Estudo histomorfométrico intestinal e de
macrófagos espumosos, do fígado e linfonodo, de bovinos alimentados com Brachiaria
brizantha
CAMARGO*, A. S.; FIORAVANTI, M. C. S; TRINDADE, B. R.; BRUM, K. B.;
MENESES, L. B.
*
Escola de Veterinária/Universidade Federal de Goiás
E-MAIL
(bolsista): alexcamargooo@hotmail.com
E-MAIL
(orientadora): clorinda@vet.ufg.br
Palavras-chave: bovino, Brachiaria brizantha, histomorfometria
1 INTRODUÇÃO
Aproximadamente 95% dos bovinos
de corte no Brasil são mantidos em regime de pastagens, formadas em sua maioria
com a forrageira B. brizantha (ANUALPEC,
1999).
De acordo com FIORAVANTI (1999) a incidência da
intoxicação subclínica por esporidesmina, em bovinos em idade de abate,
mantidos em pastagens de Brachiaria sp.,
é de 64% e o achado histopatológico sugestivo de esporidesminotoxicose e a
colangiohepatite. Existe correlação negativa entre peso vivo das fêmeas e dos
machos e o número de macrófagos encontrados no fígado. A correlação negativa
também foi significativa entre a intensidade da doença e o peso vivo das
fêmeas.
Os objetivos
deste trabalho foram verificar se o tipo de suplementação interfere no tamanho
das vilosidades, em bovinos mantidos sob regime de pastejo em Brachiaria brizantha e determinar a
área, o perímetro, diâmetro maior e o diâmetro menor de macrófagos espumosos
apresentando-se sob a forma de células gigantes de Tuton, encontrados no fígado
e linfonodo de bovinos mantidos sob regime de pastejo em Brachiaria brizantha.
Um
grupo de 60 animais da raça Nelore, com aproximadamente 24 meses de idade e
peso vivo médio de 300 Kg foi distribuído aleatoriamente em três subgrupos de
mesmo número de animais.
O
tratamento I forneceu minerais por meio de mistura de sais minerais em pó
(suplemento mineral) fornecida à vontade em cocho saleiro instalado no piquete.
O
tratamento II forneceu minerais, proteína, energia e vitaminas, sendo que foi
formulado com sais minerais em pó, fontes vitamínicas e farelos de origem
vegetal (suplemento múltiplo), e foi fornecida em cochos instalados no piquete.
O tratamento III forneceu minerais, proteína, energia e vitaminas, divididos em duas frações que foram fornecidas separadamente. A primeira, composta da mistura de sais minerais em pó (sal mineral); e a segunda, composta das fontes vitamínicas e dos farelos de origem vegetal.
A
pastagem destes piquetes era constituída por Brachiaria brizantha cv. Marandu.
O ensaio abrangeu um período de 184 dias da estação chuvosa, incluindo 28 de adaptação. Ao final deste período os animais foram enviados ao frigorífico, onde foram colhidos fragmentos de fígado, de linfonodo mesentérico e intestino.
Os
fragmentos estocados foram processados e corados pela coloração histopatológica
de material com hematoxilina e eosina (LUNA, 1968).
Mediu-se,
com o software Axion VisionÒ, a área, o perímetro, o diâmetro maior e o diâmetro menor
de no mínimo um e no máximo cinco macrófagos espumosos que se apresentassem sob
a forma de células gigantes de Tuton. Em todos os fragmentos de linfonodo foi
possível a realização dos procedimentos de captura de imagens e avaliação
histomorfométrica, pois todos apresentaram macrófagos espumosos (FIORAVANTI,
2003), apenas cinco fragmentos hepáticos apresentaram as citadas células
gigantes.
Para os fragmentos de intestino foram
capturados três campos por lâmina, colhidos aleatoriamente, e nestes mediu-se,
com o software Axion VisionÒ, o comprimento de quatro vilosidades intestinais.
Foi realizada a análise de variância e teste T de
Student (CENTENO, 1990) para verificar possível diferença quanto às dimensões
estudadas dos macrófagos espumosos sob a forma de células gigantes de Tuton,
entre os três subgrupos de bovinos.
A
comparação do tamanho das vilosidades intestinais entre os três grupos foi realizada
pela Análise de Variância (UFV, 2003).
A avaliação da possível correlação entre a área dos macrófagos espumosos sob a forma de células gigantes de Tuton e o ganho de peso dos bovinos, durante o período experimental, foram realizadas por meio do cálculo do coeficiente de associação de Spearman. (UFV, 2003).
3 RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Não foi identificada
diferença entre as médias das áreas das células gigantes de Tuton dos grupos I
(260,55 µm²) e II (289,10 µm²),
porém estes diferiram do grupo III (375,07 µm²).
