DINÂMICA ESTRUTURAL DE
UM LATOSSOLO VERMELHO TÍPICO SUBMETIDO
A DIFERENTES SISTEMAS DE PASTEJO NA MICRORREGIÃO DE GOIÂNIA-GO
Eduardo
da Costa SEVERIANO1;
2; Geraldo César
de OLIVEIRA1
1
Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Caixa
Postal 131, CEP 74001-970, Goiânia – GO; 2 Bolsista de PIBIC/CNPq.
E-mail: eduardoufg@yahoo.com.br; geraldocesaroliveira@yahoo.com.br
Palavras-chave: Estrutura do solo; Pastejo
rotacionado; Pastejo contínuo; Sistema Barreirão
INTRODUÇÃO
A Microrregião de Goiânia é predominantemente
recoberta por Latossolos Vermelhos, e tem uma forte tradição para a Pecuária.
Em função da excelência em termos de fertilidade física e relevo, os solos
desta região do Estado vêm sendo utilizados de forma intensiva, não existindo,
entretanto, muitos trabalhos que revelam o real estado das condições destas
pastagens. No Brasil Central como um todo, existem estimativas de que cerca de
35 milhões de hectares de solos sob pastagens se apresentam em algum estágio de
degradação (Barcellos, 1996).
Entre os fatores que influenciam os
atributos físicos de um solo sob pastagem, Imhoff et al., (2000) destacam a
taxa de lotação empregada e a umidade do solo, no momento do pastejo.
O
presente trabalho objetiva avaliar a dinâmica estrutural de um Latossolo
Vermelho argiloso, submetido as diferentes práticas de manejo de pastagem, recoberto
por diferentes plantas forrageiras, baseados na resistência à penetração sob
umidade controlada, e em atributos físico-hídricos do solo.
MATERIAL E MÉTODOS
Na
condução deste estudo foram selecionadas áreas experimentais em um Latossolo
Vermelho típico, consistindo nos seguintes tratamentos: - 1. Área irrigada, recoberta
pelo capim P. maximum CV. Tanzânia, explorada na formas de pastejo rotacionado
com número médio de 5-6 Unidade Animal ha-1 no período chuvoso, e
2-3 Unidade Animal ha-1 no período da seca, onde se avaliou a área
sob influencia da touceira e a área das entre-touceiras; 2. Área experimental
de pastejo recoberta com Brachiaria decumbens manejada sob o “Sistema
Barreirão” explorada de forma racional e 3. Área sob vegetação de mata,
utilizada como referência.
Em cada área analisada, foi realizada testes de penetrometria, em três
diferentes conteúdos de água no solo. Nas duas camadas consideradas
contrastantes pelo teste de penetrometria (0-5 cm e 20-30 cm) Foram coletadas
seis amostras não deformadas, por tratamento, para análise da densidade do solo
(Ds) e capacidade de campo do solo (quantidade de água retida no solo submetido
à tensão de 6 Kpa).
Os resultados foram submetidos à análise de variância segundo o
delineamento inteiramente casualizado. A comparação das médias dos tratamentos
foi feita pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E
DISCUSSÕES
O solo sob pastejo rotacionado, na profundidade de 0-5 cm da área sob
influência das entre touceiras do Capim Tanzânia (Entre touc.), apresentou a
maior RP dentre todos os tratamentos, variando a sua resistência de 2,46 Mpa
para um conteúdo médio de água no solo de 0,40 m3 m-3 (próximo
da Capacidade de Campo, Tabela 1) para 10,69 Mpa para um conteúdo médio de água
no solo de 0,24 m3 m-3 (próximo do Ponto de Murcha
Permanente, Tabela 1), o que demonstra a importância de se realizar os testes
de resistência em diferentes conteúdos de água no solo. Independente do conteúdo
de água no solo, a área sob mata, ofereceu a menor resistência à penetração
quando comparado aos outros tratamentos, o que reflete o estado de preservação
da estrutura do solo sob condições naturais.
Tabela 2. Atributos
físico-hídricos do Latossolo vermelho distrófico, sob diferentes usos, no
Campus II, Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO(1).
