DESEMPENHO eCONÔMICO DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
1AUTORES
MUNIZ,L.C.
2; BALBINO,l.C.3; Noronha,J.F.4; COBUCCI,T.5; MAGNGOSCO, C. de U.6; Heinemann,A.B7., Paciullo, D.S.C8.1
Embrapa Arroz e Feijão2
Eng. Agrônomo e Administrador de empresas, especializando em Gestão de Agronegócio na Univ. Federal de Goiás. muniz@cnpaf.embrapa.br3
PhD. Física do solo, Pesq. da Embrapa arroz e Feijão.4
PhD em economia agrícola e prof. da Univ. Federal do Goiás.5
Dr. Fitotecnia, Pesq. da Embrapa arroz e Feijão.6
Pós-Dr. Melhoramento genético, Pesq. Embrapa Cerrado/Embrapa Arroz e Feijão7
Pesquisador, Doutor em Agronomia, Núcleo Centro Oeste/ Embrapa Gado de Leite.8
Doutor em Zootecnia, Núcleo Centro Oeste/ Embrapa Gado de Leite /Bolsista do CNPq de DCR.INTRODUÇÃO
A falta de planejamento adequado para um sistema de produção torna improvável a obtenção de desempenho econômico satisfatório para o empreendimento. Isso se deve à dificuldade do pecuarista
detectar problemas em tempo hábil e implementar intervenções efetivas, harmônicas e de relação custo-benefício favorável. Assim sendo, a ineficiência na gestão dos recursos forrageiros resulta em má gestão de risco, baixa produtividade e, consequentemente, baixa lucratividade.O sistema de integração lavoura-pecuária tem mostrado viabilidade na recuperação de pastagens degradadas, proporcionando melhoria na atividade biológica do solo, reduzindo a incidência de pragas e doenças, aumentando a reciclagem de nutrientes no solo, a eficiência de uso e extração de nutrientes pelas plantas, a estabilidade dos agregados, a taxa de infiltração da água das chuvas e relação custo-benefício favorável para o produtor (Kluthcouski et al.,2003).
O Programa Integração Lavoura e Pecuária (PILP) consiste na integração de lavoura, forrageira e desempenho de animais melhorados com genética superior. Esse sistema de produção tem alcançado índices zootécnicos superiores à média do país, principalmente no cerrado (magnabosco et al., 2003). Embora a viabilidade técnica desse sistema tenha sido demonstrada há necessidade de estudos mais aprofundados sobre a contribuição do componente animal no sistema.
O objetivo deste trabalho foi analisar a relação custo-benefício do sistema de produção integração lavoura-pecuária, simulando a participação do componente animal.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na fazenda Ouro Verde, localizada no Município de Itaberaí-GO, durante o período de 2001 a 2004, quando foi estimado o custo de produção da lavoura de milho associada à Brachiaria brizantha. Na falta de dados sobre a lavoura de milho solteiro, considerou-se, que não há diminuição na produtividade de milho em consórcio com a Braquiária (PORTELA & COBUCCI, 2003).
Com os dados do experimento e esta informação adicional sobre a produtividade do milho, simulou-se a contribuição do componente animal no desempenho econômico do sistema integrado de produção. Para simulação foram utilizados os índices obtidos no Programa Integração Lavoura e Pecuária (PILP) Sistema Santa Fé, desenvolvido há cinco anos, na Embrapa Arroz e Feijão. Esses índices estão descritos na Tabela 1 e na Tabela 2.
Para os cálculos do custo de produção e retorno econômico das três safras de milho, considerou-se os componentes: preparo de solo, calagem (depreciação três anos), plantio, fosfatagem (depreciação três anos), tratos culturais, colheita, armazenamento, taxa administrativa e assistência técnica.
Comparou-se os seguintes sistemas de produção: milho solteiro (M), associação milho-braquiaria (MB) e associação milho-braquiaria integrada com a pecuária (MBP) em sistema de semi-confinamento, adicionando-se 2kg por/animal/dia de suplementação por um período de 4meses na entressafra.
O levantamento do custo de produção foi realizado por técnicos da Embrapa, na propriedade, para as safras de 2001/2002, 2002/2003 e 2003/2004.
Nesse estudo foram analisados as variáveis custos de produção, produtividade e retorno do capital investido de acordo com cada sistema de produção. Como medida de resultado econômico foi utilizada a margem bruta, definida como a diferença entre a variação da receita total e a variação nos custos diretos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No sistema MB houve uma redução na produtividade observada do milho da 1o para a 20 safra. Entretanto, na 30 safra houve um incremento na produtividade. O decréscimo de produtividade no ano 2002/2003 (segunda safra) foi devido aos fatores climáticos (precipitação e temperatura) que não foram favoráveis ao ciclo da cultura. Observou-se, também, que nessa safra ocorreu um aumento no preço de venda do milho (Tabela 4).
No sistema M apesar do custo de produção ser inferior ao sistema MB com produção semelhante, não justifica a utilização deste em contrapartida que os benefícios do sistema MB gera para a conservação do meio ambiente.
A receita da terceira safra (2003/2004) do tratamento MB apresentou um incremento em relação às demais safras. Apesar do preço nesta safra ter sido menor (U$S 6,19 por saco de 60Kg) que da segunda safra (R$ 6,83 por saco de 60Kg), foi possível obter um retorno de 58%. Na segunda safra o custo de produção foi elevado e a produtividade menor, reduzindo para 40% o retorno econômico. A primeira safra apresentou um retorno menor em relação as demais safras (19%) devido ao baixo preço por saco de 60Kg (R$4,83).Tabela 4 e 5
O resultado da simulação, para o tratamento milho-brachiária-pecuária (MBP) (Tabela 5) proporcionou um ganho em relação aos demais tratamentos de 11@ por hectare, devido a inclusão do componente animal no sistema. Este ganho em produtividade gera uma receita de R$ 187,69 por hectare, considerando-se que no final da época seca a arroba do boi gordo gira em torna de U$S 20,00. Ressalta-se que historicamente, este é o período de maiores valores da arroba.
