PRODUÇÃO
E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM BRAQUIARÃO CV. MARANDU FERTILIZADOS COM
DIFERENTES DOSES DE DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS1
RAMOS,
C.S.2; NAVES, M. A. T.3; FREITAS, K. R.4,
LEANDRO, W. M.5, ROSA, B.6
1 Projeto financiando pelo
CNPq
2 Acadêmico do curso de Agronomia da UFG e Bolsista
de IC/PIBIC (c1eber@ibest.com.br)
3 Acadêmica do Curso de
Agronomia da UFG e Bolsista de IC/CNPq
4 Zootecnista Mestre e
Doutoranda em Ciência Animal EV/UFG
5
Dr., Professor do Curso de Agronomia da UFG
6 Professor Titular do DPA/EV/UFG e Bolsista
Pesquisador do CNPq (beneval@vet.ufg.br)
Palavras-chave
adubação
nitrogenada, adubação orgânica, “brachiaria brizantha”.
Resumo
O experimento conduzido em
Goiânia-G0, no período de 11/2003 a 03/2004 teve como objetivo avaliar a
utilização de dejetos líquidos de suínos na produção e na composição
bromatológica do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu. Utilizou-se o delineamento em parcelas subdividas
no tempo (Split Plot in Time), distribuídas em blocos completos casualizados,
com quatro repetições, para avaliar a forrageira nos cinco tratamentos e nas
quatro épocas de corte das plantas a cada trinta e cinco dias de rebrota,
iniciado com uniformização (13/11/2002) e
a 4ª avaliação (01/04/2003) e o teste de Tukey (p<0,05) para a comparação
dos tratamentos, que são: Testemunha PK, Adubação química NPK, 100
m3 de dejetos/ha, 150 m3 de dejetos/ha, 200
m3 de dejetos/ha. A aplicação de todos os tratamentos foi
dividida em quatro, sendo feitas no mesmo intervalo dos cortes. Observou-se no tratamento
200m3 de dejetos/ha uma produção de 2269 Kg massa seca/ha, superior
ao tratamento químico 1634 Kg massa seca/ha. Com relação ao teor de proteína na
testemunha PK se mostrou inferior aos outros tratamentos. Conclui-se que a
aplicação de 200m3 de dejetos/ha/ano pode substituir a adubação NPK
(160 Kg de N/ha/ano) na recuperação de pastagens degradadas dos cerrados.
Material e Métodos
O
experimento conduzido no Departamento de Produção Animal da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás, localizado em Goiânia-GO, em
pasto de Brachiaria brizantha cv.
Marandu já implantado e com seis anos de uso. A área experimental
era constituída por quatro blocos com cinco parcelas (3 m x 4 m) cada um. Os
tratamentos testados foram: T1=reposição de 3,5 kg/ha de P205 e 18 kg/ha de
K2O/t MS de forragem colhida/ha, T2=reposição de 3,5 kg/ha de P205 e 18 kg/ha
de K2O/t MS/ha + 160 de N/ha, T3=100 m3 de dejetos líquidos de suínos/ha,
T4=150 m3 de dejetos líquidos de suínos/ha, T5=200 m3 de dejetos líquidos de
suínos/ha. Os resultados obtidos no período de 07/2000 a 06/2001 (primeiro ano
de avaliação) são relatados por ROSA et al. (2002). No quarto no de avaliação
(2003/2004), as aplicações dos tratamentos foram divididos em 4 intervalos de
35 dias, sendo a primeira aplicação em 13/11/2003 corte de uniformização e a
quarta 01/04/2004. Os dejetos de suínos eram retirados de uma granja de
terminação, após um período de 90 dias de armazenamento eram colhidos de dois
tanques. Durante a aplicação retirava-se dois litros de amostra, que era levada
para um laboratório credenciado, para caracterizar seus nutrientes. Para a
avaliação quantitativa e qualitativa da forragem eram realizados cortes com
intervalos de 35 dias a 20 cm de altura do solo com auxílio de um quadrado de 1
m de lado e uso de tesoura em área útil de 2 m2. As amostras eram colocadas
dentro de sacos de polietileno, identificadas e levadas para o laboratório de
Nutrição Animal do DPA/EV/UFG, onde eram pesadas, processadas e analisadas.
Utilizou-se o delineamento em parcelas subdivididas no tempo (Split Plot in
Time) distribuídas em blocos completos casualizados, com quatro repetições e o
teste de Tukey (P<0,05) para a comparação das médias dos tratamentos,
segundo BANZATTO e KRONKA (1995). As análises bromatológica foram realizadas de
acordo com as recomendações de SILVA (1990) e MALAVOLTA et al. (1989).
Resultados e Discussão
Conforme
tabela 01, observa-se o efeito dos tratamentos sobre a produção de massa seca e
que a aplicação de 200 m3 de dejetos/ha proporcionaram uma produção
de 2.269 Kg de MS/ha, sendo superior (p<0,05) a produção obtida com a
aplicação de NPK de 1.634 Kg de MS/ha. Isto demonstra possível superioridade do
conteúdo de nutrientes dos dejetos em relação ao fertilizante químico. Os resultados
estão de acordo com os dados da literatura para gramíneas tropicais, que respondem com aumentos de MS aos aumentos
crescentes de N aplicado no solo. A falta do N na testemunha PK evidenciou a
menor produção de massa seca (926 Kg /ha) que confirma o N como indispensável
na produção de massa seca e sua deficiência com uma das causadoras degradações
dos pastos. Estes resultados estão de acordo com os dados obtidos por Rosa et.
