Avaliação do desenvolvimento de tumor de linfócitos B em camundongos balb/c e balb/xid submetidos a glicocorticoterapia.

BARBOSA, C. E. S.1; OLIVEIRA, M. A. P.2.

Universidade Federal de Goiás / Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

1(filosofarma@hotmail.com)

2(mapoliv@iptsp.ufg.br)

Palavras-chave: glicocorticóides, prednisolona, tumores linfocitários,

Introdução

Em função da ação imunossupressora e antiinflamatória, é freqüente o uso terapêutico dos glicocorticóides, o qual se difunde através da membrana das células, unindo-se ao seu receptor. O complexo glicocorticóide-receptor penetra no núcleo da célula e regula a transcrição de vários genes. Desta forma, a síntese de moléculas pró-inflamatórias é diminuída (Arnau, 1997; Ovadia, 1995).

É relativamente bem conhecida a maior incidência de doenças malignas em pacientes que são imunossuprimidos por altas doses de glicocorticóides por longos períodos . Uma vez diagnosticado o tumor nesses pacientes, a conduta a ser tomada ainda é incerta, já que a imunossupressão é indispensável em diversos tratamentos . Entretanto, como algumas células tumorais podem ser sensíveis à ação antiproliferativa de diversos imunossupressores, surgem alguns artigos na literatura recomendando o uso destas drogas para o tratamento destas doenças (Louro, 2000).

Para compreender um pouco mais sobre as interações entre células tumorais e os glicocorticódes fizemos um estudo do crescimento de tumor linfocitário em camundongos tratados com prednisolona, avaliando, portanto, o efeito do glicocorticóide no crescimento do tumor.

Objetivo

Avaliar o desenvolvimento do tumor linfocitário de células GAMMA3-11.1 em camundongos submetidos a imunossupressão por administração de prednisolona.

Material e método

Prednisolona (Prelone®) – 3mg/mL: solução oral de Fosfato sódico de prednisolona (Laboratório Asta Medica). Foram utilizados produtos dos lotes 30602 e 30603.

Animais: Camundongos BALB/c, BALB/xid (X-chromosome-linked immune-defitient), C57Bl/6 e B10A, obtidos do Biotério do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás.

Linhagem tumoral: hibridomas de linfócitos B gamma3-11.1 (American Type Culture Collection), obtidos de camundongos BALB/c. Foram gentilmente doadas pelo Prof. Dr. Luis Vicente Rizzo (USP – São Paulo). As células foram cultivadas em estufa contendo 5% de CO2 a 37C em meio D-MEM (SIGMA) suplementado com 10% de soro bovino fetal, 2mM de L-glutamina (SIGMA), 100m g/mL de penicilina (SIGMA) e 100m g/mL de estreptomicina (SIGMA).

Teste de sensibilidade do tumor ao corticóide: Células gamma3-11.1 foram cultivadas como descrito acima na presença de 0,2m g/mL a 125m g/ml de prednizolona. A viabilidade celular foi medida por contagem celular ao microscópio ótico na presença do corante vital Azul de tripan (GIBICO) ou pela atividade metabólica destas células sobre o MTT (SIGMA).

Tratamento: os animais foram tratados com prednisolona i.p. (100, 300, 600 e 900m g/dia) ou oral (100, 300, 600, 900 e 1200m g/dia), diluída em PBS ou água respectivamente, por 12 dias consecutivos. Após um intervalo de 24 horas sem tratamento, os camundongos foram injetados com 1,5x106 a 3x106 células GAMMA3-11.1. A massa corporal dos animais foi monitorada diariamente, sendo que estes foram sacrificados após 21 dias ou quando atingiram um peso 40% acima do inicial.

Análise estatística: os valores obtidos foram representados por gráficos e analisados quanto à significância pelo teste de Kruskall-Wallis

Resultados e discussão

As células GAMMA3-11.1 tratadas com baixas doses (0,2 e 1m g/mL) de prednisolona apresentaram crescimento menor que o controle. As células tratadas com 125m g/mL (maior dose) começaram a morrer no primeiro dia após o início da cultura, indicando que as células em questão são sensíveis ao tratamento com prednisolona.

Quando camundongos de diferentes linhagens não foram tratados com o glicocorticóides, apenas os animais da linhagem BALB/c desenvolveram tumor após a injeção das células tumorais. Este resultado era esperado já que as células GAMMA3-11.1 foram isoladas de camundongos desta linhagem. Após o tratamento com glicocorticóide, 50% dos camundongos BALB/xid (que possuem o mesmo background genético do BALB/c) desenvolveram tumor. Esta linhagem de animais difere-se dos BALB/c pela ausência de linfócitos B1 e maior capacidade de produzir IFN-g , condições que pode estar relacionado à menor susceptibilidade a algumas infecções (HOERAUF et al., 1995) e ao menor crescimento dos tumores. Camundongos B10A e C57BL6 mostraram-se resistentes ao tumor, não sendo possível observar nódulos tumorais nem aumento da massa corporal.

O crescimento de tumor em camundongos BALB/xid foi dependente da dose de corticóide utilizada.

Esses resultados sugerem a presença residual da prednisolona (aplicada em altas doses) inibido o crescimento tumoral quando da inoculação das células.

Conclusões

As células GAMMA3-11.1 são sensíveis a prednizolona in vitro, mas animais tratados com este corticóide continuam a desenvolveram tumor com estas células.

Doses muito altas (1200ug) ou muito baixas do corticóide não foram capazes de favorecer o desenvolvimento de células tumorais em camundongos

Referências bibliográficas

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