ETIOLOGIA DA MASTITE BOVINA SUBCLÍNICA DA REGIÃO DE JATAÍ/GO E SUSCETIBILIDADE À DROGAS ANTIMICROBIANAS

FONTANA, V. L. D. S.1, PRAÇA, B. N. L.2, FREITAS, T. F.3, BALLESTERO, T. C.3, GOMES, F. A. S.3, NETO, J. T. N.3, PASQUIM, L. M.3, MACHADO, C. T.4, BONFIM, L. S.5, PRADO, L. F.5, ASSIS, A. P.5

Unidade Acadêmica onde o trabalho foi desenvolvido: Centro de ciência Agrárias e Biológicas/Campus de Jataí/Universidade Federal de Goiás

E-mail (do autor principal): cassiovera@ibest.com.br

Palavras chaves: mastite subclínica, bovinos, suscetibilidade

INTRODUÇÃO

A mastite bovina é uma enfermidade que atinge os rebanhos leiteiros em todo o mundo, causando perdas consideráveis na produção de leite, gastos com medicamentos, descarte e morte de animais. Vários microorganismos, entre bactérias, fungos e algas estão incluídos entre os agentes causadores da mastite bovina. Um total de 137 espécimes microbiana tem sido isolado de glândulas mamárias de bovinos (Carter et al., 1995). Entre estes, Staphylococcus aureus é reconhecido como um dos agentes mais freqüentemente isolados de infecções (Nader Filho et al., 1983). Segundo Smith & Hogan (1993), outros agentes etiológicos de importância são E. coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Streptococcus agalactiae e S. uberis, além da Prototheca spp., esta última apontada por Costa (1998). A forma subclínica da mastite, quando comparada com a mastite clínica, é a principal responsável pela diminuição da produção de leite, uma vez que representa 82% de perdas (Costa, 1998). Spinosa et al. (2002) citam um estudo realizado no Brasil em uma população de 2.208 vacas leiteiras, no qual estimou-se um custo médio de US$ 317,38/vaca/ano. Diante do aumento do rebanho leiteiro bovino na região de Jataí- Sudoeste de Goiás e tendo em vista a importância das mastites e o desconhecimento dos principais agentes infecciosos da mastite e seu perfil de sensibilidade as drogas antimicrobianas nesta região, este trabalho objetivou isolar os principais agentes etiológicos e traçar um perfil de sensibilidade aos microrganismos isolados de amostras de leite provenientes de vacas com mastite subclínica de oito propriedades rurais da cidade de Jataí.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas em 8 propriedades rurais da região de Jataí/GO, oitenta amostras de leite, provenientes de trezentos e noventa e seis vacas no terço intermediário da lactação, sem tetos perdidos, das raças holandesas pretas e brancas, com predominância de animal mestiço com zebuínos (Gir e Nelore). Para identificação de vacas com mastite subclínica utilizou-se o "California Mastitis Test " (C.M.T.), segundo SHALM & NOORLANDER (1957), considerando-se os quartos mamários positivos com escore 3+. As colheitas das amostras de leite foram efetuadas de acordo com os procedimentos recomendados pelo National Mastitis Council. Após as coletas, os materiais foram acondicionados em caixas isotérmicas com gelo e levados ao Laboratório de Bacteriologia do CCAB/CAJ/UFG. No laboratório, as amostras de leite foram semeadas sobre as superfícies de Ágar Sangue de carneiro a 5%, Ágar MacConkey (Osbaldiston, 1975) e Ágar Sabourand dextrose com cloranfenicol (Lacaz et al., 1998). As placas foram incubadas a 37º C por 24 a 48 horas nos meios para isolamento de bactérias e a 25º C por 10 dias para os fungos. Os microrganismos foram submetidos aos testes convencionais de identificação bacteriana (Osbaldiston, 1975; Baron et al., 1994) e fúngica (Lacaz et al,1998).

A sensibilidade dos isolados aos antimicrobianos foi determinada a partir da técnica de difusão (Bauaer & Kirby, 1986) em placas de Ágar Mueller-Hinton,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram examinadas 396 animais que estavam aptos a realização do C.M.T., dos quais 49 animais apresentaram positividade a este teste, com um total de 80 tetos positivos. Como pode ser observado na Tabela 1.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No laboratório foram seguidas as metodologias propostas isolando-se 105 tipos de microrganismos, que foram: 43 amostras de Staphylococcus spp., 16 de Streptococcus spp., 32 de E. coli, 11 de Bacillus spp. e 3 de Candida spp..