Não foi verificada
diferença para a média do perímetro das células gigantes de Tuton entre os
grupos I (72,26 µm) e II (73,62 µm), estes, porém diferiram do grupo III (86,96
µm).
Com relação à média do
diâmetro maior das células gigantes multinucleadas, foi verificada diferença
significativa apenas entre a média do grupo I (22,13µm) e III (26,62µm).
Não foi evidenciada
diferença significativa no diâmetro menor entre a média das células gigantes de
Tuton do grupo I (16,69 µm) e grupo II (16,99 µm), porém estes diferiram do
grupo III (19,98).
O valor médio da área
(µm²), do perímetro (µm), do diâmetro maior (µm) e do diâmetro menor (µm) das
células gigantes de Tuton encontrados nos cortes de fígado, dos animais 11, 17,
34, 38 e 47, foi respectivamente: 349,06µm², 84,31µm, 26,24µm e 18,78µm.
O valor médio do
comprimento das vilosidades intestinais encontrados para os grupos I, II, e III
foi, respectivamente: 891,47µm, 856,74µm e 882,40µm.
Foi encontrada grande quantidade de aglomerados macrófagos espumosos nos linfonodos mesentéricos e também em algumas amostras de fígado. A presença de macrófagos espumosos em fígado de bovinos, que foram mantidos em pastagens de braquiária, já foi relatada por vários autores (DRIEMEIER et al. 1999; RIET-CORREA et al. 2002; TORRES & COELHO, 2003). Os macrófagos possuem formatos variados quando avaliados em cortes histológicos, mas em suspensão se apresentam como células arredondadas com diâmetro médio de 15 µm (TIZARD, 1996). Todos os valores relativos ao aumento do menor e maior diâmetro médio observado nos macrófagos espumosos para os grupos um, dois e três, foram superiores a 15 µm, no entanto nesse estudo foram avaliados cortes histológicos e não células em suspensão.
FIORAVANTI (2003) encontrou correlação negativa entre peso vivo de bovinos, machos e fêmeas, e o número de macrófagos encontrados no fígado. Mas, no presente estudo não houve correlação entre o tamanho dos macrófagos espumosos, sob a forma de células gigantes de Tuton, e o ganho de peso dos animais.
4 CONCLUSÃO
O tipo de suplementação
fornecida a bovinos mantidos em pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu não interferiu no tamanho das vilosidades intestinais
(p>0,05).
Não há correlação entre a
área dos macrófagos espumosos e o ganho de peso.
REFERÊNCIAS
1.
ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. NEHMI,
I. M. D., NEHMI FILHO, V. A., FERRAZ, J. V. (Coordenadores). São Paulo: Argos,
1999. 477p.
2.
CENTENO, A. J. Curso de estatística aplicada à biologia.
Goiânia: Centro Editorial e Gráfico da UFG, 1990. 188p.
3.
DRIEMEIER, D.;
DÖBEREINER, J.; PEIXOTO,P. V.; BRITO, M. F. Relação entre macrófagos espumosos
(“foam cells”) no fígado de bovinos e ingestão de Brachiaria spp no
Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p.
79-83. 1999.
4. FIORAVANTI,
M. C. S. Incidência clínica,
laboratorial e anatomopatológica da intoxicação subclínica por esporidesmina em
bovinos. 1999. 256f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Botucatu.
5. FIORAVANTI, M. C. S; TRINDADE, B. R.; BRUM, K. B.;
MENESES, L. B., SILVA, L. A. F. Estudo histológico do fígado, linfonodo
mesentérico, intestino e aorta de bovinos alimentados com Brachiaria brizantha. In: ENCONTRO NACIONAL DE PATOLOGIA
VETERINÁRIA, XI., 2003, Botucatu. Anais..., Botucatu: ENAPAVE, 2003. p. 35.
6.
LUNA, L. G. Manual of histologic
staining methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3. ed. New
York: McGraw-Hill, 1968. 258p.
7. RIET-CORRÊA, G.;
RIET-CORRÊA, F.; SCHILD, A. L.; DRIEMEIER, D. Wasting and Death in Cattle
Associated With Chronic Grazing of Brachiaria decumbens. Veterinary
and Human Toxicology, Manhattan. v. 44, n. 3. p. 179- 180; 2002.
8. TORRES, M. B. A.
de M.; IABUKI, K.; COELHO, R. Foamy Macrophages in the Liver of Cattle Fed Brachiaria
brizantha Hay. Veterinary and Human Toxicology, Manhattan. v. 45, n.
3. p. 163- 164; 2003.
9. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA/SAEG. Sistema de análises estatísticas e
genéticas. Versão 8.1, Viçosa: 2003.