DANOS DE Neomegalotomus parvus ( HEMIPTERA : ALYDIDAE ) EM FEIJOEIRO Phaseolus vulgaris

BATISTA, V. C. S.1,2,3; QUINTELA, E. D. 3; LEMES, A. C. O.1,2,3; PINHEIRO, P. V. 3

1 Secretaria C & T de Goiás / SECTEC, Av. 1º radial CEP 74820-300, Goiânia, GO

2 Conselho Nacional de C&T / CNPQ, W 3N, Ed. Bittar II, Brasília DF

3 Embrapa Arroz e Feijão, CP 179 CEP 75.375-000, Sto. Ant. Goiás, GO e-mail: valeria@cnpaf.embrapa.br

Palavras-chave : Nematospora corylii; mancha de levedura; Heteroptera

 

Introdução

O percevejo Neomegalotomus parvus (Hemiptera: Alydidae), conhecido como manchador de grãos, é considerado praga secundária da cultura da soja, mas na região central do Brasil têm aumentado significativamente em lavouras de feijão com ocorrência em São Paulo, Minas Gerais e Goiás (Quintela, 2002).

Os adultos são insetos ágeis e voadores rápidos. Os machos apresentam coloração marrom clara e as fêmeas são escuras, possuindo um abdome maior.

Por se alimentarem dos grãos com a introdução do aparelho bucal nas vagens, danificam diretamente os tecidos, tornando as sementes chochas e enrugadas, reduzindo o peso e afetando a qualidade e a produção dos grãos. N. parvus pode infectar as sementes de feijão transmitindo a mancha de levedura causada pelo fungo Nematospora corylii. Segundo Panizzi (1988), é possível que muitos danos ocorridos em soja, no Brasil, atribuídos aos pentatomídeos, podem ter sido causados pela atividade alimentar de N. parvus.

Como o nível de controle dessa praga em feijoeiro ainda não é conhecido, é importante quantificar o dano causado para recomendação de controle. Esse trabalho teve objetivo de avaliar o dano causado por N. parvus em grãos de feijão, em diferentes fases da formação das vagens.

 

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antonio de Goiás. No primeiro experimento, plantas de feijão, cultivar Pérola, foram individualizadas por gaiolas nas fases de vagem recém-formada (canivete), vagem com grãos cheios (enchimento) e vagens secas, infestadas com 0 ,1, 2, 3 e 4 insetos adultos por planta, por um período de 10 dias, em cinco repetições por tratamento. Diariamente realizou-se a reposição dos insetos mortos. Após a colheita, avaliou-se o número de sinais de alimentação por grão, peso dos grãos e porcentagem de grãos danificados. Foram atribuídas notas de 0, 25, 50, 75 e 100% de grãos danificados com base na porcentagem da área do grão com mancha de levedura. No segundo experimento, avaliou-se o dano causado por machos e fêmeas adultos na fase de enchimento de grãos, utilizando-se 4 insetos por planta por um período de 10 dias.

 

Resultados e Discussão

Os percevejos causaram maior dano aos grãos na fase de vagem recém-formada, seguida por grãos cheios e secos (Figura 1). O peso médio dos grãos reduziu significativamente com o aumento do número de percevejos ( Figura 2). Com relação à porcentagem de dano nas sementes, apenas o tratamento com quatro percevejos foi significativamente diferente da testemunha na fase de vagens secas ( Figura 3). Observou-se que as fêmeas causaram maior dano às sementes do que os machos (Tabela 1).

Tabela 1. Número médio de furos por semente e porcentagem de sementes danificadas por fêmeas e machos de N. parvus. Médias seguidas pela mesma letra não são diferentes pelo teste de Tukey a 5%.

Tratamentos

Sementes danificadas %

Nº médio de furos /sementes

Fêmeas

Machos

97,72 ± 0,045 a

60,79 ± 0,34 a

11,35 ± 2,11 a

5,81 ± 5,8 b

Testemunha

0,0 ± 0,0 b

0,0 ± 0,0 c

Figura 1. Sinais de alimentação de Neomegalotomus parvus em grãos de feijãoem diferentes fases de formação de vagens. Médias dos tratamentos seguidas pela mesma letra, por fase das vagens, não são estatisticamente diferentes pelo teste de Tukey a 5%.

Figura 2. Peso médio de grãos atacados por N. parvus em três fases de formação das vagens. Médias dos tratamentos seguidas pela mesma letra, por fase das vagens, não são estatisticamente diferentes pelo teste de Tukey a 5%.

 

 

 

 

 

 

Figura 3. Porcentagem de dano nas sementes atacadas por N. parvus. Médias dos tratamentos seguidas pela mesma letra, por fase das vagens, não são estatisticamente diferentes pelo teste de Tukey a 5%.

Conclusão

 

O percevejo causou maior dano aos grãos na fase de vagem recém-formada seguida por grãos cheios e secos. O peso médio dos grãos reduziu significativamente com o aumento do número de percevejos, aumentando os sinais de alimentação pelos percevejos. As fêmeas causaram um maior número de sinais de alimentação e reduziram significativamente o peso dos grãos quando comparado aos machos. A porcentagem de área do grão com levedura foi maior nos grãos em que as fêmeas se alimentaram e nas vagens em fase de canivete.

 

 

Referências

 

QUINTELA, E. D. ; Manual de identificação dos insetos e outros invertebrados pragas do feijoeiro. Documentos 142, CNPAF, 51 p, Dezembro, 2002.

QUINTELA, E. D. ; Manejo integrado de Pragas do Feijoeiro. Circular Técnica, 46, 1º edição, CNPAF, Dezembro, 2001.

SANTOS, C. H. ; PANIZZI, A. R. ; Danos qualitativos causados por Neomegalotomus parvus Westwood em sementes de soja. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, 27 (3), p. 387-393, 1998.

 

Instituição de fomento: Embrapa Arroz e Feijão, CNPq, SECTEC