Os resultados da avaliação do teste de sensibilidade em relação às cepas de microrganismos isolados estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Número e porcentagem de cepas resistentes e sensíveis aos antimicrobianos testados, isolados de leite C.M.T. positivos.

Gêneros

N0 cepas

Staphylococcus spp.

43

N %

Streptococcus spp.

16

N %.

E. coli

32

N %

Bacillus spp.

11

N %

Candida spp.

03

N %

SXT S

22 51,2

12 75,0

21 65,6

4 36,4

0 00

SXT R

8 18,6

1 6,3

6 18,7

7 63,6

3 100

CLO S

25 58,1

11 68,7

14 43,7

4 36,4

0 00

CLO R

7 16,3

2 12,5

11 34,4

7 63,6

3 100

P S

5 11,6

6 37,5

00 00

4 36,4

0 00

P R

36 83,7

8 50,0

32 100

7 63,6

3 100

S S

16 37,2

12 75,0

18 56,3

5 45,5

0 00

S R

9 21,0

1 6,3

8 25,0

0 00

3 100

GEN S

39 90,7

16 100

26 81,3

7 63,6

0 00

GEN R

0 00

0 00

6 18,7

4 36,4

3 100

AX S

7 16,3

7 43,7

1 3,10

0 00

0 00

AX R

19 44,2

4 25,0

12 37,5

7 63,6

3 100

NOR S

32 74,4

14 87,5

25 78,1

11 100

0 00

NOR R

7 16,3

2 12,5

6 18,7

0 00

3 100

VA S

20 46,5

6 37,5

1 3,10

11 100

0 00

VA R

21 48,3

10 62,5

31 96,9

0 00

3 100

TE S

14 32,5

5 31,3

1 3,10

4 36,4

0 00

TE R

19 44,2

8 50,0

26 81,3

6 54,5

3 100

CEP S

20 46,5

9 56,3

18 56,3

4 36,4

0 00

CEP R

4 9,3

3 18,7

7 21,9

0 00

3 100

SXT = sulfametazol com trimetropim, CLO = Cloranfenicol, P = Penicilina, S = Estreptomicina, GEN = Gentamicina, AX = Amoxicilina, NOR = Norfloxacina, VA = Vancomicina, TE = Tetraciclina, CEP = Cefoperazona, S = Sensível e R = Resistente.

Os resultados intermediários foram omitidos

CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARON, E. J. et al. Diagnostic Microbiology. In: Micrococcaceae: Staphilococci, Micrococci and Stomatococci. 9 th. Ed. Mosbly. Cap. Micrococcaceae, p. 321-332, 1994.

BAUAER, A. W.; KIRBY, W. M.M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am. J. Pathol., v. 45, p.493-496, 1986.

CARTER, G, R.. et al.. Essentials of Veterinary Microbiology. 50 th. Ed. Williams & Wilkins. Cap. 10, p. 115-120, 1995.

COSTA, E. O. Importância da mastite na prodção leiteira do país. Revista Educação Continuada-CRMV-SP, v.1, n.1, p.3-9, 1998.

LACAZ, C.S. et al. Guia para identificação de fungos: actinomicetos e algas. 3.ed. São Paulo: SARVIER/FAPESP, 1998. 445p.

NADER FILHO, A; et al. Mastite subclínica em rebanhos produtores de leite tipo B. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.; v.35, n.5, p. 621-630, 1983.

OSBALDISTON, G. W. Técnicas de laboratório em bacteriologia clínica veterinária. Zaragoza: Acribia, 1975. 130 p.

SCHALM, O. W.; NOORLANDER, D. O. Experiments and observations leading to development of the California Mastitis Test. J. Am. Vet. Med. Ass.; v. 130, n.5. p. 199-204, 1957.

SMITH, K. L.; HOGAN, J. S. Environmental mastitis. Vet. Clin. N. Amer.; Food Anim. Pract.; v.9, p.489-498, 1993.

SPINOSA, H. S. et al. Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 752 p.

O projeto conta com o apoio da empresa de medicamentos veterinários Shering-Plough Coopers, representada pelo promotor técnico da Região Sudoeste de Goiás, médico veterinário Célio Timo Machado, dos Médicos Veterinários da Empresa Cooperativa COMIGO, e com auxílio financeiro e uma bolsa de pesquisa da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Jataí-GO, para o acadêmico do Curso de Medicina Veterinária do CAJ/CCAB/UFG, Filipe Augusto Sales Gomes.