CINÉTICA DA DEGRADAÇÃO RUMINAL IN SITU DA MATÉRIA SECA DOS RESÍDUOS E FOLHA DA PALMEIRA DE GUARIROBA (Syagrus oleracea)

OLIVEIRA, e. r.1, parreira, e. t.2, Orsine, g. f.3, ferraz, H. T.2, LOPES, D. T.2, PASCOAL, L.M.2, MACEDO, E. P.2, RAMOS, R. DE C.2, REZENDE, S. L. S.2, SILVEIRA, C. E. A. H. 2

UFG/ Escola de Veterinária/ Departamento de Produção Animal

 

1 Pesquisador/Professor Prodoc/CAPES/UFG, Campus II/Samanbaia/ UFG, CP 131, CEP: 74001-970, Goiânia-GO; reuter@vet.ufg.br

2 Estudantes de Graduação, UFG/GO, Campus II/Samanbaia/ UFG, CP 131, CEP: 74001-970, Goiânia-GO

3 Professora Adjunta, Escola de Veterinária/UFG, Campus II, Goiânia-GO, CEP:74001-970, CP:131

 

Palavras-chave: Desaparecimento da matéria seca, gueiroba, ruminantes.

Introdução: A suplementação de bovinos de corte é uma estratégia utilizada cuja flexibilidade advem da variação de parâmetros zootécnicos, bem como dos econômicos de cada região onde a pecuária se insere. A necessidade de se buscar alternativas para a alimentação animal, e especialmente para a alimentação de ruminantes, leva-nos a buscar nos resíduos agrícolas e agroindustriais uma possibilidade economicamente viável, visando também o aproveitamento desses produtos transformando-os em proteína animal. A guariroba é uma palmeira nativa do cerrado, de cultivo bastante fácil e que tornou-se uma fonte de renda alternativa e lucrativa e com grande tendência de crescimento do mercado para seu palmito, principalmente com a implementação da indústria extrativa no Estado de Goiás.

A técnica de degradabilidade in situ é utilizada para determinar a quantidade de nutrientes degradados no rúmen pelos microrganismos e gerar dados para as tabelas de alimentos.

Objetivo: Avaliar a degradação in situ da matéria seca das folhas e resíduos da guariroba a fim de sua utilização na alimentação de ruminantes.

Material e Métodos: Foram utilizados três bovinos machos, castrados, providos de cânulas ruminais. As amostras das folhas foram coletadas em propriedade produtora de guariroba enquanto os resíduos do processamento do palmito foram obtidos na indústria ¨Guariroba Cunha¨, ambas localizadas em Itapuranga, GO. Os tratamentos constituíram de folhas e dos resíduos caracterizados como: Resíduo de Limpeza 1 (RL 1) – protoderme – meristema primário expresso como a parte mais grosseira e, mais externa do palmito; Resíduo de Limpeza 2 (RL 2) – procampe – meristema secundário e o Resíduo de Limpeza 3 (RL 3) – primórdio foliar caracterizado como o revestimento mais interno, em contato direto com a porção comestível, de cor mais escura. Utilizou-se da técnica in situ, segundo recomendações propostas por Nocek (1988), através do uso de sacos de náilon, que mediam 7,0 x 14,0 cm, com porosidade aproximada de 60 µ. Amostras moídas das folhas e resíduos da limpeza da Guariroba foram colocadas nos sacos, na quantidade que proporcionou uma relação aproximada de 20mg de MS/cm2 de superfície. Os sacos foram então incubados no rúmen por 0, 3, 6, 12, 24, 36, 48, 72 e 96 horas. Assumiu-se uma taxa de passagem da digesta para o duodeno de 5% por hora, k=0,05 (Orskov e McDonald, 1979). A degradabilidade da matéria seca das amostras incubadas in situ foi calculada a partir da diferença entre as quantidades incubadas e os resíduos após a incubação. Para a estimativa dos parâmetros (a, b e c) dos modelos não lineares de degradação dos alimentos foi utilizada a equação proposta por Orskov e McDonald (1979).

Resultados e Discussão: Na tabela 1, verifica-se que os valores dos nutrientes das folhas e resíduos de limpeza (RL) 1, 2 e 3 da guariroba são próximos aos encontrados nas forragens de média qualidade.

Tabela 1- Composição bromatológica das folhas e resíduos industriais da guariroba

Itens

Folhas

RL1

RL 2

RL3

%MS (total)

34,43

19,18

21,53

15,03

% PB

10,40

3,28

2,90

4,97

% FDN

53,12

61,30

61,05

54,21

% FDA

38,92

43,96

43,29

35,89

% EE

2,31

0,33

0,28

0,22

% MM

7,57

7,71

6,87

9,59

Pode-se observar, na tabela 2, que as frações solúveis foram elevadas, em torno de 27,3 % para folhas e 31,6 % para os resíduos. Possivelmente, a perda de partículas pelos poros dos sacos ocasionou os altos valores observados. O resíduo de limpeza 3 apresentou os maiores valores para a degradabilidade efetiva (DE) da matéria seca em relação aos resíduos 1 e 2 e as folhas. Provavelmente, os nutrientes estão menos disponíveis nos resíduos 1 e 2 por se tratar de um material rico em fibras lignificadas e das folhas serem de origem de palmeira e apresentarem o mesmo comportamento. Segundo Van Soest (1994) existe um estreito relacionamento entre a concentração da lignina na parede celular e a degradabilidade da matéria seca em forragens. Os valores para a degradabilidade efetiva dos materiais estudados são próximos aos encontrados por Pinto et al. (1998) que ao avaliarem as cultivares do gênero Panicum obtiveram valor médio de 42,0 %.

TABELA 2 Valores médios das frações solúvel ‘a’ e insolúvel potencialmente degradável ‘b’, taxa de degradação ‘c’, fração não degradável (FI), degradabilidade potencial (DP) e degradabilidade efetiva (DE) para a matéria seca (MS) dos resíduos da Guariroba incubados no rúmen.

Tratamentos

a

b

c

R2

FI

DP

DE

% %

%/h

%

% %

%

Folhas

27,27

21,36

7,03

93,4

51,36

48,64

39,76

RL1

27,67

29,31

3,79

98,6

43,02

56,98

40,31

RL2

29,28

26,05

6,35

95,5

44,67

55,33

43,85

RL3

37,73

35,33

4,24

89,6

26,94

73,06

53,95

 

Conclusão: O material estudado apresentou valores para a degradabilidade efetiva da matéria seca próximos aos encontrados para forragens, viabilizando sua utilização na alimentação de ruminantes.

Referências Bibliográficas:

1. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: a review. Journal of Dairy Science, Champaign, v.71, n.8, p.2051-2069, Aug. 1988.

2. ORSKOV, E.R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science, Cambridge, v.92, n.1, p.499-503, Mar. 1979.

3. PINTO, A.A.; LAVEZO, F.J.; CECATO, U.; RIBEIRO, C.R.; MACHADO, R.M.Erro! Indicador não definido.

4. VAN SOEST, P.J.Nutritional ecology of the ruminant. Cornell University Press, Ithaca, NY.1994.

 

 

 

Órgão de Fomento: Pesquisa financiada pela Indústria Pupunha, Itapuranga-GO