AUTORES: PINTO, J. F. N.; PEREIRA, I. M.; REIS, E. F.
Instituição: Universidade Federal de Goiás – Campus Avançado de Jataí
Endereço eletrônico: jeffernando@ibest.com.br
Palavras chave: Gueroba, germinação, diversidade genética.
A Syagrus oleracea Becc. (gueroba) è uma palmeira nativa e seu produto principal o palmito amargo, é muito apreciado na culinária goiana. È encontrada em vários, tendo como principais o de Goiás e Minas Gerais (FERREIRA et al.,1976). De acordo com estudos recentes a cultura da gueroba está ganhando espaço na agricultura (NASCENTE et al., 2001).
O cultivo racional da gueroba pode ser uma das saídas para contornar o problema da diminuição gradativa da espécie em ambiente natural, uma vez que em muitas regiões é ainda explorada de forma extrativista, o que pode caracterizar uma seleção em sentido negativo quanto a qualidade do material genético. Segundo LEÃO e CARDOSO em 1974, o plantio desta palmeira pode ser feito direto no campo ou através da formação prévia de mudas. A propagação dela é realizada por meio de sementes (coquinhos) que devem ser colhidos quando estiverem maduros. A obtenção de campos homogêneos, que possuam mudas de alto vigor, pode ser conseguido através da formação de mudas em viveiro, que deverão ser transplantadas para a área de plantio da cultura.
O presente trabalho teve como objetivos a coleta de sementes de gueroba de três regiões do estado de Goiás e a formação de mudas em viveiro para comparação da performance da germinação e desenvolvimento inicial para as sementes originadas de cada árvore.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram coletadas sementes (coquinhos) de Syagrus oleracea Becc, provenientes de três regiões (municípios) do estado de Goiás: Jataí, Caiapônia e Anicuns. Foram coletadas sementes de dez árvores (palmeiras) de cada uma das regiões, sendo um total de 50 sementes por árvore. A secagem das sementes foi realizada de forma natural, onde elas estavam acondicionadas em ambiente arejado, com pouca luminosidade e umidade.
O substrato utilizado no plantio das mudas no viveiro foi preparado com solo isento de sementes, adubo orgânico e químico, numa proporção solo/adubo de 3:1. Cada linha, no viveiro, era composta de 10 recipientes, sendo em cada lateral utilizado um como bordadura. Utilizou-se nesta etapa, o delineamento em blocos ao acaso, com 5 repetições para cada grupo de sementes oriundo de uma mesma árvore; totalizando assim 150 unidades experimentais no viveiro. O experimento foi instalado no Centro de Ciências Agrárias e Biológicas do Campus Avançado de Jataí, da Universidade Federal de Goiás. O plantio no viveiro foi realizado no dia 20/06/04, onde colocou-se as sementes nos recipientes a uma profundidade de aproximadamente 5 cm. A coleta de dados iniciou-se com a partir da germinação, onde foram analisados: o número de dias para germinação, o comprimento da primeira folha em centímetros, a partir da inserção até a extremidade e a taxa de germinação. Após as avaliações, comparou-se as médias pelo teste Tukey.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 1.500 sementes plantadas, sendo 500 de cada município, obteve-se uma media de germinação de 33%, sendo que Jataí, Caiapônia e Anicuns apresentaram taxa de germinação de 38%, 29% e 32% respectivamente.
No quadro 1 estão apresentadas as comparações entre as médias, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade, para os caracteres avaliados. O comprimento da folha: As médias obtidas na 4ª avaliação, mostraram que as plantas dos município 1 e 3 diferem estatisticamente entre si, enquanto que as plantas do município 2 não, mostrando uniformidade de desenvolvimento médio das folhas de todas as árvores. A 3ª avaliação, mostrou que as plantas de todos os municípios apresentaram diferença estatística em pelo menos uma das comparações das médias. Já na 1ª e 2ª avaliações, as plantas dos município 1 e 3 diferem estatisticamente entre si, enquanto que as plantas do município 2 não diferem estatisticamente entre si. As árvores do município de Caiapônia, tiveram comportamento similar entre as suas médias, o que evidencia uma maior similaridade genética entre as mesmas. Numero de dias para germinação: As árvores originadas dos municípios 1 e 3 apresentaram comportamento similar, já as do município 2 apresentaram diferenças, sendo a árvore de no 7 a que germinou mais rápido. Número de plantas germinadas: Apresentou diferenças significativas entre as médias de árvores nos três municípios, indicando um comportamento diferenciado na germinação das sementes de cada árvore. Isso pode ter ocorrido pela heterogeneidade da maturação das sementes no momento da colheita, o que certamente influencia na taxa de germinação.
Quadro 1 – Comparação entre as médias pelo teste Tukey com relação aos caracteres avaliados para as árvores estudadas dentro de cada município nas sub-populações de gueroba, ano agrícola 2003/2004.
