CONSUMO DE ENERGIA E MACRONUTRIENTES DE ALUNOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE GOIÂNIA

ALVARENGA2, L. B.; ALMEIDA, H. M1.; BORGES, M. C.2; FERREIRA, L. B2; MACHADO, J. B. S.2; SILVA, M. S1

1Faculdade de Educação Física/UFG. E-mail: mssilva@fanut.ufg.br.

2 Faculdade de Nutrição/UFG.

Palavras chave: escolares, consumo alimentar, gasto energético, antropometria.

 

1 INTRODUÇÃO

Durante a adolescência, a alimentação balanceada é tão importante quanto na primeira infância, pois além de satisfazer as elevadas necessidades de nutrientes durante esta fase, ela serve também para criar e manter bons hábitos alimentares para o resto da vida (Dietnet, 2004).

Para que o organismo realize suas funções vitais, e as demais atividades diárias, há necessidade de um consumo de energia suficiente. Qualquer movimento ou atividade física realizada pelo corpo é precedido de contração muscular, que para ser executada promove gasto de energia. Esse gasto deve ser suprido pelas calorias fornecidas pelos carboidratos, proteínas e lipídios, provenientes dos alimentos ou armazenados no organismo (Mahan & Escott-Stump, 1996).

 

3 OBJETIVO

Avaliar a antropometria, a ingestão de energia (calorias) e de macronutrientes por escolares, durante o período matutino, bem como a relação entre consumo e gasto de energia em atividades físicas executadas no referido período.

 

4 METODOLOGIA

 

Foram selecionas 82 alunos (31%), meninos e meninas, com idade de 11 a 15 anos, do ciclo III de uma escola municipal de Goiânia. Todas apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos responsáveis.

O estado nutricional das crianças foi avaliado considerando-se o Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC foi quantificado através das medidas de peso e altura conforme discutido em Gibson (1990). Os valores obtidos foram avaliados de acordo com o percentil do IMC para a idade (NCHS, 2000).

O gasto energético de cada criança foi calculado multiplicando-se a Taxa Metabólica Basal pelo fator de atividade de acordo com o método padronizado pela FAO (1985, apud Silva & Naves, 1998).

O consumo de alimentos e/ou preparações foram registrados em medidas caseiras, em formulário próprio, posteriormente estas medidas foram transformadas em gramas e transferidas para o software DietPro versão 4.0, onde foram computados o consumo de calorias, carboidratos, proteínas e lipídios. Os dados de consumo de energia foram comparados com as necessidades determinadas pela FAO e, os de nutrientes comparados com os valores de referência da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN (Vannucchi, 1990).

Os dados obtidos através do registro alimentar, das refeições realizadas no período matutino, e do gasto de energia no dia da pesquisa foram organizados na forma de planilhas e gráficos e avaliados utilizando o programa Excel 2000. Foram realizadas análises de variância entre os dados de peso, fator atividade, gasto (GET) e consumo (VET) energético. Também foi avaliado se houve diferença significativa (p < 0,05) entre GET e VET utilizando-se o teste "t" Student.

 

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando-se os percentis para o IMC, embora a maioria dos alunos avaliados foi considerada normal (71,1% dos meninos e 73% das meninas), uma parcela significativa (p < 0,05) encontrou-se em risco nutricional, sendo que 17,8% dos meninos e 16,2% das meninas estão em estado de subnutrição e 11,1% e 10,8% dos meninos e meninas, respectivamente, estão acima do peso recomendável.

Na Tabela 1 estão apresentados os dados do gasto (GET) e consumo (VET) de energia durante o período da manhã. Esse período corresponde ao intervalo entre o despertar da criança e o término da aula na escola no dia da coleta de dados.

Tabela 1. Dados de gasto e consumo de energia dos alunos da EMCBMP durante o período matutino.

ALUNOS

GET

VET

Test "t" Student

X ± DP

X ± DP

Meninos

699,03 ± 153,84

339,24 ± 350,43

P= 0,00

Meninas

563,29 ± 113,76

286,09 ± 196,32

P= 0,00

GET – Gasto energético total.

VET – Valor energético total da dieta (Consumo de energia).

Os resultados descritos na Tabela 1 indicam um maior gasto de energia em relação ao seu consumo, e isto provavelmente ocorreu devido a um consumo inadequado de alimentos necessários para suprir as necessidades de energia no referido período. Do total de alunos avaliados, aproximadamente 38% não consumiram café da manhã, 35% não consumiram a merenda oferecida ou outro lanche na escola, e 4,5% não consumiram nem lanche nem café da manhã, ou seja, não fizeram nenhuma refeição no período referido.

As quantidades de carboidratos e proteínas ingeridas foram consideradas adequadas, para 31% e 18% das crianças avaliadas, respectivamente. Considerando o sexo, 64% dos meninos ingeriram quantidades de carboidrato abaixo do recomendado enquanto que 44% consumiram proteína acima da recomendação. O número de meninos que ingeriu quantidades altas de lipídios, ou seja, acima do recomendado também foi considerado alto (51%).

A ingestão de carboidrato foi considerada abaixo do recomendado para 65% das meninas e de proteína acima do recomendado para 46% delas. Quanto à ingestão de lipídios, ela foi considerada alta por uma parcela significativa desse grupo estudado (51%).

6 CONCLUSÃO

Parcela significativa dos alunos avaliados apresentou estado nutricional inadequado, prevalecendo o quadro de desnutrição (baixo peso) em relação à obesidade.

Em função do consumo inadequado das refeições, a ingestão de macro e de micronutrientes também foram insuficientes, no dia da avaliação. Caso esta condição alimentar insuficiente perdure, poderá acarretar conseqüências danosas para o desenvolvimento físico e mental dos mesmos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIETENET. Adolescência: Alimentação na adolescência. Brasil. Disponível em http://www.dietnet.com.br/ Acesso em 22 de jan. 2004.

MAHAN, L. K; ESCOTT-STUMP, S. Nuttrition for athletic training and performance. In:________________. KRAUSE’S – food, nutrition and diet therapy. 9th. USA: W. B. Saunders Company. cap. 22, p. 489-508, 1996a.

NATIONAL CENTER FOR HEALTH IN COLLABORATION. Body mass index-for-age percentiles 2000. Disponível em http://www.cdc.gov/growthcarts. Acesso em 18 de fev. 2004.

SILVA, M.R; NAVES, M.M.V. Manual de nutrição e dietética. 2. ed. revista e atualizada. Goiânia: Ed. UFG,1998.172p.

VANNUCCHI, H.; MENEZES, E. W.; CAMPANA, A. O.; LAJOLO, F. M. Aplicações das recomendações nutricionais adaptadas à população brasileira. Caderno de Nutrição, Ribeirão Preto, v. 2, 1990. 155p.