TÍTULO: Avaliação sensorial de ricota condimentada com açafrão (Curcuma longa L)

RABELO, D. S[1].; FERNANDES, T. R. O1.; CRUVINEL, F. W. O1.;MOURA, C. J[2].; TORRES, M.C.L2.

ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

E-mail: daniela.rabelo@pop.com.br   e cjdmoura@agro.ufg.br

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo a avaliação do efeito do extrato alcoólico de açafrão sobre as características sensoriais de ricota condimentada e aceitação do produto pelo consumidor.  Amostras de ricota condimentada com extrato alcoólico de açafrão com concentrações de 1,0% e 1,5% foram submetidas à avaliação sensorial, onde o provador expressou sua aceitação pelo produto seguindo uma escala previamente estabelecida. Amostras contendo 1,0% e 1,5% de extrato alcoólico de açafrão foram levadas a um hipermercado de Goiânia onde consumidores de variadas faixas etárias provaram o produto e expressaram o score de aceitação. A aceitação da ricota condimentada com 1% de açafrão alcoólico foi aumentada à medida que o tempo de maturação do produto aumentou. Sendo que ao final de trinta dias de estocagem 76,36% dos consumidores comprariam o produto desenvolvido.

INTRODUÇÃO

A ricota é um produto de origem italiana, onde normalmente é fabricada por meio de uma precipitação dupla a fim de retirar todas as proteínas do leite. No Brasil é produzida usando-se soro como matéria-prima e, por isso, é também conhecida por Queijo Albumina, pois esta é uma proteína do soro presente em grande quantidade na ricota e não é coagulada pelo coalho (DUTRA, 2004).

O açafrão e seus subprodutos são usados na indústria de alimentos e domesticamente como temperos. Entretanto, com a proibição do uso de pigmentos sintéticos nos principais países da América do Norte e Europa (MAIA, 1991; RUSING E MARTINS, 1992). O emprego da cúrcuma deixa de atender tão somente ao mercado condimentar, para disputar o crescente mercado de aditivos naturais de alimentos, principalmente com a finalidade de corante e antioxidante. Além do corante curcumina, a cúrcuma possui óleos essenciais de excelentes qualidades técnicas e sensoriais que, juntos, possibilitam estender sua utilização aos mercados de perfumaria, medicinal e têxtil (CECÍLIO FILHO, 1996).

Além dos benefícios proporcionados à saúde, diversos estudos têm demonstrado o efeito inibidor de condimentos no crescimento de microrganismos deteriorantes e patogênicos veiculados por alimentos, (FERREIRA, 2003).

As atividades antimicrobiana e anti-protozoária têm sido demonstradas pelos extratos de cúrcuma e seus componentes. O extrato etanólico da Curcuma longa L. inibiu o crescimento da maioria dos organismos em colecistites (LUTOMSKI et al., 1974). Enquanto os curcuminóides foram bacteriostáticos contra Staphylococcus (RAMPRASAD & SIRSR, 1956b), os óleos essenciais apresentaram atividades bactericida (LUTOMSKI et al., 1974) e fungistática (SAWADA et al., 1971). O extrato alcoólico também exibiu atividade anti-protozoária (DHAR et al., 1968). O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do açafrão, como condimento de ricota, sobre as características sensoriais desta e também sua aceitação pelo consumidor.

MATERIAIS E MÉTODOS

A fabricação da ricota condimentada com diferentes concentrações de açafrão seguem a metodologia citada por FERREIRA (2003).

A acidez do soro foi reduzida  com NaOH para 8ºD; A seguir foi aquecido até 92°C, quando foi acidificado com ácido lático e elevando a temperatura até novo aquecimento (até 95°C. Após a precipitação das proteínas A massa foi coletada e então foi adicionado o extrato alcoólico de açafrão nas concentrações de 1,0 e 1,5%sendo então enformado resfriado, embalado em filme de polietileno  e armazenado XºC.

O extrato alcoólico de curcuma foi obtido pela mistura de 1parte de curcuma em pó para 6 de etanol 92,8% segundo técnica descrita por TOSO, 2002.

Ricota condimentada com extrato alcoólico de açafrão com concentrações de 1,0 e 1,5% foram submetidas ao teste de aceitação por 80 provadores não treinados em um hipermercado de Goiânia utilizando-se a escala hedônica de sete pontos ,(8: gostei extremamente; 7: gostei muito; 6: gostei; 5: não gostei nem desgostei; 4: desgostei; 3: desgostei muito; 2: desgostei extremamente) segundo CHAVES (1999).          

