AVALIAÇÃO DE ARTRÓPODES DE SOLO EM FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris) GENETICAMENTE MODIFICADO E CONVENCIONAL

BATISTA, V. C. S.1,2,3, QUINTELA, E. D. 3 LEMES, A. C. O.1,2,3, PINHEIRO, P. V. 3

1 Secretaria C & T de Goiás / SECTEC, Av. 1º radial CEP 74820-300, Goiânia, GO

2 Conselho Nacional de C&T / CNPQ, W 3N, Ed. Bittar II, Brasília DF

3 Embrapa Arroz e Feijão, CP 179 CEP 75.375-000, Sto. Ant. Goiás, GO e-mail: valeria@cnpaf.embrapa.br

Palavras-chave: Feijão trangênico, Vírus do mosaico dourado, macrofauna do solo, pitfalls

Introdução

O Vírus do Mosaico Dourado do Feijoeiro (VDMF), transmitido pela mosca branca Bemisia tabaci biótipo B, é uma das principais doenças do feijoeiro. Em algumas regiões, vem inviabilizando essa cultura no período de janeiro a março (plantio da seca), principal época de plantio dos pequenos produtores. Como não existe resistência natural a essa doença, a Embrapa desenvolveu uma cultivar de feijão modificada por engenharia genética para resistência ao VMDF. As plantas transgênicas de feijoeiro estão no momento na décima geração, apresentando o mesmo comportamento de resistência à doença (Aragão & Faria, 2004) e até o momento não foram observadas alterações no fenótipo.

Como o solo é um ambiente onde vivem muitas espécies de artropodes, alguns deles considerados pragas agrícolas, é importante conhecer o impacto dessa tecnologia na dinâmica populacional de artrópodes que habitam esse ecossistema.

Objetivos

Avaliar o nível populacional de artrópodes de solo em feijoeiro geneticamente modificado e convencional, a campo.

Materiais e Métodos

 

O plantio de feijão cultivar Olathe Pinto (convencional) e Olathe Pinto linhagem M1 – 4 (trangênico), foi realizado em 24/03/2004, no espaçamento de 50 cm, em parcelas de 3 linhas com 3 m de comprimento cada. Foram realizadas 10 repetições por tratamento. Após a emergência, foram instaladas armadilhas tipo pitfalls formadas por potes plásticos ( 9 cm de diâmetro x 15 cm de altura) e um vidro no centro ( 3 cm diâmetro x 8 cm de altura), contendo álcool 70%, dentro do qual foi encaixado um funil de plástico, para a captura dos artrópodes. Semanalmente foram instaladas duas armadilhas por parcela, enterradas ao nível do solo, que permaneceram na área por dois dias. Os artrópodes capturados foram separados e conservados em álcool 70% para posterior identificação.

Resultados e Discussão

Foram capturados nas armadilhas artrópodes das classes Aracnida, Diplopoda e Insecta (Tabela 1), sendo estes das ordens Hymenoptera (Formicidae, Vespidae), Coleoptera (Chrysomelidae, Scarabaeidae, Carabidae, Bruchidae), Isoptera (Termitidae), Hemiptera ( Alydidae, Cicadellidae ), Orthoptera ( Acrydidae, Gryllidae), Dermaptera ( Forficulidae ) e Diptera.

Entre os insetos capturados nas armadilhas, as principais ordens encontradas foram Hymenoptera, maior número de indivíduos (Figura 1) e Coleoptera, maior número de espécies (Figura 2). Os predadores coletados em maior numero foram as aranhas, mas também foram capturadas tesourinhas, vespas e callidas (Figura 3). A ocorrência de artrópodes coletados nos pitfalls foi estatisticamente semelhante nas parcelas com plantas transgênicas e não transgênicas, em todas as datas de amostragem.

Tabela 1. Classificação dos artrópodes capturados nas armadilhas em parcelas de feijão transgênico e não transgênico.

Classe

Ordem

Familia

Nº espécies

Grupo1

Insecta

Coleoptera

Chrysomelidae

2

F

Scarabaeidae

1

D

Carabidae

3

P

Bruchidae

2

F

Dermaptera

Forficulidae

1

P

Isoptera

Termitidae

1

F

Orthoptera

Acrydidae

2

F

Gryllidae

1

F

Hymenoptera

Formicidae

3

F

Vespidae

1

P

Hemiptera

Alydidae

1

F

Cicadellidae

1

F

Aracnida

Aranea

Lycosidae

3

P

Diplopoda

Juliformia

Julidae

1

D

1 Grupos dos nichos ecológicos: P = predador; F = fitófago; D = detritívoro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1. Número médio de espécies de formigas capturadas em armadilhas de solo em feijoeiro trangênico e não transgênico.

Figura 2. Número médio de insetos por família capturados em armadilhas de solo em feijoeiro transgênico e não transgênico.

 

 

Figura 3. Número médio de inimigos naturais capturados em armadilhas de solo em feijoeiro transgênico e não transgênico.

 

 

 

 

 

Conclusão

Não foram observadas diferenças estatísticas entre o feijão transgênico e o convencional quanto a ocorrência de artrópodes. Este estudo refere-se ao primeiro plantio de feijão geneticamente modificado e deverá ser confirmado em novos plantios a campo.

Referências

ARAGÂO, F.L. L & FARIA, J. C. Obtenção de feijoeiro resistente ao vírus do mosaico dourado. Prêmio Péter Murányi 2004. Associação Nacional de Biossegurança:

http://www.anbio.org.br/noticias/francisco_aragao.htm