CONCLUSÃO
O sistema de integração, além de proporcionar o aumento na produtividade da terra, em 11@/ha, aumentou sua rentabilidade em R$ 187,69 por hectare, mostrando-se vantajoso para o produtor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barioni, L.G.; Barcelos, A.O.; Sainz, R. D.; Desempenho do Componente Animal: Experiência do Programa de Integração Lavoura e Pecuária. Capítulo:17, 478 p., 1º Edição, Integração Lavoura Pecuária, 2003.
Kluthcouski, J.; Aidar, H.; Uso da Integração Lavoura-Pecuária na Recuperação de Pastagens Degradadas. C.7, 185p., 1º Ed., Integração Lavoura Pecuária, 2003.
Magnabosco, C.U.; Faria, C.U.; Balbino, L.C.; Barbosa, U.; Martha Jr.,G.B.; Vilela,L.;
Portela, C.M.O.; Cobucci, T.; Manejo de Herbicida no Sist. Santa Fé e na Braquiária como Fonte de Cobertura Morta C.16, 445 p., 1º Ed., Integração Lavoura Pecuária, 2003
ANEXOS
Tabela 1: Desempenho de animais geneticamente melhorados, durante o período da entressafra, terminados em pastagens formadas pelo sistemas Santa Fé em 2001/2002.
Período1 |
Peso(Kg) |
Idade (mês) |
GPD |
Lotação (UA/ha) |
11/06/2002 |
349,9 |
20,4 |
- |
2,1 |
06/08/2002 |
405,8 |
22,3 |
0,998 |
2,4 |
10/09/2002 |
451,1 |
23,5 |
1,293 |
2,7 |
08/10/2002 |
473,2 |
24,4 |
0,830 |
3,0 |
1
Suplementação: 2Kg animal-1 (84%gérmen de milho, 12% Farelo de girassol, 2,2% uréia, 1,8% de calcário e suplementação mineral).Fonte:(Magnabosco et al., 2003)
Tabela 2: Índices obtidos no PILP, com suplementação de animais geneticamente melhorados da raça Nelore.
PASTEJO COM SUPLEMENTAÇÃO (com índices PILP) |
|
Início do pastejo e suplementação: |
Junho. |
Entrada dos 650 animais nos 229ha: 2,2UA/ha |
350kg média dos animal. |
Duração do pastejo: |
120dias |
Saída dos animais: com 3UA/ha |
470kg média dos animal. |
Ganho por animal em 120dias |
120kg |
Produção em @ por hectare em 4meses |
11@ |
Tabela 3: Valores simulados para mostrar qual seria o incremento na receita se utilizasse integração Lavoura-Pecuária no período da entressafra.
Transformando o ganho de 120kg/dia p/ os 229ha. *** |
39000kg de carne por 229 ha |
Custo para suplementar os 650 animais: *** |
R$108.160,00 |
Incremento da receita por hectare em 4 meses*** |
R$ 187,69* |
Relação custo-benefício: *** |
1,39** |
*Época do preço da @mais favorável.
**Significa que em cada um real investido no semi-confinamento retorna trinta e nove centavos.
***Dados simulados
Tabela 4: Produtividade e relação custo-benefício obtida, nas três safras, de acordo com cada tratamento
Produtividade |
Relação custo-benefício |
||||||||||
M |
MB |
MBP |
M |
MB |
MBP |
||||||
kg/ha |
kg/ha + @/ ha. |
||||||||||
10Safra (2001/2002) |
6880 |
6880 |
6880 +11@ |
1,29 |
1,19 |
1,59 |
|||||
20Safra (2002/2003) |
6300 |
6300 |
6300 + 11@ |
1,46 |
1,40 |
1,79 |
|||||
30Safra (2003/2004) |
6900 |
6900 |
6900 + 11@ |
1,60 |
1,58 |
1,98 |
|||||
Média |
6700 |
6700 |
6700 + 11@ |
1,40 |
1,35 |
1,74 |
Tabela 5: Margem Bruta nas três safras de acordo com cada tratamentos.
M |
MB |
MBP |
|||||||||||||||
Custo |
Receita bruta/ha |
Margem bruta/ha |
Custo |
Receita bruta/ha |
Margem bruta/ha |
Custo |
Receita bruta/ha |
Margem bruta/ha |
|||||||||
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
U$/ha |
|||||||||
10Safra* |
445.32 |
554.06 |
108.74 |
467.00 |
554.06 |
87.06 |
685.72 |
851.64 |
165.92 |
||||||||
20Safra** |
493.11 |
720.66 |
227.55 |
514.09 |
720.66 |
206.57 |
687.50 |
956.59 |
269.09 |
||||||||
30Safra*** |
445.07 |
711.54 |
266.47 |
451.86 |
711.54 |
259.68 |
625.96 |
948.41 |
322.45 |
||||||||
Média |
461.17 |
662.09 |
200.92 |
477.65 |
662.09 |
184.44 |
666.39 |
918.88 |
252.49 |
*Preço de venda do milho p/ 10safra U$ 4,83 (Valor US$: 2.38, dia 15/03/02)
**Preço de venda do milho p/ 20safra U$ 6,83 (Valor US$: 3.002, dia 15/04/03)
***Preço de venda do milho p/ 30safra U$ 6.19 e @ US$: 20.07. (Valor US$: 2.99, dia 06/05/04)