CONSTRUÇÃO
E AFERIÇÃO DE UMA MESA DE TENSÃO CONSTRUÍDA COM COLUNA DE AREIA NA DETERMINAÇÃO
DA MACRO E MICROPOROSIDADE DO SOLO[1]
COSTA,
A.R.[2];
OLIVEIRA, G. C.[3]; SEVERIANO, E.C.2; MENEZES, L. S.[4];
adriana_rodolfo@yahoo.com.br
Palavras-chave: macroporosidade; microporosidade; mesa de tensão.
É
apresentado um método rápido, simples, de fácil construção e baixo custo para
determinação da porosidade capilar e não capilar do solo.
O aparelho
foi construído no Laboratório de Física do Solo da Escola de Agronomia da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Vem sendo usado em outras universidades
tais como a de Piracicaba e Lavras, apresentando
resultados coesos.
A “mesa de
Tensão” é usada para determinar, pelo método de deficiência de pressão, os
vários conteúdos de umidade de uma amostra de
solo, previamente saturada, pela aplicação de tensões correspondentes a
coluna d’água de 20 até 100 centímetros de altura.
No
trabalho é apresentado a descrição, preparação e funcionamento do equipamento,
bem como os dados de aferição do mesmo. Provando a consistência dos dados
obtidos com uso do novo aparelho.
Segundo Vomocil (1965) na agricultura, a porosidade regula as relações entre as fases sólida, líquida e gasosa dos solos. Salienta-se, entretanto, que apenas o conhecimento da porosidade total de um solo não constitui uma informação muito importante para caracterizar suas propriedades, para isso é necessário saber qual a distribuição do tamanho de seus poros e a condição de aeração efetiva do solo (Kiehl, 1979; Oliveira,1968). Torna-se importante o conhecimento da distribuição da micro e macroporosidade do solo pelo fato destes atributos regularem o armazenamento e movimento da água e do ar do solo; o desenvolvimento do sistema radicular das plantas; o fluxo e retenção do calor e a tenacidade oferecida às máquinas agrícolas no trabalho com a terra.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a versão de um aparelho, conhecido no meio científico como “mesa de tensão”, de fácil construção e baixo custo, planejado para realizar um razoável número de determinações simultâneas (16 amostras) da’ macro e microporosidade, pelo método da coluna d’água.
Material
e Métodos
No estudo foram utilizadas doze (12) amostras de solo com estrutura indeformada. Coletadas no horizonte B de um Latossolo Vermelho localizado nas proximidades do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Goiás (UFG).
As amostras foram submetidas ã tensão de 6 kPa para determinação da microporosidade do solo (Oliveira, 1968; Oliveira et al.;2003). Em seis (6) amostras o teste foi feito utilizando-se de uma “unidade de sucção” previamente testada e aprovada. As demais amostras foram analisadas no aparelho proposto, conhecido nos meios científicos como “mesa de tensão”. Procurou-se estabelecer comparações entre os dois métodos visando a aferição do novo aparelho.
Descrição, Preparação e Funcionamento da “Mesa
de Tensão”
o aparelho consiste em uma mesa de madeira de 1,20 metros de altura, que dá suporte a uma bandeja de 32 centímetros (cm) de comprimento, 27cm de largura e 6 cm de altura, ligado através de uma canopla a um tubo de PVC de 100 milímetros (mm) de diâmetro da mesma altura da mesa (1,20 cm), que deve ser preenchido com materiais minerais de vários diâmetros
O preenchimento do tubo com materiais minerais de vários diâmetros foi realizado de baixo para cima. Primeiramente colocou-se uma camada de aproximadamente 15 cm de brita 0 (mais grossa), seguido de 15 cm de brita 1 e 15 cm de brita 2. Estes materiais foram previamente lavados.
Na seqüência o tubo de PVC recebeu 25 cm de areia grossa e 25 cm de areia média. Na complementação o tubo foi preenchido com areia fina. A bandeja recebeu uma camada de 2cm de areia muito fina (Segundo as escalas da U.S.D.A.). É importante salientar que o tubo seja bem compactado.
Na base do cano, a mais ou menos 10 cm de altura, deve ser colocado um tubo de conexão para recepção de uma mangueira transparente com vistas a saída da água.
O funcionamento deste aparelho se baseia num método de deficiência de pressão para remover a água de amostras saturadas. Essas deficiência de pressão é obtida por diferença de nível entre os dois terminais de coluna d’água (Oliveira, 1968). Estes terminais, no caso, são os níveis de areia da bandeja e o outro a extremidade da mangueira, que pode ser regulada para tensões de 1 até 100 centímetros de coluna d’água.
resultados e discussões
Após a avaliação dos resultados, através da análise de variância e Teste de Tukey, concluiu-se que os dados obtidos com o uso da “mesa de tensão” são coerentes e de confiança. Como pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1: Parâmetros físicos do solo, avaliados em mesa de tensão e unidade de sucção.
|
Ds |
VTP |
Macroporos |
Microporos |
Mac:Mic |
|
---kg dm-3 --- |
---------------------dm3 dm-3
-------------------- |
|
||
Unidade de
Sucção
|
1,11n.s. |
0,58 n.s. |
0,26 n.s. |
0,32 n.s. |
0,83 n.s. |
Mesa de Tensão |
1,10n.s. |
0,59 n.s. |
0,26 n.s. |
0,33 n.s. |
0,78 n.s. |
n.s.: Não significativo à 1% de probabilidade pelo teste Tukey.
Para um bom funcionamento da “mesa de tensão” e obtenção de excelentes resultados é preciso tomar algumas precauções, que comumente são causas de erro: saturar completamente a amostra; evitar perdas por evaporação; evitar descontinuidade líquida entre o nível de areia e a extremidade da mangueira, o que permitiria a entrada de ar e conseqüente perda da determinação.
conclusões
O diagnóstico realizado demonstrou a viabilidade do uso da mesa de tensão construída com coluna de areia nas determinações da macro e microporosidade do solo;
O aparelho é recomendado para trabalhos em série, uma vez que comporta muitas amostras de uma única vez.
referências Bibliográficas
KIEHL, E. J. Manual de Edafologia : relações solo-planta. São Paulo, Ed. Agronômica Ceres, 1979.262p.
OLIVEIRA, L. B. Determinação da macro e microporosidade pela "mesa de tensão" em amostras de solo com estrutura indeformada. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Recife, V.3, p.197-200, 1968.
OLIVEIRA, G.C.; DIAS JÚNIOR, M.S.; RESCK, D.V.S.; CURI, N. Alterações estruturais e comportamento compressivo de um Latossolo Vermelho distrófico argiloso sob diferentes sistemas de uso e manejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38, n.2, p.291-299, 2003.
VOMOCIL, J. A. Methods of soil analysis. Part 1. Agronomy n.º 9. American
Society of Agronomy, Inc. Publisher. Madison, Wisconsin.