desse inseto atacando soja sem, no
entanto, fazerem qualquer referência a outro hospedeiro.
O objetivo do presente trabalho foi
estudar a ocorrência, desenvolvimento de Maecolaspis
sp. e Megascelis sp. em condições de
laboratório, assim como a biologia destes insetos.
MATERIAL E MÉTODO
Levantamento
da densidade populacional de larvas adultos
Os levantamentos das densidades populacionais de
larvas e adultos foram realizados no município de Jataí no período de
novembro/2003 a fevereiro de 2004. Realizou-se também o levantamento de larvas
presentes nos nódulos de soja.
Levantamento da população de larvas
no solo
O levantamento de larvas no solo foi realizado através
de amostragem de solo retirado de trincheiras de 1,0x0,30x0,30m, num total de
10 pontos por cada área amostrada. O solo foi trazido para o laboratório,
revolvido e as larvas coletadas foram identificadas e o número total de larvas
de Maecolaspis sp. e Megaceslis sp. anotado.
Levantamento da população de adultos
O levantamento de adultos nas áreas amostradas foi
realizado através de rede de varredura. Um número médio de 10 “redadas” foi
adotado pelo amostrador, caminhando aleatoriamente na área. Os insetos foram
mortos num frasco mortífero, acondicionados em recipientes e levados ao
laboratório para posterior contagem e identificação.
Levantamento
de larvas em nódulos de soja.
O levantamento larvas em nódulos foi realizado em uma
área localizada no município de Jataí, diferente daquela descrita acima. O
sistema radicular de plantas de soja em cada ponto amostral foram retirados e
acondicionados em sacos de papel e em seguida levados para o laboratório, onde
procedeu-se a contagem do número total de nódulos, nódulos normais e nódulos com larvas e/ou nódulos
danificados pelas espécies de Maecolaspis sp.e Megascelis sp. Após a contagem, estes nódulos foram mantidos em
BOD, em temperatura de 25±2oC, a fim de
observar a emergência de adultos.
Estudo da Biologia de Maecolaspis sp. e Megascelis
sp. em condições de laboratório
Para estudo da biologia de Maecolaspis sp e Maecolaspis
sp. foram avaliados os seguintes parâmetros:
a.
Número de ovos/massa de
ovos: nas massas de ovos obtidas em laboratório foram contados os números de
ovos/massa de ovos e obteve-se o número médio.
b.
Período ovo-adulto
Resultados e Discussão
Levantamento da densidade
populacional de larvas e adultos
O levantamento de larvas nas áreas amostradas revelou
uma baixa densidade populacional no solo. Estes resultados não podem ser
correlacionados com a presença de adultos nestas áreas, pois a população de
adultos nas áreas amostradas era elevada, tanto de espécimes do gênero Maecolaspis,
quanto Megascelis. O comportamento de oviposição desse inseto é pouco
estudado e os dados em literatura são inexistentes.
Os resultados dessas amostragens indicaram que o
gênero Megascelis é mais abundante que Maecolaspis, tanto na soja quanto em feijão, estando sempre
em densidades populacionais mais elevadas. As densidades populacionais desse
gênero na soja e no feijão são muito semelhantes. No entanto não é possível
afirmar que não há diferença na preferência alimentar por uma das espécies,
visto que em função das altas populações na soja, há uma constante migração de
insetos para áreas de feijão, principalmente no final do ciclo da cultura da
soja, quando há competição por alimento. Neste mesmo período, a migração para
áreas de milho safrinha é significativa, pois as plântulas fornecem mais um
local de alimentação.
O levantamento de larvas em nódulos revelaram um
grande número de nódulos danificados por larvas. A espécie predominante foi de Megascelis sp., visto que do total de 12
adultos que emergiram dos nódulos, 11 foram dessa espécie.
Biologia de Maecolaspis sp. e Megascelis
sp. em condições de laboratório
Com relação ao número de ovos por massa de ovos, este
variou de 50 até 121 ovos, com número médio de 94,14 ovos. Não foi possível
determinar o número médio de massa de ovos por fêmea.
O período médio para eclosão da larva em 10 amostras
isoladas em laboratório foi de 9,5 dias. Constatou-se que o período larval de Maecolaspis sp. foi de 23,3 dias, o que
permite concluir que para completar o ciclo (ovo-adulto) o período médio
requerido foi de ,32,8 dias.
Conclusções
a.
Megascelis sp.
é a espécie de cascudinho mais abundante em Jataí –GO, tanto em feijão quanto
em soja;
b.
Em algumas áreas é
possível constatar a presença de larvas, principalmente de Megascelis sp., atacando nódulos de soja;
c.
Maecolaspis
sp. apresenta em condições de laboratório um ciclo médio de 32,8 dias;
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
DIETZ, L.L., VAN DUYN, W.,
BRADLEY, J.R., RABB, W.M., BROOKS, W.M., STINNER, R.E. A guide to
identification and biology of soybean arthrops in North Caroline. N.C.
Agric. Exp. Stn. Technology Bulletin. 1976, 238p.
HOFFMANN-CAMPO, C.B.,
MOSCARDI, F., CORRÊA-FERREIRA, B.S., OLIVEIRA, L.J., SOSA-GÓMEZ, D.R., PANIZZI,
A.R., CORSO, A.R., GAZZONI, D.L., OLIVEIRA, E.B. Pragas da soja no Brasil e
seu manejo integrado. Embrapa Soja.
Circular Técnica, 30. 2000. 70p.
HEINECK,
M.A. Aspectos biológicos de C. arcuata tingomariana em soja. In: Reunião
Sul-Brasileira de Insetos do Solo, 4, Passo Fundo, 1993. Anais. , p. 9-11,
1993.
LOURENÇÃO,
A.L., MIRANDA, M.A.C., PEREIRA, J.C.N.A., AMBROSANO, G.M.B. Resistência de soja
a insetos; X comportamento de cultivares e linhagens em relação a percevejos e
desfolhadores. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil. v. 26, n.3,
p.543-50, 1997.