Mun.1/ |
Árvore/característica avaliada |
|||||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
|
Comprimento de folha – 4 - DMS: 14,95 |
||||||||||
1 |
21,30 c |
41,16 b |
56,56 a |
53,21 ab |
42,00 ab |
44,56 ab |
47,07 ab |
48,72 ab |
43,95 ab |
47,32 ab |
2 |
37,28 a |
41,93 a |
37,40 a |
43,96 a |
41,13 a |
42,97 a |
49,65 a |
46,56 a |
41,92 a |
39,67 a |
3 |
43,51abc |
49,00abc |
40,50abc |
39,08 bc |
44,81abc |
55,03 a |
46,96abc |
50,56 ab |
34,94 c |
46,00abc |
Comprimento de folha – 3 – DMS: 16,73 |
||||||||||
1 |
18,70 b |
35,36 ab |
44,03 a |
43,20 a |
33,96 ab |
33,49 ab |
33,14 ab |
39,30 a |
32,16 ab |
34,88 ab |
2 |
23,71 b |
31,12 ab |
32,06 ab |
35,31 ab |
35,44 ab |
36,04 ab |
40,93 a |
35,13 ab |
33,14 ab |
33,85 ab |
3 |
33,82abc |
41,01 ab |
36,97 ab |
27,25 bc |
39,76 ab |
46,01 a |
36,00 ab |
41,51 ab |
19,09 c |
34,85abc |
Comprimento de folha – 2 – DMS: 12,75 |
||||||||||
1 |
12,60 b |
25,17 ab |
30,69 a |
28,77 a |
25,68 a |
21,57 ab |
24,51 ab |
26,33 a |
21,10 ab |
23,10 ab |
2 |
16,39 a |
23,02 a |
22,43 a |
26,08 a |
23,83 a |
26,97 a |
28,47 a |
23,70 a |
20,80 a |
22,93 a |
3 |
24,02abc |
28,83 ab |
25,44abc |
18,32 bc |
28,07 ab |
31,91 a |
22,55abc |
27,83 ab |
12,90 c |
23,06abc |
Comprimento de folha – 1 DMS: 10,16 |
||||||||||
1 |
6,40 b |
18,39 a |
21,13 a |
19,85 a |
17,14 a |
14,91 ab |
17,56 a |
18,73 a |
13,88 ab |
16,11 ab |
2 |
11,85 a |
16,13 a |
15,30 a |
18,57 a |
17,72 a |
19,75 a |
21,16 a |
15,70 a |
14,45 a |
16,44 a |
3 |
17,61 ab |
19,78 ab |
17,56 ab |
10,90 bc |
20,09 ab |
23,18 a |
15,73abc |
19,92 ab |
6,50 c |
16,21abc |
NDGER – DMS: 34,46 |
||||||||||
1 |
103,10 a |
117,18 a |
111,34 a |
113,54 a |
118,26 a |
120,39 a |
116,07 a |
112,36 a |
122,87 a |
114,98 a |
2 |
129,60 a |
123,92ab |
113,53ab |
117,25ab |
113,33ab |
113,93ab |
90,03 b |
116,53ab |
118,82ab |
112,21ab |
3 |
115,42 a |
113,48 a |
116,94 a |
121,76 a |
112,74 a |
110,85 a |
116,13 a |
110,71 a |
136,14 a |
119,09 a |
NPGER –DMS:3,408 |
||||||||||
1 |
1,20 e |
4,80 bcd |
4,40bcde |
6,00abcd |
4,00 cde |
5,60abcd |
3,00 de |
7,60 ab |
7,40 abc |
9,00 a |
2 |
3,00 c |
2,60 c |
2,40 c |
4,00 abc |
6,80 ab |
4,00 abc |
2,40 c |
2,00 c |
3,40bc |
7,20 a |
3 |
5,20 abc |
4,80 abc |
5,40 abc |
3,00 bc |
6,20 ab |
2,80 bc |
2,00c |
6,60 a |
2,40 c |
4,20 abc |
1/
1: Município de Jataí; 2: Município de Caiapônia; 3: Município de Anicuns.Médias seguidas pelas mesmas letras dentro de cada característica estudada não diferem estastisticamente entre si, pelo teste tukey ao nível de 5% de probabilidade.
4 – CONCLUSÕES
- a subpopulação do município de Caiapônia apresentou maior similaridade quanto ao desenvolvimento inicial;
- número de plantas germinadas foi a característica de maior variabilidade entre as árvores estudadas.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, V. L. P. ; MIYA. E. E. ; SHIROSE, I. ; ARANHA, C. ; SILVA, E. A. M.; HIGHLANDS, M. E. Comparação físico-químico-organoléptica do palmito enlatado de três espécies de palmeira. Coletânia ITAL, Campinas, 7(2): 389-416, 1976.
LEÃO, M. : CARDOSO, M. Instruções para a cultura do palmiteiro ( Euterpe edulis Mart.). Campinas, Instituto agronômico, 18p., 1974.
NASCENTE, A. S. ; DINIZ, J. A. ; SÁ, L. F. ; DESSIMONI, M. G. L.. Caracterização de árvores e frutos de sub-populações de guariroba (Syagrus oleracea Becc.) do estado de Goiás. In; CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2001. v.1.