ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM FUNÇÃO DA ROTAÇÃO DE CULTURAS NO SISTEMA SANTA FÉ EM PLANTIO DIRETO(1).
(2)CUNHA, E. de Q., (3)LEANDRO, W. M., (4)STONE, L. F., (5)ALVES, H. M., (6)BARROS, T. L., (7)BALBINO, L. C
(1)Parte da dissertação de mestrado realizada na UFG/Embrapa Arroz e Feijão do primeiro autor; (2) Engenheiro Agrônomo e Mestrando do curso de Produção vegetal UFG/GO, Cx. 131 CEP 74970-000, Bolsista do CNPq, euraimi@yahoo.com.br; (3)Prof. Dr. Nutrição Mineral de plantas e fertilidade do solo na Escola de Agronomia UFG/GO; (4)Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão; (5) Graduando em Zootecnia UCG/GO; (6)Zootecnista UCG/GO; (7)Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Ph.D e Dr. em Física do solo, orientador.
Introdução
Bergamin et al. (2002) relatam que ausência da ação de máquinas e equipamentos, associada à elevada cobertura do solo e matéria orgânica na mata afetam diretamente de forma positiva as propriedades físicas do solo.
Segundo Stone & Silveira (2001), o plantio direto após três ou quatro anos apresentou maiores valores de densidade do solo e microporosidade, e menores valores de macroporosidade e porosidade total, quando comparado ao preparo convencional, principalmente devido ao trânsito de máquinas e implementos agrícolas. Corrêa (1985) verificou que o solo sob plantio direto, em relação ao sob preparo convencional, apresentou menores valores de macroporosidade e porosidade total na camada superficial.
Segundo Stone & Silveira (2001), a rotação de culturas, pela inclusão de espécies com sistema radicular agressivo e pelo aporte diferenciado de matéria seca como as braquiárias, também pode alterar as propriedades físicas do solo. A intensidade da alteração depende do tempo de uso do solo com lavoura, do número de culturas por ano e das espécies cultivadas.
Este trabalho teve o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes sistemas de rotação de culturas em plantio direto na densidade, microporosidade, macroporosidade e porosidade total do solo.
Material e métodos
O estudo foi conduzido na área experimental da Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão, município de Santo Antônio de Goiás, GO. O solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico, com composição granulométrica de 614,4 g de argila, 77,5 g de silte e 306,8 g de areia kg-1 de solo. O ensaio foi implantado a partir da safra 2000/2001, em sistema plantio direto. O experimento envolve o cultivo solteiro de culturas anuais e a sua associação com braquiária (Brachiaria brizantha, cv. Marandu). Foram testadas quatro diferentes rotações de culturas e uma testemunha, mata nativa, fase Cerradão, a 500 metros do ensaio, no delineamento de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas pelas rotações de cultura e as subparcelas pelas profundidades de amostragem. As rotações foram: S1 - arroz solteiro/feijão solteiro irrigado/milho solteiro/feijão solteiro irrigado/soja solteira/ feijão solteiro irrigado; S2 - arroz+braquiária/feijão solteiro irrigado/milho+braquiária/feijão solteiro irrigado/soja+braquiária/feijão solteiro irrigado; S3-milho solteiro/feijão solteiro irrigado/soja solteira/feijão solteiro irrigado/soja solteira/ feijão solteiro irrigado; S4-milho+braquiária/feijão solteiro irrigado/soja+braquiária/feijão solteiro irrigado/soja+braquiária/feijão solteiro irrigado. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se os pacotes estatísticos SAS (Statistical Analysis System, 1999).
A amostragem foi realizada na entressafra de 2003, no pleno florescimento do feijoeiro irrigado. Foram retiradas amostras de solo com estrutura indeformada pelo método do anel volumétrico, utilizando-se três anéis em cada profundidade, em trincheiras de 0,80 m x 0,80 m, nas profundidades de 0 – 10, 10 – 20, 20 – 40 e 40 – 60 cm, para avaliação da densidade de partículas, densidade do solo, microporosidade, macroporosidade e porosidade total, determinadas segundo a metodologia proposta por Embrapa (1997).
Resultados e discussão
Na Figura 1 e Tabela 1 são apresentados os resultados dos atributos físicos do solo nos cinco tratamentos e nas quatro profundidades amostradas, após três safras de exploração do solo. Os sistemas de rotação não diferiram estatisticamente entre si em relação aos parâmetros avaliados. De maneira geral, independentemente da profundidade e do sistema de rotação, a testemunha (mata) apresentou os menores valores de densidade do solo e os maiores valores de macroporosidade e porosidade total, corroborando com os resultados de Bergamin et al. (2002).
Figura 1. Densidade o solo e porosidade total em diversas camadas de um Latossolo Vermelho distrófico, sob diferentes sistemas de rotação de culturas em plantio direto.
Segundo Balbino (2001), os solos com teores de argila superiores ou iguais a 70% e desenvolvidos a partir de metasedimentos e tufitos apresentam densidades do solo inferiores a 1 Mg m-3, sendo relativamente constante no perfil do solo. No entanto, os solos com teores de argila inferiores a 70% apresentam densidades do solo superiores e varáveis no perfil, concordando com os valores de densidade de solo apresentados na Figura 1.
Após o desmatamento, observa-se, via de regra, um aumento da densidade do solo. A macroporosidade é a primeira a ser afetada por estas transformações, com uma evolução marcada nos horizontes superficiais do solo (Balbino, 2001), corroborando com os dados abordados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores médios de microporosidade e macroporosidade em diversas camadas de um Latossolo Vermelho distrófico, sob diferentes sistemas de rotação de culturas em plantio direto(1).
Sistemas de rotação |
||||||
Camada (cm) |
Microporosidade ------------------------------ (m3 m-3) ---------------------------- |
C.V (%) |
||||
S1 |
S2 |
S3 |
S4 |
Mata |
||
0 – 10 |
34,04 aA |
33,83 aA |
33,58 aA |
31,95 bA |
32,29 aA |
8,13 |
10 – 20 |
35,52 aA |
32,36 aA |
34,67 aA |
36,39 aA |
30,92 aA |
9,91 |
20 – 40 |
38,37 aA |
35,50 aAB |
35,07 aAB |
36,83 aAB |
30,56 aB |
8,78 |
40 – 60 |
36,49 aA |
34,05 aA |
36,51 aA |
37,26 aA |
32,33 aA |
13,14 |
C.V (%) |
5,52 |
14,53 |
7,62 |
5,18 |
16,13 |
|
Macroporosidade -------------------------------- (m3 m-3) ----------------------------- |
C.V (%) |
|||||
S1 |
S2 |
S3 |
S4 |
Mata |
||
0 – 10 |
16,25 aB |
15,58 aB |
21,68 aAB |
19,69 aAB |
29,49 aA |
23,39 |
10 – 20 |
12,65 aB |
12,75 aB |
14,34 aB |
12,09 bB |
27,60 aA |
23,74 |
20 – 40 |
10,45 aB |
10,95 aB |
13,97 aB |
11,47 bB |
29,29 aA |
22,12 |
40 – 60 |
14,61 aA |
17,46 aA |
15,96 aA |
14,86 abA |
26,76 aA |
30,92 |
C.V (%) |
27,69 |
36,63 |
32,93 |
22,54 |
19,87 |
(1) Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Conclusão
Os sistemas de rotação de culturas estudados não diferiram quanto ao seus efeitos nos atributos físicos do solo.
Referências
BERGAMIN, E. M.; FENDT, F. O .; SILVA, A . P. de; CIDIN, A . C. M.; TOMIYOSH JÚNIOR, E. M.; ABREU, S. L. de; SAMPAIO, F. A . R.; SILVA, R. J. S. da. Alterações causadas pela pastagem e sistema agroflorestal na densidade do solo e porosidade total em Argissolo Vermelho distróficos na Amazônia. . XIV Reunião Brasileira de Conservação do Solo e da Água, CD-ROM, Cuiabá, 2002.
BALBINO, L.C. Évolution de la structure et des propriétés hydrauliques dans des Ferralsols mis en prairie Pâturée (Cerrado, Brésil). Paris: INA-PG, 2001. 128p. Thèse doctora.
CORRÊA, J.C. Efeito de métodos de cultivo em algumas propriedades físicas de um Latossolo Amarelo muito argiloso do Estado do Amazonas. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, Brasília, v.20, n.11 p.1317-1322. 1985.
EMBRAPA SOLOS. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Embrapa Centro Nacional de Ciência do Solo. 2.ed. Rio de Janeiro,1997. 212p.
STATISTICAL. ANALYSIS SYSTEM INSTITUTE, Inc. SAS/STAT procedure guide for personal computers, Version 5. SAS Institute, Inc., Cary, NC, USA. 1999.
STONE, L.F.; SILVEIRA, P.M. DA. Efeitos do sistema de preparo e da rotação de culturas na porosidade e densidade do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.25, n.2, p.395-401, 2001.