Avaliação da susceptibilidade de eqüídeos à anemia infecciosa eqüina em função da sua utilidade e idade
BALLESTERO, T. C.; ANDRADE, M. G. S.; MOURA, M. I.; ANDRADE, H. J. M.; BANYS, V. L.; MOREIRA, C. N.
Universidade Federal de Goiás, Campus de Jataí, Curso de Medicina Veterinária
e-mail:
cissanm@yahoo.com.brPalavras-chave: agar-gel; imunodifusão; prevalência; retroviridae.
INTRODUÇÃO
Dentre as enfermidades mais importantes do rebanho eqüídeo, destaca-se a Anemia Infecciosa Eqüina (AIE), que é uma doença infecto-contagiosa, causada por um Lentivírus da família Retroviridae, tendo como disseminador os insetos hematófagos do gênero Tabanidae (Issel & Coggins, 1979; Issel et al., 1988), além de fômites (instrumentos cirúrgicos, agulhas, arreios, materiais), secreções corporais (saliva, sêmen) e sangue contaminado (Blood & Radostitis, 2001). Tal enfermidade pode ser inaparente, forma subclínica, ou pode manifestar-se sob a forma de vários surtos, forma clínica. Não há tratamento para eliminar o estado de carreador, por isso, todos os animais acometidos são carreadores do retrovírus da AIE por toda a vida (Smith, 1994).
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a susceptibilidade de diferentes espécies de eqüídeos, no período de 1999 a 2002, adotando como variáveis a utilidade e a idade animal, buscando conhecer a situação real dos rebanhos utilizados na pecuária da região Sul do Estado do Pará e entorno, e produzindo uma fonte de pesquisa e avaliação.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados os dados obtidos da coleta de sangue de animais no período de 1999 a 2002, totalizando 5.060 eqüídeos avaliados estatisticamente segundo as variáveis utilidade e idade animal. Os dados foram divididos de acordo com as faixas etárias: 18 a 59 meses (categoria 1), de 60 a 119 meses (categoria 2) e acima de 120 meses (categoria 3), correspondendo a 1.633, 2.634 e 793 animais, respectivamente. Quanto à utilidade, os animais foram divididos em 3 grupos: 1.631 animais para fins reprodutivos, 3.055 para serviço a campo e 374 para esporte.
Todas as amostras de sangue para a realização dos exames foram coletadas por um médico veterinário, utilizando tubos de vacutainer com agulha dupla face. Os exames foram realizados imediatamente após a coleta do material, empregando a prova de imunodifusão em agar-gel a 1 % para detecção de anticorpos, com resultado após 48 horas.
Os dados foram submetidos ao teste de Qui-quadrado (animal soropositivo ou soronegativo) utilizando o pacote computacional SAS (Statistical ...,1985) para a comparação entre as utilidades e as faixas etárias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total, 10,42 % dos animais apresentaram-se soropositivos, sendo 11,75 % pertencentes a categoria 1; 9,04 % a categoria 2 e 7,07 % a categoria 3. De acordo com a análise estatística, verificou-se que a maior prevalência de animais positivos se encontra na faixa de 18 a 59 meses (p < 0,01). Estes resultados discordam do estudo desenvolvido por Santos et al. (2002), que constataram que a AIE ocorre em maior proporção nos animais mais velhos ou em torno de 120 meses de idade. Também Bittencourt et al. (2002) e Granzoti, (1982), observaram maior freqüência de AIE em animais mais velhos e justificaram o resultado pelo fato dos animais estarem constantemente relacionados com a historia natural da doença, que entre outras características, apresenta quadro de evolução insidiosa crônica, sendo o animal portador por longo período.
Em relação à utilidade, obteve-se percentual de soropositivos de 15,63 % nos animais destinados à reprodução; 8,18 % nos animais de trabalho a campo e 4,55 % naqueles com fins esportivos. Assim, constata-se que a maior freqüência ocorreu em eqüídeos destinados a reprodução (p < 0,01).
Segundo Santos et al. (2002), em estudo realizado no Estado do Acre, a maior freqüência de soropositivos ocorreu em animais de trabalho a campo por estes estarem expostos a diversas atividades, enquanto que a menor freqüência ocorreu em eqüídeos de elite.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que, quanto à utilidade, os animais para fins reprodutivos representaram maior prevalência, provavelmente devido a maior exposição ao agente causal, neste caso, o coito durante o período de monta e, quanto a faixa etária, a categoria de animais entre 60 a 119 meses apresentou a maior incidência de AIE.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. BITTENCOURT, A. J.; BRITO, S. N.; AZEVEDO, F. D.; CASTRO B. G. de; BADINI, P. V.; MORAES, A. P. R. Frequency of equine infectious anaemia in equines on Rio de Janeiro State highways. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, Seropédica, v. 24, p.194-197. 2002.
2. BLOOD, D. C. & RADOSTITS, O.M. Clínica veterinária. 7.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1991. 674-677p.
3. GRANZOTI, M. Anemia infecciosa eqüina: alguns aspectos epidemiológicos no Estado de Mato Grosso do Sul. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1982. (Seminário).
4. ISSEL, C.J., COGGINS, L. Equine infectious anemia: Current knowledge. J. Am. Vet. Med. Assoc., v.174, p. 727-733, 1979.
5. ISSEL, C.J., RUSHLOW, K.E., FOIL, L.D. et al. A perspective on equine infectious anemia with emphasis on vector transmission and genetic analysis. Veterinary Medicine Micobiology, v.17, p.251-286. 1988.
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7. SMITH, B. P. Tratado de medicina interna de grandes animais. São Paulo: Editora Manole, 1994. 1067p.