Uso(1) |
Ds |
CC |
PMP |
RP (MPa) |
RP (MPa) |
RP (MPa) |
(Kg dm-3) |
-------(m3 m-3)------- |
(0,24 m3 m-3) |
(0,31 m3 m-3) |
(0,40 m3 m-3) |
||
Profundidade 0-5 cm |
||||||
Mata |
0,95 E |
0,32 B |
0,17 D |
1,28 C |
1,22 B |
1,07 B |
Barreirão |
1,22 C |
0,43 A |
0,22 BC |
2,20 C |
1,40 B |
1,22 B |
Touceira |
1,38 B |
0,40 AB |
0,25 AB |
5,34 B |
2,73 B |
1,31 B |
Entre touc. |
1,47 A |
0,41 AB |
0,26 A |
10,69 A |
6,27 A |
2,46 A |
Profundidade 20-30 cm |
||||||
Mata |
1,11 D |
0,31 C |
0,20 C |
2,49 C |
2,03 B |
1,36 B |
Barreirão |
1,10 D |
0,33 BC |
0,20 C |
4,54 BC |
2,18 B |
1,79 AB |
Touceira |
1,29 BC |
0,37 B |
0,23 B |
7,07 B |
2,63 B |
1,70 AB |
Entre touc. |
1,30 B |
0,38 AB |
0,23 B |
8,54 AB |
3,17 B |
1,74 AB |
(1) Para cada parâmetro analisado,
independente da profundidade, médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas,
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; Ds: Densidade
do solo; CC: Capacidade de Campo; PMP: Ponto de Murcha Permanente; RP:
Resistência à penetração (média de 6 repetições).
Para o conteúdo médio de água no solo de 0,24 m3 m-3,
na profundidade de 20 a 30 cm todas as parcelas sob interferência
antrópica apresentaram valores de RP limitantes para o desenvolvimento adequado
das plantas cultivadas (Camargo e Alleoni, 1997), sendo o valor mais alto
encontrado na área das entre touceiras do Pastejo Rotacionado. Ressalta-se,
entretanto, que, por se tratar de um Latossolo Vermelho argiloso, o conteúdo de
água no solo de 0,24 m3 m-3 provavelmente não é o mais
adequado para este tipo de análise, pelo fato de o fluxo de água não mais
atender satisfatoriamente a demanda evapotranspiratória da maioria das plantas
cultivadas pelo fato de estar próximo do ponto de murcha permanente. Nesta
mesma profundidade, com o aumento do conteúdo de água no solo para 0,40 m3
m-3 (próximo da capacidade de campo, Tabela 1), a resistência
do solo à penetração caiu para abaixo de 2,0 Mpa, o que segundo Camargo e
Alleoni (1997) não limita o melhor desenvolvimento da maioria das plantas
cultivadas.
Ainda em análise da Tabela 1, na
profundidade de 0 a 5 cm o solo sob mata apresentou o menor valor de Ds, o que
se deve à boa estruturação do solo sob estas condições. Baseado neste atributo
do solo, em todas as áreas que sofreram ação antrópica, foi diagnosticada
alguma alteração na estrutura do solo, sendo o solo sob pastejo rotacionado
entre touceiras o que apresentou o maior valor de Ds. Isto se deve ao fato que
nas áreas de pastagens irrigadas, na busca de se otimizar o uso do solo pela elevação
da taxa de lotação dos piquetes, em conteúdos de água do solo inadequados, o
pastejo acaba acelerando o processo de degradação estrutural, sendo esta a
provável causa desta degradação (Imhoff et al., 2001).
Na profundidade de 20 a
30 cm, o solo sob pastejo rotacionado apresentou valores de Ds iguais
estatisticamente, independente do local amostrado. A densidade do solo sob
pastejo rotacionado é maior quando comparada com o solo sob mata e Sistema
Barreirão, o que demonstra a possibilidade de se realizar um manejo racional de
pastagens.
CONCLUSÕES
A avaliação da
resistência à penetração indica que o Latossolo em estudo pode apresentar algum
tipo de restrição ao melhor desenvolvimento do sistema radicular das plantas
forrageiras, particularmente em condições de baixas umidades do solo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARCELLOS,
A.O. Sistema extensivo e semi intensivo de produção: pecuária bovina de corte
no cerrado. In: SIMPÓSIO SOBRE O
CERRADO. BIODIVERSIDADE E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE ALIMENTOS E FIBRAS NOS CERRADOS.
Brasília, 1996. Anais, P. 130-136.1996.
CAMARGO, O.A. e ALLEONI, L.R.F. Compactação do Solo e o Desenvolvimento de
Plantas. Piracicaba, ESALQ, 1997. 132 p.
IMHOFF, S.;
SILVA, A.P.; TORMENA, C.A. Aplicações de curva de resistência no controle da
qualidade física de um solo sob pastagem. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.7, p.1493-1500, jul. 2000.