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pode  ser visto na Figura 1 os resultados do teste de aceitação  da ricota condimentada com 1,0% de extrato alcoólico de açafrão realizada no dia da fabricação do produto 49,35% dos provadores aceitaram bem o produto e 30,40% não aceitaram, sendo que 55,53% destes não o comprariam. Com relação aos provadores 20,25% se mostraram indiferentes ao novo produto. Já com quinze dias de armazenamento 65% dos consumidores aprovaram o produto; 16,25% ficaram indiferentes e 18,75% desgostaram. No trigésimo dia de armazenamento 56,36% dos consumidores levariam o produto à mesa; 20% destes continuaram indiferentes ao novo produto sendo que a maioria respondeu que compraria o produto por uma questão de saúde e 23,63% não gostaram do produto.

Em relação à ricota condimentada com 1,5% de açafrão observou-se que na análise feita no primeiro dia de armazenamento 40,47% (figura 1) dos provadores rejeitaram a ricota condimentada com açafrão, Já 33,35% aceitaram o produto e 26,19% ficaram indiferentes ao mesmo, mas sugeriram que uma concentração menor do extrato alcoólico fosse adicionada. No décimo quinto dia de armazenamento a porcentagem de provadores indiferentes ao produto caiu para 17,28%. Também o número de consumidores que gostaram do produto abaixou, contrariando a hipótese de que ao longo do tempo parte do álcool “desapareceria”.

Analisando os dados pode-se afirmar que a aceitação da ricota condimentada com 1% de extrato de açafrão aumentou ao longo do tempo de maturação, entretanto na ricota condimentada com 1,5% o nível de aceitação do produto foi inverso, aumentando a rejeição ao longo do tempo de estocagem.

De acordo com a Figura 1, o resultado do teste de aceitação da ricota condimentada com açafrão a 1%, realizada com 15 dias de armazenamento foi a que obteve melhor aceitação pelos provadores, obtendo um “score” médio de 5,6. A ricota condimentada com extrato alcoólico de açafrão, na concentração de 1,5% de sólidos no extrato obteve melhor aceitação na primeira análise feita no tempo 0 (zero) de armazenamento, sendo o “score” médio 4,7.

Figura 1. Scores médios atribuídos por 80 provadores, não treinados, a ricota condimentadas com 1 e 1,5% de açafrão.

 CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

CECILIO FILHO, A. B. Época e Densidade de Plantio Sobre a Fenologia e o Rendimento da Curcuma (Curcuma longa L.). Lavras: UFLA, 1996. 100p. (Tese-Doutorado em Fitotecnia).

CHAVES, José Benício Paes. Práticas de Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas. Viçosa: UFV, 1999. 81p.:il. (Cadernos didáticos, 66).

DHAR, M. L.; DHAR, M. M.; DHAWAN, B. N.; MEHROTRA, B. N.; RAY, C. Screening of indian plants for biological activity I. Indian Journal of Experimental Biology, New Dehli, v.6, p. 232-240, 1968.

DUTRA,E.R;PAtrius.Disponívelem:<http://www.atrius.com.br/nova_pagina_2111.htm>. Acesso em 23 jul. 2004, 17:23:48.

FERREIRA, A. C. Uso do Açafrão (Curcuma longa L.) na redução de Staphylococcus aureus ATCC 12600 em ricota. Lavras: UFLA. 2003. 75p.: il.

LUTOMSKI, J.; KEDZIA, B.; DEBSKA, W. Effect of na alcohol extract and active ingredients from Curcuma longa on  bacteria and fungi. Planta Medica, 26 (1): 9, 1974.

MAIA, N. B. A curcuma como corante. In: Seminário de Corantes Naturais, 2. Campinas, ITAL, 1991. p.65.

RAMPRASAD, C.; SIRSI, M. Observations on the pharmacology of Curcuma longa. Studies in indians plants Curcuma longa Linn. – Effects of curcumin and essential oil of C. longa on bile secretion. J. Sci. Res. Inst., v. 15, p. 212-216, 1956.

RUSING, O.; MARTINS, M. C. Efeito da temperatura, do pH e da luz sobre extratos de oleoresina de curcuma (Curcuma longa L.) e curcumina. Revista Brasileira de Corantes Naturais, Viçosa, v.1, n.1, 1992, p.158-164.

SAWADA, T.; YAMAHARA, J.; SHIMAZU, S.; OHTA, J. Evaluation of crude drugs by bioassay, III. Comparison with local variation of the contents and the fungistatic action of the essential oil from the roots of Curcuma longa. Shoyakugaku Zasshi, Tokyo, v. 25, n. 1, p.11, 1971.

TOSO, M. Comunicação pessoal, 2002.

 

Fonte de Financiamento: CNPq



[1] Alunos de graduação do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás.

[2] Professores do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás.