CONCENTRAÇÃO E ACÚMULO DE NUTRIENTES (NPK) CRISÂNTEMO (Dendranthema grandiflora T.) NO INVERNO

PIRES, L. L.1, FERNANDES, E.P., LEANDRO, W.M., LIMA, E.M.F., NASCIMENTO, A.R., OLIVEIRA, L. F. C.

1Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, UFG. larissa@agro.ufg.br

Palavras-chave: nutrição mineral, plantas ornamentais, floricultura, Salmon Reagan

INTRODUÇÃO

No Brasil, a profissionalização e o dinamismo comercial da floricultura são fenômenos relativamente recentes. No entanto, a atividade já contabiliza números extremamente significativos. O Estado de Goiás concentra suas exportações de flores e plantas ornamentais para o Japão e planeja promover a melhoria do atendimento de seu próprio mercado.

Segundo o sistema de classificação de Cronquist (1981), o crisântemo (Asteraceae) é uma das espécies mais cultivadas e comercializadas na Europa, Japão, Estados Unidos e Brasil (Silveira, 1998), destacando-se pela beleza de suas inflorescências, diversidade de cores, tamanhos, formatos e adaptabilidade às diversas condições de cultivo (Lima & Haag, 1989).

Um dos principais problemas para o desenvolvimento da floricultura brasileira é a falta de informações técnicas, principalmente quanto à nutrição e adubação nas condições edafoclimáticas tropicais. Os produtores, normalmente, utilizam doses de nutrientes desbalanceadas, comprometendo o potencial de produção e a qualidade das plantas ornamentais.

OBJETIVOS

Este trabalho objetivou avaliar a concentração e acúmulo de NPK e a produção de matéria seca pela cultura de crisântemo, em diferentes partes da planta da variedade Salmon Reagan, no período de inverno (maio a agosto de 2003), na propriedade "Sítio Fiore Mio", Santo Antônio de Goiás, GO.

MATERIAL E MÉTODO

As plântulas enraizadas de Dendranthema grandiflorum foram adquiridas de São José do Rio Preto (SP), com 30 dias de idade, já tratadas com AIB. Foram transplantadas para canteiros com 4,2 m2 de área útil e densidade de plantio de 80 plântulas/m2. Foram distribuídos 133 g/m2 de yorim, acrescidos de 150 g/m2 de 05:25:15, antes do transplantio. Foi feita fertirrigação por gotejamento aos 15 dias após o plantio, aplicando-se nitrato de cálcio (20 g/m2) no ciclo da cultura, alternando-se sulfato de potássio (30g/m2) e nitrato de potássio (30 g/m2) a cada 15 dias. A irrigação foi realizada diariamente, por aspersão na primeira semana de plantio, e por gotejamento até o final do ciclo.

As plantas expostas a dias longos, com uso de iluminação artificial (lâmpadas incandescentes - 60 watts), das 23:00 às 2:00 horas, durante os primeiros 30 dias. Após esse período, foram aplicados dias curtos (11:00 horas de luz natural) até iniciarem a abertura dos botões florais.

Os tratamentos constituíram-se de seis épocas de coleta (45, 60, 75, 90, 105 e 120 dias de idade da planta), usando-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Após a colheita, as plantas foram separadas em hastes, folhas e inflorescências, avaliando-se a produção de matéria seca e concentrações de NPK extraídos, em função da idade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância para fitomassa apresentou diferença significativa para as folhas, hastes e inflorescências, épocas e suas respectivas interações (Tabela 1).

Tabela 1. Teste F e coeficiente de variação (CV) da variedade de crisântemo Salmon Reagan, para fitomassa e extração de nutrientes (NPK) na folha, haste e inflorescência, em seis épocas de desenvolvimento das plantas, no inverno.

Causa da variação

Nutrientes extraídos (kg.ha-1)

Fitomassa (kg.ha-1)

N

P

K

Órgãos (O)

Épocas (E)

O*E

CV (%)

** Significativos a 1% de probabilidade, pelo teste F.

A produção de matéria seca (hastes>folhas>inflorescências) aumentou com o desenvolvimento da planta, especialmente após 80 dias (Figura 1). Semelhantemente, Camargo et al. (2001) obtiveram maior produção de matéria seca nas hastes do que nas flores e folhas.

A absorção dos nutrientes durante o desenvolvimento vegetal (Figura 2) foi proporcional à produção de matéria seca total (Figura 1), uma vez que existe uma relação direta entre os níveis de nutrientes utilizados e o total exportado (Camargo et al., 2001). Os nutrientes apresentaram o mesmo comportamento em termos de quantidades extraídas, tendo os seus teores aumentados com o final do ciclo (K>N>P) (Figura 2). Isto concorda com a extração de macronutrientes e com a alta exigência de K pelas plantas da família Asteraceae (González & Bertsch, 1989)

A extração de nutrientes apresentou comportamento semelhante ao da produção de fitomassa, tendo sido maior nas hastes, seguidas pelas folhas e inflorescências (Figura 2). Estes resultados podem estar relacionados à produção de matéria seca, concentração de nutrientes em cada órgão e, ainda, com a mobilidade destes nutrientes, para serem translocados das folhas para as hastes.

 

Figura 1. Fitomassa seca total, das hastes, folhas e inflorescências, da variedade Salmon Reagan de crisântemo, em seis épocas de desenvolvimento da planta, no inverno.

Figura 2. Nutrientes extraídos em diferentes partes (total, haste, folhas e inflorescência) da variedade Salmon Reagan de crisântemo, em seis épocas de desenvolvimento da planta no inverno.

CONCLUSÕES

A demanda de NPK pela variedade de crisântemo Salmon Reagan varia com a idade e órgão da planta, no período do inverno. O conhecimento das necessidades nutricionais do crisântemo pode auxiliar no manejo racional da cultura quanto ao fornecimento de nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARGO, M.S.; CARMELLO, Q.A.C.; RUSCHEL, J. & TSUMANUMA, G.M. Avaliação da nutrição e da produção de Aster ericoides cultivar White master, em estufa comercial. In Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v.7, n.2, p.101-108, 2001.

CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering plants. New York: Columbia University Press, 1981. 1262p.

GONZÁLEZ, P., BERTSCH, F. Absorcion de nutrimentos por el crisantemo (Chrysantemum morifolium) var. ‘Super White’ durante su ciclo de vida en invemadero. Agronomia Costarricense, v.13, n.1, p.51-60, 1989.

LIMA, A.M.P.L., HAAG, P. Absorção de macronutrientes pelo crisântemo (Chrysantemum morifolium) cultivar Golden polaris. In: HAAG, H.P., MINAMI, K., SILVEIRA, R.B.A. Avaliação da qualidade de crisântemos (Dendranthema grandiflora T) produzidos em diferentes regiões do Estado de São Paulo. Piracicaba. 114p. (Tese de doutorado)

ÓRGÃO DE FOMENTO: CNPq