Al. (2001), que para a produção acumulada de três cortes do Brachiaria brizantha cv. Marandu
verificaram um incremento de 132,6%, 44,4%, 74,8% e 146,2%, respectivamente,
para adubação NPK (160 Kg N), 100 m3, 150 m3 e 200 m3
de dejetos líquidos de suínos/ha/ano, comparada com a testemunha (adubação PK)
sendo, também, semelhante ao comportamento dos dados obtidos por BARNABE (2001)
que trabalhando com o mesmo capim obteve 133,4%; 41,9%; 109,3% e 156,1%,
respectivamente, para adubação NPK (120 Kg de N/ha/ano), 50 m3, 100
m3, 150 m3 de dejetos/ha/ano, comparados com a testemunha
(sem adubação de reposição). Observa-se, ainda, pelos dados da Tabela 01, que
no tratamento sem aplicação de N o teor médio de PB foi inferior (p<0,05)
aos teores médios dos tratamentos que receberam N, porem todos os tratamentos
atendem as exigências mínimas dos ruminantes. Observa-se, pela tabela 1, que
não houve diferença significativa (p>0,05) entre as épocas de corte,
possivelmente, pelo clima favorável para o bom desenvolvimento das plantas com
precipitação de 236,9; 291,7; 385,9 e 332,3 mm, temperatura média 24,3; 24,8;
23,4 e 22,3°C, respectivamente para os meses de novembro e dezembro de 2003 e
janeiro, fevereiro e março de 2004.
Conclusão
A
aplicação de 200 m3 de dejetos líquidos de suínos/ha/ano pode
substituir a adubação NPK (com 160 Kg de N/ha/ano) na recuperação de pastagens
na região dos cerrados.
Referência Bibliográfica
BANZATTO, D.; KRONKA,
S. N. Experimentação Agrícola, 3. Ed., Jaboticabal:FUNAP, 1995. 247 p.
BARNABÉ, M.C. Produção
e composição bromatológica da Brachiaria brizantha Stapf cv. Marandu adubada
com dejetos líquidos de suínos. Goiânia:UFG (Dissertação de Mestrado).
DUNNETT, C. W. A multiple comparisons procedure for comparing several
treatments with a control. Jasa, v. 50, p. 1096-1121, 1955.
KONZEN, E. A. Manejo
e utilização de dejetos: solução para o produtor de suínos. In: RODADA GOIANA
DE TECNOLOGIA EM MANEJO DE SUÍNOS, 3., Goiânia, 2001. Anais... Goiânia:AGS,
2001. p.27-38.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação
do estado nutricional de plantas – Princípios e premissas. Piracicaba: POTAFOS,
1989. 289p.
ROSA, B.; BARNABÉ, F. H. G. A.; SILVA, L. T.
Utilização dos dejetos líquidos de suínos como fonte de NPK para o capim
Braquiarão (Brachiaria brizantha cv.
Marandu). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILIERA DE ZOOTECNIA, 39, 2002.
Recife. Anais...Recife, CD ROOM.
Tabela
Tabela
01- Produção e composição bromatológica do capim Braquiarão no ano agrícola
2003/2004.Goiânia, GO.
Tratamentos |
PB(%MS) |
FDN |
FDA |
HEM |
MSO% |
Kg MS/ha |
Testemunha |
8,37b |
67,1 |
32,37ab |
34,73 |
24,15a |
925,9d |
Trat. Químico |
9,68a |
67,03 |
34,67a |
32,35 |
21,86bc |
1634,3bc |
Trat. 100 m3 |
8,93ab |
65,61 |
33,39ab |
32,22 |
22,94b |
1487,1c |
Trat. 150 m3 |
9,61a |
66,09 |
32,15b |
33,93 |
21,72c |
1840,6b |
Trat. 200 m3 |
9,79a |
66,52 |
33,96ab |
32,55 |
21,79c |
2268,6a |
Época Corte |
|
|||||
17/12/2003 |
8,73b |
67,86a |
32,04b |
35,82a |
24,21a |
1634,5 |
21/01/2004 |
8,46b |
69,51a |
35,01a |
34,50ab |
20,61b |
1678,65 |
26/02/2004 |
9,93a |
66,10b |
34,07ab |
32,02bc |
21,51b |
1528,3 |
01/04/2004 |
9,98a |
62,41c |
32,12b |
30,29c |
23,64a |
1683,8 |
Tratamento |
0,032 |
NS |
2,54 |
NS |
0,001 |
0,001 |
Época Corte |
0,001 |
0,001 |
0,04 |
0,001 |
0,001 |
NS |
Trat.x Época |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
CV % |
12,14 |
3,03 |
7,26 |
9,06 |
4,99 |
18,52 |
a,
b,c, d – mostram que houve diferença significativa entre tratamento (Tukey).