O
EXERCÍCIO DA CIDADANIA NO BRASIL
Bárbara
Azeredo Souza Thomé, aluna do 2º ano da graduação da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Goiás. E-mail: barbarela@brturbo.com
Cidadania;
democracia; Brasil.
A
Constituição Federal brasileira de 1988 serviu como consolidação à
redemocratização do país, definindo direitos fundamentais, deveres e obrigações
atinentes aos cidadãos brasileiros. “Nos regimes democráticos, entende-se
que os cidadãos participaram ou aceitaram o pacto fundante da nação ou de uma
nova ordem jurídica.” (BENEVIDES, 1994, pág. 2). Concretizaram-se,
assim, as bases para a formação de um Estado Democrático de Direito, tema
fundamental para a compreensão da realidade sócio-histórica atual. Entretanto,
é perceptível que após 15 anos da criação da Constituição, ainda não há um
exercício pleno da cidadania no Brasil.
Sendo
assim, este trabalho é estruturado a partir da pergunta: por que não há o pleno
exercício da cidadania no Brasil? Essa pergunta é respondida pelo fato de não
haver um pleno exercício da democracia no país. A verificação dessa hipótese é
realizada através de uma pesquisa explicativa do tema, visando a identificar os
fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência de tais fenômenos. Além
disso, foi utilizada a pesquisa exploratória com vistas a proporcionar maior
familiaridade com o problema para torná-lo explícito, dada a relevância da
cidadania e da democracia nos Estados modernos e a necessidade de se estudar o
tema no Brasil para possibilitar reflexões e mudanças. A pesquisa foi realizada
com a utilização de material bibliográfico, constituído principalmente de
material disponibilizado na Internet. Foi realizada ainda através da observação
da realidade contemporânea.
Partindo
das definições de cidadania e democracia, ao longo da pesquisa foi possível
comprovar as relações e a interdependência existentes entre ambas, já que a
democracia “baseia-se na força e autonomia do sistema político no qual
estão representados, defendidos e negociados, os interesses e demandas do maior
número possível de atores sociais” (TOURAINE, p. 104), sendo a
cidadania um pressuposto do exercício da democracia, visto que cidadania é,
classicamente, a titularidade de direitos, deveres e obrigações do indivíduo
perante o Estado, implicando na manifestação dos interesses dos atores sociais.
A partir
dessa comprovação, foi possível notar quão grandes e profundas são as falhas no
exercício da democracia no Brasil, através da percepção do que são os
princípios democráticos e da inadequação de sua aplicação no país. Um exemplo
disso está no ponto mais expressivo do exercício da democracia e,
conseqüentemente, da cidadania, que é o voto. As democracias precisam de mais
do que o voto ocasional dos seus cidadãos para permanecerem saudáveis, precisam
que os cidadãos sejam ativos, não passivos, cientes de que o sucesso ou o
fracasso do governo é responsabilidade sua e de mais ninguém. No Brasil,
entretanto, o voto é visto como mera obrigação (inclusive por ser um instituto
de caráter obrigatório), gerando a irresponsabilidade dos eleitores na escolha
dos candidatos e, principalmente, a falta de interesse do povo pela política e
por aquilo que é público. Trata-se, na verdade, de um ciclo vicioso: há uma
descrença nacional nas instituições políticas devido ao histórico de corrupção,
más decisões, planejamento ruim etc., gerando a falta de comprometimento dos
cidadãos com sua participação nas eleições, o que leva à escolha reiterada de
maus representantes, à falta de vigilância desses mesmos representantes, à
falta de apoio e investimento do povo naquilo que é coletivo, isso tudo
refletindo na ausência de consciência de cidadão por parte de muitos
brasileiros.
Através da
verificação da hipótese inicial (e sua comprovação) foi possível partir em
busca de reflexões acerca de possibilidades de mudança desse quadro. A pesquisa
levou então ao reconhecimento da necessidade de conscientização da população
(algo já extremamente enfatizado) e da necessidade de implantação de uma
educação para a cidadania, conforme exposto por autores como Maria Victoria
Benevides.
Conclui-se,
dessa forma, pela urgência da divulgação de tal questão, atingindo o maior
número de pessoas possível, de forma a propiciar o aprofundamento do
conhecimento da realidade (conforme os próprios objetivos da pesquisa) e
buscar, quem sabe, uma aplicação prática dos conhecimentos adquiridos através
de tal pesquisa.
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