DESEMPENHO PRODUTIVO E ECONÔMICO dA SUplementaÇÃO DE ovelhas no terço final da gestação1

AUTORES

MUNIZ,L.C. 2, MADUREIRA. a. p 3, noronha, j. f. 4.

1Universidade Federal de Goiás

2Eng. Agrônomo e Administrador de empresas, Especializando em Gestão de Agronegócio na U. F.G.muniz_luciano@ig.com.br

3Doutora em Melhoramento Genético Animal e Bolsista do CNPq de DCR.

4 PhD em economia agrícola e prof. no depart. de economia rural da U. F. G.

PALAVRAS-CHAVES

Ovinocultura, Produção Animal, Viabilidade Econômica

INTRODUÇÃO

"As dimensões continentais de nosso país, associadas às condições ambientais favoráveis, levam a crer que a produção ovina brasileira tem um grande potencial a ser explorado, o que tem despertado o interesse de muitos produtores rurais. Isto porque esta espécie apresenta–se como uma alternativa de exploração para o pequeno, médio ou grande produtor rural, podendo se adaptar a diferentes sistemas de produção, desde os mais tecnificados até os mais simples e mesmo as condições mais adversas de meio ambiente, como solo pobre, rasos, com relevo acidentados e clima rude. É claro que o sucesso de exploração depende de uma série de fatores, como raça, manejo, sanidade, entre outros, os quais devem ser considerados" (Pérez et al., 2004) .

Um dos grandes problemas observados na Ovinocultura é a produção de cordeiros fracos e a debilidade da fêmea ovina após a parição (Filho et al., 1994). Embora o nível nutritivo durante os primeiros meses da gestação tenha pouco efeito no desenvolvimento do feto, sabe-se que uma deficiente alimentação durante seu período final ( terço final de gestação) tem marcante efeito sobre o peso ao nascer dos borregos e, consequentemente, os cordeiros, que no início de suas vidas tem sua alimentação baseada quase que exclusivamente no leite materno, tem seu desenvolvimento prejudicado, alcançando baixo peso ao desmame (Cabanha nascente do iguaçu).

O peso ao nascer é uma característica, importante, por influenciar decisivamente a probabilidade de sobrevivência de cordeiros, bem como o desenvolvimento subsequente, em termos de ganho em peso (Pérez et al., 2004).

OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo comparar o efeito produtivo e econômico de suplementar ou não as ovelhas raça Santa Inês no terço final da gestação.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido na Agropecuária Muniz, localizada no município de Santa Inês no Maranhão, no período de setembro a dezembro de 2003.

Foram utilizados os dados de parição de 24 ovelhas da raça Santa Inês com suas respectivas crias. Foi realizada a comparação das médias do peso ao nascer de cada cria de acordo com o efeito de suplementar ou não as ovelhas no terço final da gestação.

Os dados coletados foram analisados no procedimento GLM do pacote estatístico SAS (2001), onde foram realizadas analise de variância para dados não balanceados. Além disso, foi realizado um teste de Tukey para comparação das médias.

No início da suplementação (trinta dias antes do parto) as fêmeas foram identificadas e vermifugadas. No dia do parto as crias foram pesadas e identificadas, de acordo com o sexo e mãe, na caderneta zootécnica do rebanho.

As ovelhas foram suplementadas durante trinta dias, utilizando a seguinte concentrado: 50kg de milho, 30kg de trigo, 15kg soja, 2kg de sal mineral, sendo um custo por Kg de concentrado R$ 0.41. O consumo diário de concentrado foi calculado considerando 1% do peso vivo das ovelhas( em média 50 kg) sendo fornecido 250g às 8:00h e 250g às 17:00h. Após receberem o concentrado, as ovelhas com suas crias, permaneciam em piquetes com jaraguá (Hyparhenia rufa) e pernoitavam no aprisco.

O cálculo demonstrativo da viabilidade econômica para produção de borregos oriundos de ovelhas suplementadas no terço final da gestão está anexo na Tabela 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho o sexo não foi estatisticamente significante (ao nível de 5% de probabilidade) no peso ao nascer, diferindo do trabalho desenvolvido por Girão et al. (1999), citado por Perez et al. (2004), no qual os machos foram mais pesados.

A suplementação das ovelhas no terço final da gestação influenciou no peso ao nascer dos borregos (P £ 0,01). A comparação dessas médias foi realizado com teste de Tukey (P £ 0,05) e conforme tabela 2, anexo, observa-se que as médias de peso dos animais filhos de ovelhas suplementados são maiores.

Observa-se na tabela 1 que é economicamente viável a suplementação das ovelhas no terço final de gestação levando-se em conta o peso ao nascer dos borregos.

CONCLUSÕES

O sexo dos borregos não interferiu no peso ao nascer .

A suplementação no terço final da gestação das ovelhas interferiu no peso ao nascer dos borregos, sendo que os filhos de animais suplementados foram significativamente mais pesados. Novas pesquisas deveram ser feitas para avaliar se ocorre ganho compensatório, até o desmame, dos borregos que nascem com menor peso, pois é levantada uma hipótese de que os animais com maior peso ao nascer sejam desmamados com maior peso, por motivo da maior conversão alimentar ocorrer nos primeiros meses de vida.

A relação custo-benefício da suplementação no terço final de gestação das ovelhas é favorável ao produtor.

REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:

PÉREZ,J.R; CARVALHO,P.A; PAULA,O. J. DE. Aspectos relacionados com a produção de carne ovina, Palestra do anais do VI encontro internacional de zootecnia e V encontro nacional de zootecnia, zootec 2004.

FILHO,A.BONA; C.OTTO; L.F.BRONDANI; J.L.SÁ ; R.S.YADA; C.S.SOTOMAIOR. Efeitos da utilização de diferentes níveis de sais calcicos de ácidos graxos no desempenho de ovelhas no pós-parto, Revista do Setor de Ciências Agrárias, Curitiba, v.13(1-2), p.111-117. 1994. Ed. da UFPR.

ANEXOS

Tabela 1. Cálculo demonstrativo da viabilidade econômica para produção de borregos oriundos de ovelhas suplementadas no terço final da gestão.

Caracterização

Demonstrativo Produtivo

Demonstrativo Econômico

1-Suplementação no terço final:

500g p/animal/dia durante 30dias

Custo: R$ 6,15

2-Ganho em peso:

Diferença dos borregos suplementados: 1.2Kg por borrego.

Receita da diferença considerando o Kg de ovino beneficiado: R$ 12,00

3-Ganho final do produto c/ suplementação:

Diferença: 2-1

Lucro de R$ 5,85 por ovelha oriunda da suplementação.

Tabela 2. Peso ao nascer de borregos oriundo de ovelhas suplementadas ou não no terço final da gestação, 2003, MA.

Característica

Borregos

No de observações

Peso Médio (kg)

Peso Borregos suplementados

8

3,28a

Peso Borregos Não suplementados

23

2,08b

Média

2,38

Valores seguidos por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si (Tukey, P £ 0,05).